Acoroadeossosdourados,
umromancedesanguee
cinzas
PorJenniferL.Armentrout
Copyright2021JenniferL.Armentrout
ISBN:978-1-952457-24-1
PublicadopelaBlueBoxPress,umamarcadaEvilEyeConcepts,Incorporated
Todososdireitosreservados.Nenhumapartedestelivropodeserreproduzida,digitalizadaoudistribuídaemqualquerformatoimpressooueletr?nicosempermiss?o.N?oparticipeouincentiveapiratariademateriaisprotegidospordireitosautoraisemviola??odosdireitosdoautor.
Estaéumaobradefic??o.Nomes,lugares,personagenseincidentess?oprodutosdaimagina??odoautores?ofictícios.Qualquersemelhan?acompessoasreais,vivasoumortas,eventosouestabelecimentosémeracoincidência.
Descri??odolivro
ACoroadeOssos
DouradosUmromancede
sangueecinzasJenniferL.
Armentrout
Curve-sediantedesuarainhaousangrediantedela…
Daautorabest-sellerdoNewYorkTimes,JenniferL.
Armentrout,vemoterceirolivrodesuasérieBloodandAsh.
Elafoiavítimaeasobrevivente
PoppynuncasonhouqueencontrariaoamorqueencontroucomoPríncipeCasteel.Elaquersedeleitarcomsuafelicidade,masprimeiroelesdevemlibertarseuirm?oeencontraradela.éumamiss?operigosaecomconsequênciasdelongoalcancenemsonhadas.PorquePoppyéaEscolhida,aAben?oada.OverdadeirogovernantedaAtlantida.ElacarregaosanguedoReidosDeusesdentrodela.Pordireito,acoroaeoreinos?odela.
Oinimigoeoguerreiro…
Poppysemprequiscontrolarsuaprópriavida,n?oavidadeoutraspessoas,masagoraeladeveescolherabandonarseudireitodeprimogenituraoutomaracoroadouradaesetornaraRainhadaCarneedoFogo.Mas,àmedidaqueospecadossombrioseossegredosencharcadosdesanguedosreinosfinalmentes?odesvendados,umpoderhámuitoesquecidosurgepararepresentarumaamea?agenuína.Eelesn?ov?opararpornadaparagarantirqueacoroanuncaassentenacabe?adePoppy.
Umamanteecompanheirodecora??o
Masamaioramea?aparaeleseparaAtlantiaéoqueaesperanoextremooeste,ondeaRainhadeSangueeAshtemseusprópriosplanos,queelaesperoucentenasdeanospararealizar.PoppyeCasteeldevemconsideraroimpossível–viajarparaasTerrasdosDeuseseacordaroprópriorei.
Econformeossegredoschocanteseastrai??esmaisdurasvêmàtona,eosinimigossurgemparaamea?artudoporquePoppyeCasteellutaram,elesdescobrir?oatéondeest?odispostosairporseupovo–eunspelosoutros.
EagoraelasetornaráRainha…
SobreJenniferL.Armentrout
Aautorano1doNewYorkTimeseInternationalBestseller,Jennifer,moraemShepherdstown,WestVirginia.Todososrumoresquevocêouviusobreseuestadon?os?overdadeiros.Quandoelan?oestátrabalhandoduroescrevendo.elapassaseutempolendo,assistindoafilmesdezumbisrealmenteruins,fingindoescreveresaindocomseumarido,oc?opolicialaposentadoK-9Diesel,umfilhotedeBorderJackmalucochamadoApollo,seisalpacasjulgadoras,quatroovelhasfofaseduascabras.
Seussonhosdesetornarumaautoracome?aramnaauladeálgebra,ondeelapassavaamaiorpartedotempoescrevendocontos…oqueexplicasuasnotasruinsemmatemática.Jenniferescreveparanormalparajovensadultos,fic??ocientífica,fantasiaeromancecontemporaneo.ElafoipublicadacomTorTeen,EntangledTeenandBrazen,Disney/HyperioneHarlequinTeen.SeulivroWickedfoiadquiridopelaPassionflixeprogramadoparacome?araserfilmadonofinalde2018.SeuromancedesuspenseromanticoparajovensadultosDON’TLOOKBACKfoiindicadoem2014comoMelhoremFic??oparaJovensAdultosporYALSAeseuromanceOPROBLEMACOMFOREVERéumRITAde2017Romancepremiado.
ElatambémescreveromancesparanormaisecontemporaneosparaAdultoseNovosAdultossobonomedeJ.Lynn.ElaépublicadapelaEntangledBrazeneHarperCollins.
TambémdeJenniferL.Armentrout
Cliqueparacomprar
Caircomigo
Sonhocomvocê(um1001Niescuroghts
Novella)Parasemprecomvocê
Fogoemvocê
PorJ.Lynn
Esperarpor
vocêFique
comigoStay
Comigo
Umromancedesanguee
cinzas
Desangueecinzas
Aparentadogdomdecarnee
fogoACoroadeOssos
Dourados
TheCovenantSeries
Meio-
sangue
Puro
Deity
Elixer
UMApol
lyon
Sentinel
a
TheLuxSeries
Sombras
Obsidiana
Sobreyx
Oamigo
OriGin
Oposi??o
Esquecime
nto
TheOriginSeries
TheDarkestStar
TheBurningShadow
TheDarkElements
Amargodoceamor
BeijoQuente
BrancoStoneCold
TouchSemprey
últimaRespira??o
TheHarbingerSeries
Tempestadeepeley
Raivaeruína
Umromance
detit?O
retornoO
poderThe
StruggleO
profissionalfi
ctícia
Umromanceperverso
Malvad
o
Rasgad
o
Corajo
so
Opríncipe(umaNoveladeNoites
Negrasde1001)TheKing(umaNovela
deNoitesNegrasde1001)Arainha(um
1001NiescuroghtsNovella)
GambleBrothersSeries
Temptingomelhor
homemTemjogandoo
jogadorTemptingo
guarda-costas
SériederomancesAde
VincentMoonlilutar
contraospecados
Moonlilutasedu??o
MoonliLutaEscandalos
Romancesaut?nomos
Obsess?o
Sexgid
Queimad
a
Amaldi?
oado
N?oolhepara
trásTheDead
ListAtéamorte
Oproblemaparasempre
Sen?ohouveramanh?
Antologias
Conhe?aFofo
LifeInsideMyMind
Fiftyprimeirasvezes
Agradecimentosdoautor
ObrigadoaLizBerry,JillianSteineMJRose,queseapaixonaramporessespersonagensepelomundotantoquantoeu.ObrigadoaomeuagenteKevanLyoneaChelleOlson,KimGuidroz,aequipedaBlueBoxPress,JennWatsoneminhaassistenteStephanieBrownporseutrabalhoárduoeapoio.MegaagradecimentosaoHangLeporcriarcapast?olindas.UmgrandeobrigadoaJenFisher,MalissaCoy,StaceyMorgan,Lesa,JRWard,LauraKaye,AndreaJoan.SarahMaas,BrigidKemmerer,KATucker,Tijan,VonettaYoung,MonaAwademuitosoutrosquemeajudaramamanterasanidadeeoriso.ObrigadoàequipeARCporseuapoioeanáliseshonestas,eumgrandeobrigadoaJLAndersporseromelhorgrupodeleitoresqueumautorpodeter,eaoBloodandAshSpoilerGroupportornarafasedeelabora??ot?odivertidaetotalmenteincrível.
Nadadissoseriapossívelsemvocê,leitor.Obrigada.
índice
Descri??esdo
livroop??oSobreJenniferL.
Armentrout
TambémdeJenniferL.Armentrout
ReconhecidogmentsdoautorDedica??o
M?ep
ChapterumChapter
doisChaptertrês
Chapterquatro
Chaptercinco
ChapterSixChapter
seteChapterOito
Chapternove
ChapterdezChapter
onzeChapterdoze
Chaptertreze
Chapterquatorze
Chapterquinze
Chapterdezesseis
Chapterdezessete
Chapterdezoito
Chapterdezenove
Chaptervinte
Chaptervinteeum
Chaptervinteedois
Chaptervinteetrês
Chaptervinteequatro
Chaptervinteecinco
Chaptervinteeseis
Chaptervinteesete
Chaptervinteeoito
Chaptervinteenove
Chaptertrinta
Chaptertrintaeum
Chaptertrintaedois
Chaptertrintaetrês
Chaptertrintae
quatroChaptertrinta
ecincoChaptertrinta
eseisChaptertrintae
seteChaptertrintae
oitoChaptertrintae
noveChapter
quarentaChapter
quarentaeum
Chapterquarentae
doisChapter
quarentaetrês
Chapterquarentae
quatroChapter
quarentaecinco
Chapterquarentae
seisChapterquarenta
eseteChapter
quarentaeoito
Chapterquarentae
noveChapterFifty
DescubraTheSummerKingTrilogy
Descubra1001DarkNiGhtsCollection
Seven
DescubraomundodaBlueBoxPresse1001DarkNights
Sobrigadoespecial
Dedica??o
Dedicadoaosheróis–osprofissionaisdasaúde,socorristas,trabalhadoresessenciaisepesquisadoresquetrabalharamincansáveleincansavelmenteparasalvarvidasemanterlojasabertasemtodoomundo,comgranderiscoparasuasprópriasvidaseasdeseusentesqueridos,obrigado
Mapa
Paraverumavers?ocoloridadomapamundial,cliqueaqui!
Capítulo1
“Abaixemsuasespadas,”aRainhaEloanaordenou,seucabelobrilhandocomoum?nixbrilhanteaosolquandoelaafundouemumjoelho.
Aemo??ocruaqueemanavadelainfiltrou-senoch?odoTemplodasCamarasdeNyktos,amargaequente,comgostodeangústiaeumaespéciederaivaindefesa.Eleseestendeuemminhadire??o,cutucandominhapeleero?andoessa…coisaprimitivadentrodemim.“Eincline-sediantedo…
diantedoúltimodescendentedosmaisantigos.ElaquecarregaosanguedoReidosDeusesdentrodela.Curve-sediantedesuanovaRainha.”
OsanguedoReidosDeuses?Suanovarainha?Nadadissofaziasentido.N?osuaspalavrasouquandoelatirouacoroa.
Umarespira??omuitofracaqueimouminhagargantaenquantoeuolhavaparaohomemparadoaoladodaRainhadaAtlantia.Acoroaaindaestavanacabe?adecabelosdouradosdorei,masosossospermaneceramdeumbrancodesbotado.NadacomooreluzenteedouradoqueaRainhacolocouaospésdaestátuadeNyktos.Meuolharsaltousobreascoisasterríveisequebradasespalhadassobreospisosbrancos,outroraimaculados.
Eufizissocomeles,adicionandoseusangueaoquehaviacaídodocéu,preenchendoasfinasfissurasnomármore.Eun?oolheiparaissoouparaqualqueroutrapessoa–cadapartedomeuserfocadanele.
Elepermaneceuemumjoelho,olhandoparamimporentreoVdasespadasqueelecruzousobreopeito.Seucabeloúmido,preto-azuladoàluzdosolatlante,cresciacontraapelecordeareiadesuatesta.Overmelhoriscavaaquelasma??sdorostoaltaseangulares,acurvaorgulhosadesuamandíbulaedesciapeloslábiosqueumdiaquebrarammeucora??o.Lábiosquejuntaramaquelescacosquebradoscomaverdade.Olhosbrilhantesedouradossefixaramnosmeus,eatémesmosecurvaramdiantedemim,t?oimóvelqueeun?otinhacertezaseelerespirava,eleaindamelembravaumdosselvagenseimpressionantementebelosgatosdascavernasqueeuumavezvienjauladonopaláciodaRainhaIleanacomoumfilho.
Elefoimuitascoisasparamim.Umestranhoemumasalamaliluminadaquefoimeuprimeirobeijo.Umguardaquejuroudaravidapelaminha.UMA
amigoqueolhoualémdovéudaDonzelapararealmentemeverporbaixo,quemeentregouumaespadaparameprotegeremvezdemefor?araumagaioladourada.Umalendaenvoltaemtrevasepesadelosqueconspiraramparametrair.Umpríncipedeumreinoqueseacreditatersidoperdidonotempoenaguerra,quesofreuhorroresinimagináveiseaindaconseguiuencontrarospeda?osdequemelecostumavaser.Umirm?oquefariaqualquercoisa,cometeriaqualquera??oparasalvarsuafamília.Seupovo.
Umhomemquedesnudousuaalmaedesnudouseucora??oparamim–esomenteparamim.
Meu
primeiro.
Meuguarda.
Minha
amiga.
Meutraidor.
Meu
parceiro.
Meumarido.
Minhaalma
gêmea.
Meutudo.
CasteelDa’Neercurvou-sediantedemimeolhouparamimcomoseeufosseaúnicapessoaemtodooreino.N?opreciseimeconcentrarcomoantesparasaberoqueeleestavasentindo.Tudooqueelesentiaestavatotalmenteabertoparamim.Suasemo??eseramumcaleidoscópiodesaboresemconstantemuta??o–frescoeácido,pesadoepicanteedocecomofrutasvermelhasmergulhadasemchocolate.Aqueleslábiosinflexivelmentefirmeseimplacavelmentetenrossesepararam,revelandoapenasasugest?odepresasafiadas.
“MinhaRainha,”elerespirou,eaquelasduaspalavrasesfuma?adasacalmaramminhapele.Amelodiadesuavozsufocouacoisaantigadentrodemimquequeriapegararaivaeomedoqueirradiavadetodososoutrosedistorcê-los,devolvê-los,realmentedar-lhesalgoparatemereadicionaràscoisasestilha?adasjogadasnoch?o.Umladodeseuslábiossecurvoueumacovinhaprofundaapareceuemsuabochechadireita.
Tontodealívioaoveraqueleirritantementeestúpido–eadorável
–simples,meucorpointeiroestremeceu.Eutemiaquequandoelevisseoqueeutinhafeito,eleficariacommedo.Eeun?opoderiaculpá-loporisso
Oqueeutinhafeitodeveriaaterrorizarqualquerum,masn?oCasteel.O
calorquetransformouseusolhosnacordemelaquecidomedissequeo
medoeraacoisamaisdistantedesuamente.Oquetambémeraumpoucoperturbador.MaseleeraoEscuro,gostassedeserchamadoassimoun?o.
Umpoucodochoquediminuiueaadrenalinapulsantediminuiu.E
quandosaiu,percebiqueestavamagoada.Meuombroeoladodaminhacabe?a
latejava.Oladoesquerdodomeurostoestavainchado,eisson?otinhanadaavercomasvelhascicatrizesali.Umadorsurdapulsouemminhaspernasebra?os,emeucorpoficouestranho,comosemeusjoelhosestivessemenfraquecendo.Eubalanceinabrisaquenteesalgada–
Casteelselevantourapidamenteeeun?odeveriaterficadosurpresacomoqu?orápidoelesemoveu,maseuaindaestava.Emumpiscardeolhos,elepassoudeajoelhadoparadepé,umpémaispertodemim,eváriascoisasaconteceramaomesmotempo.
OshomensemulheresatrásdospaisdeCasteel,osqueusavamasmesmastúnicasbrancasecal?aslargasdosqueestavamdeitadosnoch?o,tambémsemoveram.Aluzrefletiunasbra?adeirasdouradasqueadornavamseusbícepsenquantoeleserguiamasespadas,aproximando-sedospaisdeCasteel,protegendo-os.Algunspegaramasbestasamarradasàscostas.Elestinhamqueserguardasdealgumtipo.
Umgrunhidorepentinodeadvertênciaveiodomaiorloboqueeujávi.
OpaideKieraneVonettaestavaàminhadireita.JasperoficializouocasamentoentreCasteeleeuemSpessa’sEnd.EleestavaláquandoNyktosmostrousuaaprova??omudandobrevementeodiaparaanoite.Masagora,oslábiosdoloboemtonsdea?oseabriram,deixandoàmostraosdentesquepodiamrasgaracarneequebrarossos.EleeralealaCasteel,eaindaassimoinstintomedissequen?oeramapenasosguardasqueeleavisou.
Outrorosnadoveiodaminhaesquerda.Nassombrasdaárvoredesanguequebrotoudeondemeusanguehaviacaídoedepoiscresceuatéumaalturaenormeemsegundos,umlobocordecastanhorastejouemminhalinhadevis?o,acabe?abaixaeolhosazuisinvernaisiridescentes.
Kieran.EleolhouparaCasteel.Eun?oentendiaporquequalquerumdelessecomportariadessamaneiracomoPríncipe,masespecialmentecomKieran.EleestavaligadoaCasteeldesdeonascimento,comainten??odeobedecê-loeprotegê-loatodocusto.MaseleeramaisdoqueumloboligadoaCasteel.Eleseramirm?os,sen?oporsangue,ent?oporamizade,eeusabiaqueelesseamavam.
Nomomento,nadasobreamaneiracomoasorelhasdeKieranestavampresasparatrásera
amoroso
Ainquieta??opassoupormimenquantoKieranafundava,osmúsculoselegantesdesuaspernastensosenquantoelesepreparavaparaatacar…
Casteel.
Meuest?magodespencou.Isson?oestavacerto.Nadadissoestavacerto.“N?o,”eumurmurei,minhavozroucaequaseirreconhecível,mesmoparaosmeusouvidos.
Kierann?opareceumeouvirouseimportar.Seeleestivesseagindonormalmente,euteriaapenasassumidoqueeleestavatentandomeignorar,masisso
Eradiferente.Eleeradiferente.Seusolhosestavammaisbrilhantesdoqueeumelembravadetervisto,eelesn?oestavamcertosporqueeles…elesn?oeramapenasazuisagora.Suaspupilasbrilhavamdeumbrancoprateado,umaauraquevazavaemfiosfinosatravésdoazul.Minhacabe?avirouparaJasper.Seusolhostambémhaviammudado.Eujátinhavistoaquelaluzestranhaantes.FoioqueminhapelefezquandocureiaspernasquebradasdeBeckett–omesmobrilhoprateadoqueirradiavademimminutosantes.
IcyrajadasdesurpresapercorreramCasteelenquantoeleolhavaparaolobo,eent?oeusenti…alívioirradiardele.
“Todosvocêssabiam.”AvozdeCasteelseencheudeadmira??o,algoqueninguématrásdelesentiu.Atéosorrisofácilestavaausentedoatlanteruivo.Emilolhouparanóscomosolhosarregalados,transmitindoumadosesaudáveldemedo,assimcomoNaill,quesemprepareciatotalmenteimperturbávelportudo–mesmoquandoestavaemmenornúmeronabatalha.
Casteellentamenteembainhouasespadasaoladodocorpo.Comasm?osvazias,eleasmanteveabaixadas.“Todosvocêssabiamquealgoestavaacontecendocomela.éporissoque…”Eleparou,suamandíbulaendureceu.
Váriosdosguardasmoveram-separaafrentedoreiedarainha,cercando-oscompletamente-Umchoquedepelosbrancosdisparouparafrente.Delanopuxouoraboparatrásenquantobatiaaspatasnomármore.Eleergueuacabe?aeuivou.Osomestranho,masbonito,levantouosminúsculospelosportodoomeucorpo.
Aolonge,ossonsfracosdelatidoselatidosrespondiam,ficandomaisaltosacadasegundo.AsfolhasdasárvoresaltasemformadeconequeseparamoTemplodaEnseadadeSaiontremeramquandoumestrondoecooudosoloabaixo.Pássarosdeasasazuiseamarelasal?aramvoodasárvores,espalhando-sepelocéu.
“Putamerda.”Emilvoltou-separaosdegrausdoTemplo.Elealcan?ouasespadasaoladodocorpo.“Elesest?oconvocandoamalditacidadeinteira.”
“éela.”Acicatrizprofundacortandoatestadolobomaisvelhosedestacoutotalmente.Adescren?apotenteroloudeAlastirenquantoeleestavaforadocírculodeguardasqueseformouemtornodospaisdeCasteel.
–N?oéela–Casteeldisparoudevolta
–Masé,–ReiValynconfirmouenquantoolhavaparamimcomum
rostoqueCasteelumdiasetornaria.“Elesest?orespondendoaela.éporissoqueaquelesnaestradaconoscomudaramsemavisoprévio.Elaoschamou.”
“Eu…eun?oligueiparaninguém,”eudisseaCasteel,avozfalhando.
“Eusei.”OtomdeCasteelsuavizouquandoseusolhosseencontraramcomosmeus.
“Maselafez,”suam?einsistiu.“Vocêpoden?operceber,masvocêosconvocou.”
Meusolhosdispararamparaelaesentimeupeitoapertar.Elaeratudoqueeuimagineiqueam?edeCasteelfosse.Esplêndido.Régio.Poderoso.
Calmaagora,mesmoenquantoelapermaneciaajoelhada,mesmoquandoelameviupelaprimeiravezeexigiudofilho–Oquevocêfez?Oquevocêtrouxedevolta?Euvacilei,temendoqueessaspalavrasficassemcomigopormuitotempodepoisdehoje.
Asfei??esdeCasteelseacentuaramquandoolhosdouradosvarrerammeurosto.“Seosidiotasatrásdemimrealmentelargassemsuasespadasemvezdeerguê-lascontraminhaesposa,n?oteríamosumacol?niainteiradelobosprestesacairsobrenós,”elemordeufora.“Elesest?oapenasreagindoàamea?a.”
“Vocêestácerto,”seupaiconcordouenquantogentilmenteguiavasuaesposaaficardepé.Osangueencharcouojoelhoeabainhadeseuvestidolilás.“Maspergunteasimesmoporqueseulobovinculadoestáprotegendoalguémquen?osejavocê.”
“Eurealmenten?opoderiameimportarmenosnomomento,”Casteelrespondeuquandoosomdecentenas–sen?omais–depatasbatendonaterraficouaindamaisperto.Elen?opodiaestarfalandosério.Eletinhaqueseimportar,porqueessaeraumaperguntamuitoboa.
“Vocêprecisasepreocupar,”suam?eadvertiu,umlevetremoremsuavozfirme.“Osla?osforamquebrados.”
Osla?os?Comasm?ostremendo,meusolhosarregaladossevoltaramparaosdegrausdoTemplo,paraondeEmillentamenterecuou.Naillestavacomasespadasnasm?osagora.
“Elaestácerta,”Alastirproferiu,apeleaoredordesuabocaparecendoaindamaisbranca.“Euposso…eupossosentir–onotamPrimal.Suamarca.Bonsdeuses.”Suavoztremiaquandoeletrope?ouparatrás,quasepisandonacoroa.“Elesest?otodosquebrados.”
Eun?otinhaideiadoqueeraumnotam,masemmeioàconfus?oeaopanicocrescente,haviaalgoestranhonoqueAlastirhaviadeclarado.Sefosseverdade,ent?oporqueelen?oestavaemsuaformadelobo?Eraporqueelejáhaviaquebradoseuvínculodelobocomoex-reideAtlantiatodosaquelesanosatrás?
“Olheparaosolhosdeles,”aRainhaordenousuavemente,apontandooqueeutinhavisto.“Euseiquevocên?oentende.Existemcoisasquevocê
nuncaprecisouaprender,Hawke.”Suavozfalhouent?o,engrossandocomousodeseuapelido–umnomequeeuumavezacrediteisernadamaisdoqueumamentira.“Mas
oquevocêprecisasaberagoraéqueelesn?oservemmaisàlinhagemelemental.Vocên?oestáseguro.Porfavor,”elaimplorou.“Porfavor.
Ou?a-me,Hawke.”
“Como?”Euresmunguei.“Comoovínculopoderiaquebrar?”
“Isson?oimportaagora.”OambardosolhosdeCasteeleraquaseluminoso.“Vocêestásangrando”,disseele,comoseessafosseaquest?omaisimportanteemquest?o.
Masn?ofoi.“Como?”Eurepeti.
“éoquevocêé.”Am?oesquerdadeEloanaenrolou-senasaiadeseuvestido.“Vocêtemosanguedeumdeusemvocê-”
“Eusoumortal,”eudisseaela.
Umaespessamechadecabeloescurocaiudeseunóquandoelabalan?ouacabe?a.“Sim,vocêémortal,masdescendedeumadivindade–
osfilhosdosdeuses.TudooqueéprecisoéumagotadosanguedeDeus…
”Elaengoliuemseco.“Vocêpodetermaisdoqueapenasumagota,masoqueestáemseusangue,oqueestáemvocê,substituiqualquerjuramentoqueoslobostenhamfeito.”
Lembrei-meent?odoqueKierantinhamecontadoemNewHavensobreoslobos.Osdeusesderamaosloboskiyououtroraselvagensaformamortalparaservircomoguiaseprotetoresparaosfilhosdosdeuses–asdivindades.OutracoisaqueKierancompartilhoueexplicouarea??odaRainha.
MeuolhardisparouparaacoroadeitadapertodospésdeNyktos.Umagotadesanguededivindadeusurpouqualquerreivindica??oaotronoatlante.
Oh,deuses,haviaumaboachancedeeurealmentedesmaiar.Ecomoissoseriaconstrangedor?
OolhardeEloanamudouparaascostasrígidasdofilho.“Vocêchegapertodela?Agoramesmo?Elesver?ovocêcomoumaamea?aparaela.
Elesv?otedespeda?ar.”
Meucora??ogaguejouatéparardepanico.Casteelpareciaquepoderiafazerexatamenteisso.Atrásdemim,umdoslobosmenoresavan?ou,latindoemordendooar.
Cadamúsculodomeucorpoficoutenso.“Casteel-”
“Tudobem.”OsolhosdeCasteelnuncadeixaramosmeus.“NinguémvaimachucarPoppy.Eun?ovoupermitirisso.”Seupeitosubiucomumarespira??oprofundaepesada.“Evocêsabedisso,certo?”
Eubalanceiacabe?aquandocadarespira??oveiomuitorápida,muitosuperficial.Foiaúnicacoisaqueentendinomomento.
“Estátudobem.Elesest?oapenasprotegendovocê.”Casteelsorriu
paramiment?o,masestavatensoetenso.Eleolhouparaaminhaesquerda,paraKieran.“EU
n?oseitudooqueestáacontecendoagora,masvocê–todosvocês–queremmantê-lasegura.Eeusoutudosobreisso.Vocêsabequeeununcaamachucaria.Euiriaarrancarmeuprópriocora??oantesdefazerisso.Elaestáferida.Precisotercertezadequeelaestábemenadavaimeimpedirdefazerisso.”Elen?opiscouenquantosustentavaoolhardeKieran,enquantootrov?odosoutroslobosalcan?avaosdegrausdoTemplo.“Nemmesmovocê.Qualquerumdevocês.Euvoudestruircadaumdevocêsqueestáentreelaeeu.”
OrosnadodeKieranseaprofundou,eumaemo??oqueeununcasentideleantesderramouemmim.Eracomoraiva,masmaisantigo.Epareciaqueaquelezumbidonomeusanguetinha.Antigo.Primitivo.
Eemuminstante,eupudevertudosedesenrolandoemminhamentecomoseestivesseacontecendoantesdemim.Kieraniriaatacar.OutalvezfosseJasper.Eutinhavistoquetipodedanoumlobopoderiainfligir,masCasteeln?ocairiafacilmente.Elefariaexatamenteoquehaviaprometido.
Elerasgariatudooqueestavaentreeleeeu.Wolveniriamorrer,eseelemachucasseKieran
–seelefizessepiordoqueisso,osanguedolobon?oestariaapenasnasm?osdeCasteel.Issomarcariasuaalmaatéodiaemquemorresse.
UmaondadelobosatingiuotopodasescadasdoTemplo,tantopequenasquantograndes,emtantascoresdiferentes.Achegadadelestrouxeumconhecimentoaterrorizante.Casteeleraincrivelmenteforteeincrivelmenterápido.Elederrubariamuitos.Maselecairiacomeles.
Elemorreria.
Casteelmorreriaporminhacausa–porquechameiesseslobosen?osabiacomofazerissoparar.Meucora??obatiadeformairregular.UmlobopertodaescadaperseguiuEmilenquantoelecontinuavarecuando.OutrorastreouNaillenquantoelefalavabaixinhocomolobo,tentandoargumentarcomacriatura.OsoutrostinhamseconcentradonosguardasquecercavamoReieaRainha,ealguns…Oh,deuses,váriosdelessearrastaramportrásdeCasteel.Issohaviacaídonocaos,oloboforadocontroledequalquerumdeles…
Eurespireifundoenquantominhamentecorria,selibertandodadoreturbulência.AlgoaconteceudentrodemimparafazeraquelagotadesanguedeDeusquebrarasamarras.Eusubstituíseusjuramentosanteriores,eisso…tinhaquesignificarqueelesagorameobedeciam.
–Pare,–euordeneienquantoKieranatacavaCasteel,cujospróprioslábiosestavamagorapuxadosparatrás.“Kieran!Pare!Vocên?ovaimachucarCasteel.Minhavozseelevouquandoumzumbidosuavevoltouaomeusangue.“Todosvocêsv?oparar.Agora!Nenhumdevocêsvai
atacar.”
Foicomoseuminterruptortivessesidoacionadonamentedolobo.
Umsegundoelesestavamtodosprontosparaatacar,eent?oelesestavamafundandoemsuasbarrigas,abaixandoacabe?aentreaspatasdianteiras.
Euaindapodiasentiraraivadeles,oantigopoder,masjáhaviadiminuído,estavadesaparecendoemondasconstantes
Emilabaixousuaespada.“Isso…issofoioportuno.Obrigadoporisso.”
Umarespira??oirregularmedeixouenquantoumtremorviajouparacimaeparabaixoemmeusbra?os.Quasen?opudeacreditarquefuncionouenquantoexaminavaoTemplo,vendotodososlobosdeitados.Todoomeuserqueriaserebelarcontranovasconfirma??esdoqueaRainhahaviaafirmado,masdeuses,haviaapenasumlimitequeeupoderianegar.Comagargantaseca,olheiparaCasteel.
Elemeencaroucomosolhosarregaladosmaisumavez.Eun?oconseguiarespirar.Meucora??on?odesacelerouosuficienteparaeuentenderoqueeleestavasentindo.
“Elen?ovaimemachucar.Todosvocêssabemdisso,”eudisse,minhavoztremendoenquantoolhavaparaJasperedepoisparaKieran.“Vocêmedissequeeleeraaúnicapessoaemambososreinoscomquemeuestavasegura.Isson?omudou.”
AsorelhasdeKieransecontraírameent?oeleselevantou,recuando.
Elesevirou,cutucandominham?ocomonariz.
“Obrigada,”eusussurrei,fechandomeusolhosbrevemente.
–Sóparavocêsaber–murmurouCasteel,cíliosgrossosabaixadosatéametade–oquevocêacaboudefazer?Disse?Issomefazsentirtodosostiposdecoisastotalmenteinadequadasnomomento.”
Umarisadafracaetrêmulamedeixou.“Háalgot?oerradocomvocê.”
“Eusei.”Oladoesquerdodeseuslábiossecurvouesuacovinhaapareceu.
“Masvocêamaissoem
mim.”Eufiz.Deuses,eu
realmentequeria.
Jaspersacudiuseupeloenquantosuagrandecabe?abalan?avademimparaCasteel.Eleseviroudelado,fazendoumsomásperoebufante.O
outrolobosemoveuent?o,saindodetrásdaárvoredesangue.Euosobserveitrotarpassandopormim–passandoporCasteeleosoutros–
orelhasempéecaudasbalan?andoenquantoelessejuntavamàquelesquedesciamasescadasedeixavamoTemplo.Doslobos,apenasJasper,seufilhoeDelanopermaneceram,easensa??odetens?ocaóticasedissipou.
UmaespessamechadecabeloescurocaiusobreatestadeCasteel.
“Vocêestavabrilhandocomopratanovamente.Quandovocêordenouqueo
loboparasse,”elemedisse.“N?omuito,n?ocomoantes,masvocêpareciaumluarfiado.”
Euestive?Euolheiparaasminhasm?os.Elespareciamnormais.“Eu
…eun?oseioqueestáacontecendo,”eusussurrei,minhaspernastremendo.“Eun?oseioqueestáacontecendo.”Eulevanteimeusolhosparaosdeleeoobserveidarumpassoàfrente,edepoisoutro.N?ohouverosnadosdeadvertência.Nada.Minhagargantacome?ouaqueimar.Eupodiasentir–lágrimasrastejandoemmeusolhos.Eun?oconseguiachorar.
Eun?oiria.Tudojátinhasetornadoumabagun?aosuficientesemeusolu?arhistericamente.Maseuestavat?ocansado.Eumemachuquei,efoialémdofísico.
QuandoentreinestetemplopelaprimeiravezeolheiparaaságuascristalinasdosmaresdeSaion,mesenticomoseestivesseemcasa.Eeusabiaqueascoisasseriamdifíceis.Provarquenossauni?oerarealn?oseriat?odifícilquantoobteraaceita??odospaisdeCasteeledeseureino.Aindaprecisávamosencontrarseuirm?o,opríncipeMalik.Emeu.TínhamosquelidarcomaRainhaeoReiAscensionados.Nadasobrenossofuturoseriafácil,maseutinhaesperan?a.
Agora,eumesentiaumtolo.T?oingênuo.OlobomaisvelhoemSpessa’sEnd,aquelequeeuajudeiacurardepoisdabatalha,tinhameavisadosobreopovodeAtlantia.Elesn?oescolheramvocê.Eagoraeuduvidavaqueelesfariam.
Eurespireifundoesussurrei:“Eun?oquerianadadisso.”Atens?oenvolveuabocadeCasteel.“Eusei.”Suavozeraáspera,masseutoquefoigentilquandoelecolocouapalmadam?osobreabochechaquen?opareciainchada.Eleabaixousuatestanaminha,eochoquedaconsciênciaquesuacarnecontraaminhatrouxeestavalá,ondulandoatravésdemimenquantoeledeslizavasuam?onabagun?aemaranhadadomeucabelo.“Eusei,princesa”,elesussurrou,eeufecheiosolhoscomfor?acontraumaondadelágrimasmaisforte.“Tudobem.Tudovaificarbem.Euteprometoisso.”
Eubalanceiacabe?a,mesmosabendoquen?oeraalgoqueelepudessegarantir.
N?omais.Obriguei-meaengolironódeemo??oquesurgiu.
Casteelbeijouminhatestamanchadadesangueeent?oergueuacabe?a.“Emil?VocêpoderecuperarroupasdoscavalosdeDelanoeKieranparaqueelespossammudaren?odeixarcicatrizesemninguém?”
“Ficareimaisdoquefelizemfazerisso”,respondeuoatlante.
Quaseri.“Euachoqueanudezdelesseráacoisamenoscicatrizantequeaconteceráhoje.”
Casteeln?odissenadaenquantotocavaminhabochechanovamente,inclinandosuavementeminhacabe?aparaolado.Seuolharent?ocaiupara
váriasdaspedrasaindaespalhadasnoch?oaosmeuspés.Ummúsculoestalouaolongodesuamandíbula.Seusolhosseerguerampara
minha,eviquesuaspupilasestavamdilatadas,apenasumafinafaixaambarvisível.“Elestentaramapedrejarvocê?”
Ouviumsuspirosuavequepenseitervindodesuam?e,masn?oolhei.
Eun?oqueriaverseusrostos.Eun?oqueriasaberoqueelessentiamagora.
“ElesmeacusaramdetrabalharcomosAscensionadosemechamaramdeDevoradordeAlmas.Eudisseaelesquen?o.Tenteifalarcomeles.”Aspalavrassaíramcompressaquandolevanteiminhasm?osparatocá-lo,masparei.Eun?osabiaoquemeutoquefaria.Inferno,eunemsabiaoquefariasemtocaremalguém.“Tenteiargumentarcomeles,
n?oseioquefiz…Comeceiaolharporcimadoombro,masCasteelpareciasaberoqueeuprocurava.Elemeparou.“Eun?oqueriamatá-los.”
“Vocêestavasedefendendo.”Suaspupilassecontraíramquandoelepegoumeuolhar.“Vocêfezoquetinhaquefazer.Vocêestavasedefendendo…”
–Maseun?otoqueineles,Casteel,–eusussurrei.“FoicomoemSpessa’sEnd,duranteabatalha.Lembradossoldadosquenoscercaram?
Quandoelescaíram,eusentialgoemmim.Eusentiissodenovoaqui.Eracomosealgodentrodemimsoubesseoquefazer.Eupegueiaraivadeleseeu–eufizexatamenteoqueumDevoradordeAlmasfaria.Eupegueidelesedepoisdevolvi.”
“Vocên?oéumDevoradordeAlmas”,disseaRainhaEloanadealgumlugarn?omuitolonge.“Nomomentoemqueaeatheremseusanguesetornouvisível,aquelesqueatacaramvocêdeveriamsaberexatamenteoquevocêera.Oquevocêé.”
“Eather?”
–éoquealgunschamamdemágica–Casteelrespondeu,mudandosuaposturacomoseestivessebloqueandosuam?edemim.“Vocêjáviuissoantes.”
“Anévoa?”
Eleassentiu.“éaessênciadosdeuses,oqueestáemseusangue,oquelhesdásuashabilidadeseopoderdecriartudooquepossuem.Ninguémmaischamaissoassim,desdequeosdeusesforamdormireasdivindadesmorreram.”Seusolhosprocuraramosmeus.“Eudeveriasaber.Deuses,eudeveriatervisto…”
“Vocêpodedizerissoagora,”suam?efalou.“Masporquevocêpensouqueissoseriaumapossibilidade?Ninguémteriaesperadoisso.”
–Excetovocê–disseCasteel.Eeleestavacerto.Elasabia,semdúvida.
E,claro,euestavabrilhandocomsuachegada,maselasabiacomcertezainquestionável.
“Eupossoexplicar”,disseelaquandoEmilapareceu,carregandodoisalforjes.Eledeuatodosnósumamploespa?oenquantoosdeixavapertodeJaspereent?orecuava.
“Aparentemente,muitoprecisaserexplicado,”Casteelcomentoufriamente.“Masvaiterqueesperar.”Seuolhartocouminhabochechaesquerda,eaquelemúsculopulsouaolongodesuamandíbulanovamente.
“Euprecisolevarvocêparaumlugarseguroondeeupossa…Ondeeupossacuidardevocê.”
“Vocêpodelevá-laparaseusantigosquartosnaminhacasa,”Jasperanunciou,meassustando.Eunemtinhaouvidoelemudar.Comeceiaolharparaele,masvipelequandoeleestendeuam?oparaoalforje.
“Quevaifazer.”Casteelpegouoquepareciaserumpardecal?asdeJasper.“Obrigada.”
“Seráseguroparavocêlá?”Euperguntei,eumsorrisoir?nicopuxouoslábiosdeCasteel.
“Eleestarásegurolá,”Kieranrespondeu.
T?ochocadocomosomdavozdeKieran,mevirei.En?oparou.
Haviamuitapelemorenaemexibi??o,maseleficoulácomosen?oestivessenunafrentedetodososquerestaram.Pelaprimeiravez,eurealmenten?otivenenhumproblemaemignorarofatodequeeleestavanu.Euolheiemseusolhos.Eleseramnormais–umazulvívidoemarcantesemaaurabrancaprateada.“VocêestavaindoparaatacarCasteel.”
Kieranacenoucomacabe?aenquantopegavaas
cal?asdeCasteel.“Eledefinitivamenteestava,”
Casteelconfirmou.
Euolheidevoltaparameumarido.“Evocêamea?oudestruí-lo.”Acovinhaemsuabochechaesquerdaapareceunovamente.“Eufiz.”
“Porquevocêestásorrindo?Isson?oéalgoquedeveriafazervocêsorrir.”Euencareiele,lágrimasestúpidasqueimandomeusolhos.Eun?omeimportavaquetivéssemosumaaudiência.“Issonuncapodeacontecernovamente.Vocêmeouve?”Virei-meparaKieran,quearqueouumasobrancelhaenquantopuxavaacal?aparacimasobreosquadrismagros.
“Vocêsdoismeouvem?Eun?ovoupermitir.Eun?ovou—”
“Shh.”OtoquelevedeCasteelnaminhabochechaatraiumeuolhardevoltaparaelequandoeleentrouemmim.Eleestavapertoosuficienteparaqueseupeitoro?asseomeuacadarespira??o.“Isson?ovaiacontecerdenovo,Poppy.”Seupolegarpassourapidamentesobmeuolhoesquerdo.
“Direito?”
“Direito.”Kieranpigarreou.“Eun?o…”Eleficouquieto.
Seupain?o.“ContantoqueoPríncipen?odêanenhumdenósummotivoparasecomportardemaneiradiferente,nósoprotegeremost?oferozmentequantoprotegeremosvocê.”
Nós.Comoemtodaara?adoslobos.IssoéoqueAlastirquisdizerquandodissequetodososla?osforamquebrados.Eutinhamuitasperguntas,mascoloqueiminhacabe?anopeitodeCasteel.N?omesentimuitobem,enviandoumsurtodedornaminhacabe?a.N?omeimporteiporque,quandoinalei,tudooquecheireifoiespeciariasexuberantesepinho.Casteeldobroucuidadosamenteumbra?oemvoltadasminhascostas,eeupensei…Eupenseiqueosentiestremecercontramim.
“Espere”,disseKieran.“OndeestáBeckett?Eleestavacomvocêquandovocêsaiu.”
Casteelrecuouligeiramente.“Issomesmo.EleseofereceuparalhemostraroTemplo.”Seusolhosseestreitaramenquantoeleolhavaparamim.“Eletrouxevocêaqui.”
Umaondadearrepiospercorreuminhapele.Beckett.Apress?oapertoumeupeito,apertandocomfor?aenquantoeupensavanojovemloboquepassouamaiorpartedaviagemaquiperseguindoborboletas.Euaindan?oconseguiaacreditarqueelehaviametrazidoaqui,sabendooqueoesperava.MasmelembreidogostoamargodeseumedonaquelediaemSpessa’sEnd.Eleestavacommedodemim.
Oueleestavacommedodeoutracoisa?
Suasemo??esestavamconfusas.Eledeixoudesernormalpertodemim,felizesorridente,pararepentinamentecommedoeansiedade,comoestavaquandometrouxeaqui.
“Eledesapareceuantesqueosoutrosaparecessem,”eudisseaCasteel.
“N?oseiparaondeelefoi.”
“EncontreBeckett,”eleordenou,eDelano,aindaemsuaformadelobo,inclinouacabe?a.“Naill?Emil?Vácomele.Certifique-sedequeBeckettsejatrazidovivoparamim.”
Ambososatlantesassentiramesecurvaram.NadanotomdeCasteelsugeriaqueapartevivafosseumacoisaboa.“Eleéapenasumacrian?a.”
EuassistiDelanosaircorrendo,desaparecendorapidamentecomNailleEmil.“Eleestavaassustado.Eagoraquepensonisso—”
“Poppy.”Casteelcolocouaspontasdosdedosnaminhabochecha,logoabaixodeumpontoquedoía.Eleabaixouacabe?a,ro?andooslábiossobreocorte.“Tenhoduascoisasadizer.SeBecketttevealgoavercomisso,eun?omeimportocomoqueouquemeleé,eeucomcertezan?omeimportocomoqueeleera
sentimento.”SuavozaumentouatéquetodososquepermaneceramnoTemplopuderamouvi-lo,incluindoseuspais.
“Ummovimentocontraminhaesposaéumaproclama??odeguerracontramim.Seudestinojáestáselado.Eemsegundolugar?”Eleabaixouacabe?aaindamais.Destavez,seuslábiosro?aramosmeusemumbeijoleve.Eumalpodiasentirisso,masdealgumaformaaindaconseguiatorcerminhasentranhasemnós.Eleent?oergueuacabe?a,eeuviemsuasfei??es–aimobilidadetotaldeumpredadoragarrandosuapresa.Eutinhavistoissoantes,logoantesdeelearrancarocora??odeLandellemNewHaven.
Casteelvirouacabe?aparaolado,olhandoparaoúnicoloboquepermaneceu,agoradepésobreduaspernas.“Vocês.”
Capítulo2
AlastirDavenwelleraoconselheirodospaisdeCasteel.EquandooReiMalecascendeucomsuaamante,Isbeth,foiAlastirquemalertouaRainhaEloana,quebrandoovínculoentreeleeoagoraexilado–
provavelmentemorto–Rei.SóosdeusessabiamquantosAtlantesAlastirsalvouaolongodosanos,ajudando-osaescapardeSolisedosAscensionados,queusaramseusangueparafazermaisvampiros.
QuemsabiacomoascoisasteriamsidodiferentesparaminhafamíliaseelestivessemencontradoAlastir?Elesaindapoderiamestarvivos,vivendoumavidafelizeinteiranaAtlantida.Emeuirm?oIanestarialátambém.Emvezdisso,eleestavaemCarsodoniaeprovavelmenteagoraeraumdeles–umAscensionado.
Euengoliemseco,empurrandoessespensamentosdelado.Agoran?oerahoraparaisso.EugosteideAlastir.Elefoigentilcomigodesdeoinício.
Masomaisimportante,eusabiaqueCasteelrespeitavaecuidavadoslobos.
SeAlastirtivessedesempenhadoumpapelnisso,cortariaCasteelprofundamente.
Honestamente,euesperavaquenemAlastirnemBecketttivessemalgoavercomisso,mashámuitopareideacreditaremcoincidências.EanoiteemqueosAscensionadoschegaramaoSpessa’sEnd?EuhaviapercebidoalgosobreAlastirquen?omeagradou.ElehaviacaídonoesquecimentoquandooAscensionadochegouecomtudooqueaconteceudepois,masassumiuocentrodopalcomaisumavez.
CasteelumavezplanejousecasarcomShea–filhadeAlastir–masent?oCasteelfoicapturadopelosAscensionados,eSheaotraiueseuirm?onatentativadesalvarsuavida.Todos,incluindoAlastir,acreditavamqueSheahaviamorridoheroicamente,maseusabiaaverdadeiratragédiadecomoelamorrera.Noentanto,Alastirtambémtinhaumasobrinha-neta,umlobocomquemeleeoReiValynesperavamqueCasteelsecasasseapósseuretornoaoreino.Foialgoqueeleanunciounojantar,alegandoqueacreditavaqueCasteeljáhaviamecontado.Eun?otinhatantacertezadequeelerealmenteacreditavanisso,masn?oeranemaquinemlá.
Eun?opoderiaseraúnicapessoaqueachoutudo…estranho.FilhadeAlastir?Eagorasuasobrinha-neta?Euduvidavaquen?ohouvessemuitosoutroslobosouatlantesquetambémseriamadequadosparasecasarcomCasteel,especialmenteporqueCasteeln?odeunenhumaindica??odequeeleestariainteressadoemtaluni?o.
NadadissotornavaAlastirculpado,maseraestranho.
AgoraolobopareciaabsolutamentepasmoenquantoolhavaparaCasteel.“Eun?oseioquevocêachaqueBeckettfezoucomoissotemalgumacoisaavercomigo,masmeusobrinhonuncaestariaenvolvidoemalgoassim.Eleéumcachorrinho.Eeuiria—”
–Caleaboca,–Casteelrosnouenquantoeuespiavaporcimadeseuombro.Oloboempalideceu.“Casteel-”
“N?omefa?arepetir,”eleinterrompeu,virando-separaosguardas.
“ApreendaAlastir.”
“Oque?”Alastirexplodiuquandometadedosguardassevirouparaele,enquantoosoutrosnervosamenteolharamparaCasteeleoúnicoreierainhaqueconheciam.
Osolhosdoreiseestreitaramemseufilho.“Peloquesabemos,Alastirn?ocometeunenhumcrime”.
“Talvezelen?otenha.Talvezelesejacompletamenteinocente,assimcomoseusobrinho-neto.Masatéquetenhamoscerteza,euqueroqueelesejamantido,”Casteelafirmou.“Agarre-ooueuirei.”
Jasperrondouparafrente,rosnandobaixoemsuagargantaenquantoseusmúsculostensossobsuapelemortal.Osguardassemexeramnervosamente.
“Esperar!”Alastirgritou,suasbochechasmanchadasenquantoaraivapulsavaaoseuredor.“Elen?otemotipodeautoridadenecessáriaparafazerexigênciasaosGuardasdaCoroa.”
EuimagineiqueaGuardadaCoroafossemuitoparecidacomaGuardaRealqueserviaaosAscensionados.ElessórecebiamordensdaRainhaIleanaedoReiJalara,equaisquerquefossemosRealAscensionadosparagovernarumacidadeouvila.
“Corrija-meseeuestivererrado.Achoquen?o,mascoisasestranhasaconteceram,–Casteeldisse,eminhassobrancelhasfranziram.“Minham?eremoveuacoroaedisseatodosaquiparasecurvaremdiantedanovaRainha–queporacasoéminhaesposa.Portanto,deacordocomatradi??odaAtlantida,issometornaoRei,n?oimportaemquecabe?aacoroaseapóie”.
Meucora??odespencou.Rei.Rainha.N?opoderíamossernós.
“Vocênuncaquisotronoouasarmadilhasquevêmcomaquelacoroa,”Alastircuspiu.“Vocêpassoudécadasprocurandolibertarseuirm?oparaqueelepudesseassumirotrono.Eaindaagoravocêbuscareivindicá-lo?Vocêrealmentedesistiudoseuirm?o,ent?o?”
Eurespireifundoquandoaraivameinundou.Alastir,detodasaspessoas,sabiaoquantoencontrarelibertarMaliksignificavaparaCasteel.
Esuaspalavrasforamprofundas.SentideCasteelent?ooquesentinaprimeiravezquecoloqueiosolhossobreele–umacruezaquepareciacacosdegelocontraminhapele.Casteelestavasemprecomdore,emboradiminuísseumpoucoacadadiaquepassava,aagoniaquesentiaporseuirm?onuncaestavalongedasuperfície.Elerecentementesepermitiusentiralgodiferentedeculpa,vergonhaeangústia.
Eunempercebiquetinhaavan?adoatéqueviquen?oestavamaissobasombradaárvoredosangue.–Casteeln?odesistiudeMalik,–eurebatiantesquepudesseencontrarminhamalditaadagaejogá-laatravésdoTemplo.“Nósoencontraremoseolibertaremos.Malikn?otemnadaavercomnadadisso.”
“Oh,deuses.”Eloanalevouam?oàbocaaosevirarparaofilho.Adorapertousuasfei??ese,emuminstante,umatristezaprofundaemanoudelaemondaspotentes.Eun?oconseguiaver,massuadoreraumasombraconstantequeaseguia,assimcomoaconteciacomCasteel.Elemarteloumeussentidos,raspandominhapelecomovidrocongeladoequebrado.
“Hawke,oquevocêfez?”
MeufocodisparouparaValynquandodesligueiaconex?ocomam?edeCasteelantesqueissomeoprimisse.Umapulsa??oirregulardedorocercou,perfuradaporumaondaderaivaapimentadaedesesperada.Maselebloqueoucomumafor?aqueeun?opudedeixardeadmirareinvejar.Elesecurvouesussurrounosouvidosdesuaesposa.Fechandoosolhos,elaacenoucomacabe?aparatudooqueeledisse.
Oh,deuses,eun?odeveriaterditoisso.“EusintoMuito.”Eujunteiminhasm?oscomfor?a.“Eun?o-”
–Vocên?otemnadapeloquesedesculpar,–Casteeldisse,olhandoporcimadoombroparamimeencontrandomeuolharcomodele.Oqueirradiavadeleeraquenteedoce,ofuscandoumpoucoadorgelada.
“Soueuquemdeveriapedirdesculpas”,afirmouAlastirrispidamente,mesurpreendendo.“Eun?odeveriatertrazidoMalikparaisso.Vocêestavacerto.”
Casteelolhouparaele,eeusabiaqueelen?osabiaoquefazercomopedidodedesculpasdeAlastir.Nemeu.Emvezdisso,eleseconcentrouemseuspais.“Euseioque
vocêprovavelmenteestápensando.éamesmacoisaqueAlastiracreditava.
VocêachaquemeucasamentocomPenellapheémaisumestratagemainfrutíferoparalibertarMalik.”
“N?oé?”suam?esussurrou,aslágrimasenchendoseusolhos.“Nóssabemosquevocêalevouparausá-la.”
“Eufiz,”Casteelconfirmou.“Masn?ofoiporissoquenoscasamos.
N?oéporissoqueestamosjuntos.”
Ouvirtudoissocostumavameincomodar.AverdadedecomoCasteeleeuchegamosaestelugarerainc?moda,masn?omefaziamaissentircomoseminhapelen?oseajustassemais.Euolheiparaafaixaaoredordomeudedoindicadoreoredemoinhodouradovibranteemminhapalmaesquerda.Oscantosdosmeuslábioslevantaram.Casteeltinhavindoatrásdemimcomplanosdemeusar,masissomudoumuitoantesdequalquerumdenósperceber.Ocomon?oimportavamais.
“Euqueroacreditarnisso,”suam?esussurrou.Suapreocupa??oeraopressiva,comoumcobertorgrossoegrosso.Talvezelaquisesseacreditar,masestavaclaroquen?o.
“Issoéoutracoisaqueprecisamosdiscutir.”Valynpigarreoueficouclaroqueeletambémduvidavadasmotiva??esdeseufilho.“Apartirdeagora,vocên?oéorei,nemelaéarainha.Eloanateveummomentomuitoapaixonadoquandotirouacoroa”,disseele,apertandoosombrosdaesposa.Aformacomotodooseurostosecontraiuemrespostaaocomentáriodomaridofoialgoquesentinofundodaminhaalma.“Umacoroa??oteriaqueocorrer,eacoroa??oteriaqueserincontestada.”
“Contestaraafirma??odela?”Jasperriuenquantocruzavaosbra?ossobreopeito.“Mesmoqueelan?ofossecasadacomumherdeiro,suareivindica??on?opodesercontestada.Vocêsabedisso.Nóstodossabemosisso.”
Meuest?magopareciaqueestavadevoltaàbeiradopenhasconasmontanhasSkotos.Eun?oqueriaotrono.NemCasteel.
“Sejacomofor,”Valynfaloulentamente,estreitandoosolhos,“atédescobrirmosquemestáenvolvidonissoetivermostempoparafalar,Alastirdevesermantidoemalgumlugarseguro.”
Alastirsevirouparaele.“Issoé-”
“Algoquevocêvaiaceitar,graciosamente.”Valynsilenciouolobocomumolhar,eestavabastanteclarodeondeCasteelhaviaobtidoessahabilidade.“Issoétantoparaoseubenefícioquantoparatodososoutros.
Lutecontraisso,etenhocertezaqueJasper,Kieranoumeufilhoestar?oemsuagargantaemum
batimentocardiaco.E,nestemomento,n?opossoprometerquememudariaparaficarcomqualquerumdeles.”
OqueixodeCasteelbaixoueseusorrisoerat?ofrioquantooprimeirosoprodoinverno.Aspontasdesuaspresasapareceram.“Sereieu.”
AlastirolhouparaJaspereseupríncipe.Abaixandoasm?osparaoslados,seupeitosubiucomumarespira??opesada.SeusolhosazuisinvernaissefixaramemCasteel.“Vocêécomoumfilhoparamim.Vocêteriasidomeufilhoseodestinon?otivessealgoreservadoparatodosnós”,disseele,eeusabiaqueeleestavapensandoemsuafilha.Asinceridadeemsuaspalavras,acruezadadorquesentiuopenetrou,cortandoprofundamente,ecaiucomochuvagelada,sóaumentandoquandoCasteeln?odissenada.Comoelemanteveesseníveldedorescondidodemimfoiimpressionante.“Averdadedoqueestáacontecendoaquiserárevelada.
Todossaber?oquen?osouaamea?a.”
Eusentiissoent?oenquantoolhavaparaAlastir.Umaondade…
determina??oedetermina??odea?obombeandoardentementeemsuasveias.Foirápido,masoinstintoexplodiudentrodemim,gritandoumavisoquen?oentenditotalmente.Eudeiumpassoàfrente.“Casteel-”
N?ofuirápidoosuficiente.
“ProtejaseuReieRainha,”Alastircomandou.
Váriosdosguardassemoveram,cercandoospaisdeCasteel.Umdelesestendeuam?oportrásdascostas.Valynsevirou.“N?o!”
Jasperdisparouparafrente,mudandonomeiodeumsaltoenquantoEloanagritavaumgritorouco.“N?o!”
Umaflechaatingiuolobonoombro,parando-onoar.Elecaiu,voltandoàsuaformamortalantesdesechocarcontraomármorerachado.
Eutropeceiparatrás,chocadaquandoJasperficouimóvel,umacorcinzapálidavarrendosuapele.Foiele-?
Meucora??ocongelouaosomdegritosagudoserosnadosvindosdebaixodoTemplo.Ooutrolobo–
Umaflechazuniunoar,atingindoKieranenquantoelesaltavaemminhadire??o.Umgritoficoupresonaminhagargantaenquantoeucambaleavaemdire??oaele.Elesesegurouantesdecair,suascostasseretesandoedepoissecurvando.Ostend?esemseupesco?osedestacaramtotalmentequandomeusolhosseencontraramcomosdele.Asíriseramdeumluminosoazul-prataquandoelealcan?ouaflechaqueseprojetavadeseuombro–umahastefinavazandoumlíquidoacinzentado.“Corra”,elerosnou,dandoumpassorígidoen?onaturalemminhadire??o.“Corre.”
Corriemsuadire??o,agarrandoseubra?oenquantoumadesuaspernassedobrou.Apeledele
–deuses,apeledeleeracomoumpeda?odegelo.Tenteisegurá-lo,masseupesoeramuitogrande,eelebateunoch?odecostasquandoCasteelchegouaomeulado,cruzandoumbra?oemvoltadaminhacintura.Horrorizada,observeiapalidezcinzavarrerapelemorenadeKieraneeu…n?osentinada.N?odele.N?odeJasper.Elesn?opodiam…isson?opodiaestaracontecendo.“Kieran-?”
Casteelderepentemegirouatrásdele,umrugidodefúriaexplodindodele,comgostoderaivaquentecomogelo.Algooatingiu,afastando-odemim.Suam?egritoueminhacabe?aseergueuatempodeverarainhaEloanaempurrandoocotovelonorostodeumguarda.Bonerachouecedeuquandoelacorreuparafrente,masoutroguardaaagarrouportrás.
“Pare!Parecomissoagora!”Eloanaordenou.“Eutecomando!”
Oterrorcravousuasgarrasemmimquandoviaflechaprojetando-sedaparteinferiordascostasdeCasteel–tambémvazandoaquelaestranhasubstanciacinza.Maseleaindaestavanaminhafrente,aespadaemumadasm?os.Osomquesaiudeleprometiamorte.EledeuumpassoàfrenteOutraflechaveiodaentradadoTemplo,atingindoCasteelnoombroquandoviValynenfiarumaespadaprofundamentenoest?magodeumhomemsegurandoumarco.OprojétilperfurouapernadeCasteel,jogando-oparatrás.Euopegueipelacinturaenquantoseuequilíbriovacilava,mascomoKieran,seupesoeramuitogrande.Aespadacaiucomestrépitonomármorequandoelecaiucomfor?a,olongocomprimentodeseucorposeesticandoquandoelechutouacabe?aparatrás.Ostend?esdeseupesco?oincharamquandocaíaoladodele,nemmesmosentindooimpactoemmeusjoelhos.Olíquidocinzaderramoudasferidas,misturando-secomosangueenquantoseuslábiosseseparavamdesuaspresas.Asveiasincharameescureceramsobsuapele.
N?on?on?o.
Eun?oconseguiarespirarquandoseusolhosdilatadoseselvagensencontraramosmeus.Isson?oestáacontecendo.Essaspalavrasserepetiramumaeoutravezemminhamenteenquantoeumeinclinei,segurandoseurostocomasm?ostrêmulas.Eugriteicomasensa??odesuapelemuitofria.Nadavivopareciat?ofrio.Oh,deuses,suapelenempareciamaiscomcarne.
–Poppy,eu…–eleengasgouenquantoestendiaam?oparamim.Umapelículacinzarastejounobrancodeseusolhosedepoisnasíris,embotandooambarvívido.
Eleficouimóvel,seuolharfixoemalgumpontoalémdemim.Seu
peiton?osemoveu.
–Casteel,–eusussurrei,tentandosacudi-lo,massuapele–seucorpointeiro–tinha…tinhaendurecidocomopedra.Eleestavacongelado,suascostasarqueadaseumapernaenrolada,umbra?olevantadoemminhadire??o.“Casteel.”
N?ohouveresposta.
Abri
meus
sentidos
amplamente
para
ele,
procurando
desesperadamentequalquerindíciodeemo??o,qualquercoisa.Masn?ohavianada.Eracomoseeletivesseentradononívelmaisprofundodesonoouestivesse…
N?o.N?o.N?o.Elen?opoderiaterido.Elen?opodiaestarmorto.
ApenasalgunssegundossepassaramdesdeomomentoemqueAlastiremitiuseucomandoinicialparaCasteeldeitadodiantedemim,seucorpodrenadodavibra??odavida.
Eurapidamenteolheiporcimadoombro.NemJaspernemKieransemoveram,esuapeleseaprofundouparaumacorcinzaescuro,otomdeferro.
Aagoniaalimentadapelopanicomeinundou,entrincheirando-senaáreaaoredordomeucora??oaceleradoenquantoeudeslizavaminhasm?osnopeitodeCasteel,sentindoobatimentocardíaco.“Porfavor.Porfavor,
”eusussurrei,comlágrimasnosolhos.“Porfavor.N?ofa?aissocomigo.
Porfavor.”
Nada.
N?osentinadanele,KieranouJasper.UmzumbidozumbiunoamagodomeuserenquantoeuolhavaparaCasteel–parameumarido.Minhaalmagêmea.Meutudo.
Eleestavaperdidoparamim.
Minhapelecome?ouavibrarenquantoumaraivaescuraeoleosadaalmasubiadentrodemim.Tinhaumcheirofortedemetalnapartedetrásdaminhagargantaequeimavacomofogoemminhasveias.Tinhagostodemorte.En?ootipoqueocorreuaqui–otipofinal
Afúriacresceueseexpandiuatéquen?opudemaiscontê-la.EunemtenteipararenquantoaslágrimasescorriampelomeurostoecaíamnapelecordeferrodeCasteel.Araivaatacou,golpeandooareinfiltrando-senapedra.Abaixodemim,sentioTemplocome?aratremerlevementemaisumavez.Alguémgritou,maseun?oconseguiaouviraspalavras.
Inclinando-mesobreCasteel,pegueisuaespadacaídaenquantoro?avameuslábiossobreseuslábiosfrioseimóveis.Aquelacoisaantigadentrodemimpulsavaelatejavacomoantesquandomeerguiacimadomeumaridoemevirei.Umventofortesoprounoch?odoTemplo,extinguindoofogodastochas.Asfolhasdaárvoredosanguechocalharamcomoossossecos
enquantoeuagarravao
espadacurtaapertada.Eun?oviospaisdeCasteel.EunemmesmoviAlastir.
Dezenasestavamdiantedemim,todosvestidosdebranco,segurandoespadaseadagas.Máscarasdemetalfamiliares,aquelasusadaspelosDescenters,escondiamseusrostos.Vê-losagoradeveriatermeaterrorizado.
Issosómeenfureceu.
Essepoderprimitivosurgiu,invadindotodososmeussentidos.
Silencioucadaemo??odentrodemimatéqueapenasumapermaneceu:vingan?a.N?ohaviamaisnada.Semempatia.Semcompaix?o.
Eueraeu.
E,noentanto,eueraalgototalmentediferente.
Océuacimaestavasemnuvens,permanecendoemumtomdeslumbrantedeazul.N?ochoveusangue,masminhacarnefaiscou.Brasasbrancasprateadasdan?aramsobreminhapeleeestalaramquandocord?esfinosseestenderamdemim,envolvendoascolunascomoteiasdearanhabrilhantesefluindopeloch?oemumarededeveiasbrilhantes.Minharaivahaviasetornadoumaentidadetangível,umafor?avivaerespiratóriadaqualn?opodiaescapar.Avanceieacamadasuperiordepedraseestilha?ousobminhabota.
Minúsculospeda?osdepedraepoeirasesoltaram,caindo.Váriosdosatacantesmascaradosrecuaramquandofinasfissurasapareceramnasestátuasdosdeuses.Asrachadurasnoch?oaumentaram.
Umatacantemascaradosaiudalinha,correndoparamim.Aluzdosolrefletiunalaminadesuaespadaquandoeleaergueunoar.N?omemexienquantooventosopravanosfiosemaranhadosdomeucabelo.Elegritouquandotrouxeocabodaarmaparabaixoemmim–
Eupegueiseubra?o,parandoogolpeenquantoempurravaalaminadeCasteelprofundamenteemseupeito.Overmelhoderramounafrentedesuatúnicaquandoeleestremeceu,caindoparaolado.Maisquatromeatacaram,egireisobobra?odeumenquantoempurravaalaminaparacima,cortandoagargantadeoutro.Sangueespirrouquandoeumevirei,balan?andoaespadaatravésdamáscarademetal.Umadoragudaepungentepercorreuminhascostasquandoplanteimeupénocentrodopeitodohomemeempurreienquantopuxavaalaminadeseucranio.
Umam?omeagarroueeugirei,batendoalaminaprofundamentenabarrigadoatacante.Eupuxeiopunhodaespadabruscamenteenquantoaarrastavapeloest?magodohomem,expressandoaraivadentrodemimcomumgrito.Essaraivapulsounoaraomeuredor,eumaestátuapertodosfundosdoTemplosepartiuemduas.Peda?osdepedracaíramnoch?o.
Outraondadedorfluiusobreminhaperna.Eumevirei,girandoaespadaemumarcoalto.Alaminaencontroupoucaresistência.Umaadagacaiuemminham?oenquantoumacabe?aeumamáscararolavamemdire??esopostas.Comocantodoolho,viumdosDescendentesagarrarocorporígidodeKieranpelosbra?os.Jogandoaadagaemminham?o,inclineimeubra?oparatráseajoguei.Alaminaatingiuamáscaraeoatacantegirouparatrás,segurandoagarganta
Omovimentochamouminhaaten??o.UmaondadeagressoresmascaradoscorreupeloTemplo.Umaluzbrancaprateadainvadiuminhavis?oquandoouviumavoz–avozdeumamulher–sussurrandodentrodemim.N?oeraparaserassim.
Emumflash,euavi,ocabelocomooluarenquantoelaenfiavaasm?osprofundamentenoch?o.Algumconhecimentoinerentemedissequeelaestavaondeestetemploestavaagora,masemumaépocadiferente,quandoomundoeraumlugardesconhecido.Elajogouacabe?aparatrás,gritandocomumaespéciedefúriadoloridaquelatejavaimplacavelmentedentrodemim.Umaluzbrancaprateadaencharcouosolo,irradiandodeondeelatocou.Och?oseabriuededosfinosedescoradoscavaramdasujeiraaoredordela,nadamaisdoqueossos.Suaspalavrasmealcan?arammaisumavez.Eutermineicomisso,tudoisso.
Assimcomoeu.
Estremeci,aimagemdamulherdesaparecendoquandojogueiaespadadelado.Novaziodaminhamente,imagineiascordasbrilhantesdescascandodascolunas.Elesfizeramissoantesdemim,cobrindoumadúziadeatacantescomoumateiafina.Euqueriaqueelessentissemoqueeusentiapordentro.Quebrado.Torcido.Perdido.
Ossosrachados.Bra?osepernasestalaram.Costasquebradas.Elescaíramcomomudasdespeda?adas.
Outrosseafastaramdemimparacorrer.Fugir.Eun?opermitiriaisso.
Elespagariam.Todoselesprovariameseafogariamemminhaira.Euderrubariaessaestruturae,emseguida,destruiriatodooreinoparagaranti-la.Elessentiriamoqueestavadentrodemim,oqueelesfizeram.Triplo.
Araivaderramoudemimemoutrogritoenquantoeuseguiaemfrente,levantandomeusbra?os.Ascordasseergueramdoch?o.Emminhamente,elescresceramesemultiplicaram,estendendo-sealémdasCamarasdeNyktosatéasárvoreseacidadeabaixo.Eucomeceiasubir-
Nocaos,euovi.AlastirestavapertodafrentedoTemplo,foradoalcancedaraivaeenergiapulsantes.Eun?osentimedodele.Apenasaceita??oenquantoelemeolhavacomoseesperasseporisso.
Alastirencontroumeuolhar.“Eun?osouumaamea?aparaAtlantia,”
eledisse.“Tues.
Vocêsemprefoiaamea?a.”
Adorexplodiunapartedetrásdaminhacabe?a,t?orepentinaet?oavassaladoraquenadapoderiaimpediraescurid?odemeinvadir.
Eucaínonada.
Capítulo3
Queflorlinda.Quelinda
papoula.
Escolha-oeobserve-o
sangrar.Ján?oét?o
bonita.
Euacordei,tragandoumarespira??oprofundadearquecheiravaasoloúmidoedecomposi??ovelha.Ahorrívelrimaecoounaminhacabe?adoloridaquandoabriosolhoseengasguei,engasgandocomumgrito.
Olhosescurosevaziosolhavamparamimdeumcranioempoeiradoesujo.
Comocora??obatendofortecontraminhascostelas,melevanteiecorriparatrás.Andeicercadetrintacentímetrosquandoalgoapertoudolorosamente,sacudindobruscamentemeusbra?osepernas.Eucerreimeusdentes,sufocandoumgemidoenquantoapeledosmeuspulsoseabaixodosmeusjoelhosqueimava.Alguémtiroumeusuéteremedeixouapenascomacombina??omuitofinaqueuseiporbaixodablusa.Qualquerpreocupa??oqueeupudessetersentidosobreondemeusuéterecal?astinhamido,oucomoocorpeteapertadodacombina??ofaziamuitopoucoparaesconderalgumacoisa,sumiuenquantoeuolhavaparaminhasm?os.
Ossos…Ossospolidosdemarfimestavamenroladosemmeuspulsos.
Ossose…evinhas.Ealgumapartedelescavouemminhapele.Eucuidadosamentelevanteiumaperna,opeitosubindoedescendorapidamentequandoviomesmologoabaixodosmeusjoelhos.Apósumainspe??omaispróxima,viquen?oeramvinhas.Elespareciamseralgumtipoderaiz.Sanguesecocorreuemminhaspanturrilhasenquantoeupegavaaalgema–
Umadorardentemarcoumeuspulsos,meparando.“Deuses,”eusibileiporentreosdentesenquantocuidadosamentemeencosteiemalgoduro,úmidoefrio.Umaparede?
Comagargantaseca,meuolharseguiuator??odeossoeraízesatéondeseconectoucomaparede.Minharespira??osaiuemofegoscurtoseirregularesenquantoeuolhavadevoltapara…acoisaaomeulado.
Manchasdecabeloloirofinoepegajosopendiamemtufosdocranio.
Apenaspe?asderoupasesfarrapadas
permaneceuescurecidopelotempoepelasujeira.Eun?otinhaideiaseerahomemoumulher,masestavaclaramenteaquipordécadas–talvezatéséculos.Algumtipodelan?adescansoucontraopeitodocadáver,alaminadeumpretocomogiz.Ogeloencharcoutodoomeuserquandoviosmesmosossoseraízesatadosemseuspulsosetornozelos.Oarsealojounaminhagargantaenquantomeuolharseerguiaparaoqueestavadooutroladodocorpo.Maisrestos,amarradosdamesmamaneira.Ehaviaoutro,eoutro–encostadoemtodaaextens?odaparede–dezenasdeles.
Oh,deuses.
Meuolharlargodisparoudescontroladamenteaoredor.Tochasprojetavam-sedecolunaspreto-acinzentadasnocentrodoespa?oemaisparatrás,lan?andoumbrilholaranja…
Ohorrormeencheuquandoviváriaslajesdepedraelevadas–caixaslongasequadradassituadasentreduasfileirasdepilares.Oh,deuses.Eusabiaoqueeleseram.Sarcófagos.Sarcófagossufocadosporossoenroladoecorrentederaiz,asamarrascobrindocadaum.
Euestavaemumacripta.
Eficouclaroqueeun?ofuioprimeiroaserdetidoaqui.
Opanicosubiupelaminhagarganta,tornandoaindamaisdifícilrespirarnoarfrioeúmido.Meupulsobateuassustadoramenterápido.Anáuseaaumentou,causandocólicasnoest?magoenquantoeuprocuravanassombrasalémdossarcófagosepilares.Eun?otinhanenhumalembran?adecomochegueiaquiouporquantotempoeu–
Casteel
Umaimagemdeleseformouemminhamente,estendendoam?oparamimenquantosuapeleficavacinzaeendurecida.Apress?oapertoumeupeito,moendomeucora??o.Eufecheimeusolhoscomfor?acontraaondadeumidadesubindo,masfoiinútil.Euaindaovia,suascostasarqueadasecorpocontorcido,seusolhosembotados,seuolharfixo.Elen?opoderiateridoembora.NemKieranouJasper.Elestinhamqueestarbem.Eusóprecisavasairdaquieencontrá-los.
Eumemoviparaficar–
Asamarrasestalaramcontraminhapele,cavandomaisfundo.Umgritoroucoseparoumeuslábiossecosenquantoeucaídecostascontraaparede.Inalandoprofundamente,levanteimeubra?oparavermelhoracorrente.Spurs.Osossostinhamesporasafiadasneles.
“Merda,”eusussurrei,estremecendoaosomdaminhavoz.
Euprecisavameacalmar.Eun?oconseguiaentrarempanico.Olobo
…elesiriammeouvir,certo?IssoéoquepareciaqueCasteeleosoutrosestavamdizendo.
Queelesouviramousentiramminhaangústiaanteseresponderam.eueradefinitivamenteangustiadoagora.
MaseuosouvigritandodedordepoisqueJaspereKieranforambaleados.Nenhumdelesalcan?ouotopodoTemplodepoisdisso.Eseelestambémestivessem…?
Eulevanteiminhasm?osparaomeurosto.Acorrentedeuosuficienteparafazê-losemdor.“Pare,”eudisseamimmesma.Elesn?opoderiamtermatadotodososlobos.
Eles.
Ouseja,Alastir.
Raivaedescren?aguerreavamdentrodemimenquantoeumeconcentravaemfirmarminharespira??o.Euiriasairdaqui.EuencontrariaCasteel,Kieraneosoutros.Todoselestinhamqueestarbem.
Ent?oeumatariaAlastir.Devagaredolorosamente.
Segurandoessapromessapertodomeucora??o,euforceiumarespira??olentaeuniformeeabaixeiminhasm?os.Eujátinhasidoacorrentadoantes.AquelaépocaemNewHavenn?ofoit?oruimquantoesta,maseujáestiveemsitua??esruinsantescomoduqueTeermaneLordeMazeen.ComonacarruagemcomLordChaney,queestavabeirandoasededesangue,eutivequemanteracalma.Eun?oconseguiaentrarempanico.Seofizesse,meperderia.
ComoseeutivessemeperdidonasCamarasdeNyktos.
N?o.Eun?omeperdiquandomateiaquelaspessoas.Euaindaestivelá.Eusón?o…Eun?omeimporteiemmeconter,pararestringirqualquerpoderquetivesseganhadovidadentrodemim.Eunemmesmosentiaculpaagora.Eun?oachoquesentiriaremorsomaistarde,também.
Minhaspernasecostasdoíamcomasferidasqueaquelaslaminashaviamdeixadoparatrásenquantoeuolhavaparaondeminhasamarrasseconectavamcomaparede.Nenhumanelseguravaacorrentenolugar.N?oestavaapenasfundidoàparede,eraumapartedela–umtumor.
Quetipodecriptaeraessa?
Eun?opodiaquebrarumapedra,masosso…ossoeraízeseramfrágeisemcompara??o.Cuidadosamente,gireimeupulsoparacriarumatens?oquen?opressionasseminhapele.Euagarreiooutropeda?odeossoeraizcomminhaoutram?o–
“Eun?ofariaisso.”
Minhacabe?agirounadire??odavozmasculina.Veiodassombrasalémdospilaresiluminados.
“Essesn?os?oossosnormaisquevocêestámanipulando,”avozmasculinacontinuou.“Eless?oosossosdosantigos.”
Meulábiosecurvouquandoeuimediatamenteafrouxeimeuaperto.
Umarisadaprofundasurgiudassombras,eeupareimaisumavez.
Essarisada…pareciaumpoucofamiliar.Avoztambém.
“Eporqueeless?oossosdedivindades,elescarregammagiaPrimal–
oeather–dentrodeles,”eleadicionou.“Vocêsabeoqueissosignifica,Penellaphe?Essesossoss?oinquebráveis,imbuídosporoutroquecarregaosanguedosdeusesdentrodeles.”Avozseaproximoueeufiqueitensa.
“Eraumatécnicabastantearcaicacriadapelosprópriosdeuses,destinadaaimobilizaraquelesquesetornarammuitoperigosos–umaamea?amuitogrande.DizemquefoiopróprioNyktosquemconcedeuopoderaosossosdosmortos.UmatoqueelerealizouquandogovernousobreosmortosnasTerrasdasSombras.QuandoeleeraoAsher,AquelequeéAben?oado,oPortadordaMorteeoGuardi?odasAlmas.ODeusPrimordialdosHomensComunseFinais.”
As…TerrasdasSombras?Governadosobreosmortos?NyktoseraoDeusdaVida,Reidetodososdeuses.RhaineraoDeusdosHomensComunseFinais.EununcatinhaouvidofalardeShadowlandsantes,massócomessenome,pareciaumlugarsobreoqualeun?oqueriaaprendermais
“Masestoudivagando”,disseele,eviocontornoescuroenebulosodeumhomemnaescurid?o.Euaperteiosolhos,focandonele,maseu…eun?osentinadadele.“Vocêpuxaessasamarras,elassimplesmentev?oapertar.Continuefazendoisso,elesv?ocortarsuacarneeseusossos.
Eventualmente,elesir?ocortarseusmembros.N?oacrediteemmim,olhemaisdepertoaqueleaoseulado.”
Eun?oqueriaolhar,tirarmeusolhosdaformasombria,masn?opudeevitar.Euolheiparaocorpoaomeuladoeolheiparabaixoaoseulado.Osrestosdoesqueletodeumam?oestavamaoladodela.
Oh,deuses.
“Sortesua,vocêsócarregaosanguedosdeusesemvocê.Vocên?oéumadivindadecomoeles.Vocêsangrariaemorreriamuitorapidamente.Asdivindadescomoaqueestáaoseulado?”ohomemdisse,eminhaaten??ovoltou-separaele.Amassasombriaestavamaispertoagora,tendoparadonasbordasdobrilhodefogo.“Ele…bem,eleficoumaisfracoefamintoatéqueseucorpocome?ouasecanibalizar.Esseprocessosozinhoprovavelmentelevouséculos.”
Séculos?Euestremeci.
“Vocêdeveestarseperguntandooqueelepoderiaterfeitoparajustificarumapuni??ot?ohorrível.Oqueeleeosoutrosquerevestemasparedeseemseuscaix?esfazem?”eleperguntou.E,sim,umapartedemimseperguntouexatamenteisso.
“Elessetornarammuitoperigosos.Muitopoderoso.Muito…
imprevisível.”Elefezumapausaeeuengoliemseco.N?ofoiprecisonenhumsaltodelógicaparaassumirqueaquelescontraaparedeeantesdemimeramdivindades.“Demasiadaamea?a.Assimcomovocê.”
“Eun?osouumaamea?a,”eu
rosnei.“Vocên?oé?Você
matoumuitos.”
Meusdedossecurvaramparadentro.“Elesmeatacaramsemmotivo.
Elesmagoam
–”Minhavozfalhou.“Elesmachucaramoslobos.Seupríncipe.Minhas-”
“Suaalmagêmea?”elesugeriu.“Umauni?on?osódoscora??es,mastambémdaalma.Raroemaispoderosodoquequalquerlinhagem.Muitosconsiderariamtalcoisaummilagre.Diga-me,vocêachaqueéummilagreagora?”
“Sim,”eurosneisemhesita??o.
Eleriu,emaisumavez,algopuxouorecessodeminhasmemórias.
“Vocêficaráaliviadoaosaberqueelesest?otodosseguros.Oreiearainha
–aquelesdoislobos,atémesmoopríncipe,”eledisse,eeudevoterparadoderespirar.“Sevocên?oacreditanisso,podeconfiarnamarcadocasamento”.
Meucora??ogaguejou.Eunemtinhapensadonisso.Casteelhaviameditoqueamarcadesapareceucomamortedeumdossócios.Foiassimquealgunssouberamdamortedesuaalmagêmea.
Partedemimn?oqueriaolhar,maseuprecisava.Umvazioencheumeuest?magoquandomeuolharmudouparaminham?oesquerda.Eletremiaquandoovirei.Oredemoinhodouradoemminhapalmabrilhoufracamente.
Oalíviomecortout?orapidamentequetivequeapertarminhabocaparaimpedirqueogritosaíssedasprofundezasdomeuser.Aimpress?oaindaestavalá.Casteelestavavivo.Estremecidenovo,aslágrimasqueimandominhagarganta.Eleestavavivo.
“Doce”,elesussurrou.“T?omuitodoce.”
Umasensa??odesconfortávelrastejousobreminhapele,roubandopeda?osdoalívio.
“Maseleteriaficadogravementeferidosevocên?otivessesidoimpedido”,disseele.“VocêteriaderrubadooTemplointeiro.Eleteria
caídocomisso.Talvezvocêatéotivessematado.épossívelvocêfazerisso,sabe?Vocêtemopoderdentrodevocê.”
Meucora??odeuumsaltonomeupeito.“Eununcaomachucaria.”
“Talvezn?ointencionalmente.Maspeloqueeurecolhi,vocêparecetenhamuitopoucocontrolesobresimesmo.Comovocêsabeoqueteriafeito?”
Comeceianegaroqueeledisse,masinclineiminhacabe?aparatráscontraaparede,inquieta.Eu…eun?otinhacertezadoquehaviametornadonaqueleTemplo,masestavanocontrole.Eutambémestavacheiodevingan?a,assimcomooestranhoflashdamulherqueeutinhavistoemminhamente.Euestavapreparadoparamataraquelesquefugiramdemim.
Euestavapreparadoparadestruirtodooreino.Euteriafeitoisso?AenseadadeSaionestavacheiadepessoasinocentes.Certamente,euteriaparadoantesdechegaraesseponto.
Euestavamentindoparamimmesmo.
EuacreditavaqueCasteeltinhasidogravementeferido,sen?omorto.
Eun?oteriaparado.N?oatéqueeutivessesaciadoessanecessidadedevingan?a.Eeun?otinhaideiadoqueserianecessárioparaqueissoacontecesse.
Oarquerespireiazedou,efoiumesfor?oarquivaressapercep??oparaoestressemaistarde.“Oquevocêfezcomele?Paraosoutros?”
“Eun?ofiznada.”
“Besteira,”eurebati.
“Eun?odispareinenhumaflecha.Eunemestavalá”,respondeuele.
“Oqueelesfizeramfoiusarumatoxinaderivadadasombra–umaflorquecrescenasregi?esmaisaolestedasmontanhasdeNyktos.Causaconvuls?eseparalisiaantesdeendurecerapele.Muitodolorosoantesdeentraremnosonoprofundo.Opríncipevaidemorarumpoucomaisdoqueonormalparadespertardoqueou?o.Algunsdias.Ent?o,euimaginoamanh?,talvez?”
Alguns…algunsdias?Amanh??“Háquantotempoestoudesmaiado?”“Doisdias.Talveztrês.”
Bonsdeuses.
Eunemqueriapensarsobreodanofeitoàminhacabe?aqueteriamenocauteadoportantotempo.Masosoutrosn?oforamatingidostantasvezesquantoCasteel.Kieranprovavelmenteestariaacordadoagora.Jaspertambém.Etalvezooutro–
“Euseioquevocêestápensando,”ohomeminterrompeumeuspensamentos.“Queoslobossintamseuchamado.Queelesvir?oatrásdevocê.N?o,elesn?ov?o.OsossosanulamonotamPrimal.Elestambémnegamtodaequalquerhabilidade,reduzindovocêaoquevocêéemsuaessência.Mortal.”
Foiporissoqueeun?osentinadadestehomem?Isson?oeraexatamenteoqueeuqueriaouvir.Opanicoamea?oucravarsuasgarrasemmimmaisumavez,masaformasombriaseaproximou,pisandonobrilhodatocha.
Meucorpointeiroficourígidocomavis?odohomemtodovestidodepreto.Cadapartedemimserebeloucomoquevi.N?ofaziasentido.Eraimpossível.Masreconheciocabeloescuroedespenteado,amandíbularígidaeoslábiosfinos.Agoraeusabiaporquesuarisadapareciat?ofamiliar.
EraocomandantedaGuardaReal.
ComandanteJansen.
“Vocêestámorto,”eurespirei,olhandoparaeleenquantoeleflutuavaentreospilares.
Umasobrancelhaescuraseergueu.“Oquetedeuessaimpress?o,Penellaphe?”
“OsAscencionadosdescobriramqueHawken?oeraquemelediziaserlogodepoisdepartirmos.”OqueLordChaneymedissenaquelacarruagemressurgiu.“ElesdisseramqueosDescendentesseinfiltraramnosescal?esmaisaltosdaGuardaReal.”
“Elesfizeram,masn?omepegaram.”UmladodoslábiosdeJansensecurvouenquantoelecaminhavaparafrente,seusdedospatinandosobrealateraldeumcaix?o.
Aconfus?orodoupormimenquantoeuolhavaparaele.“Eu…eun?oentendo.Vocêéumdescendente?VocêapóiaoPríncipe…?”
“EuapóioAtlantia.”Elesemoveurápido,cruzandoadistanciaemmenostempodoquelevariaumcora??oparabater.Eleseajoelhouparaqueficássemosnomesmonível.“Eun?osouumdescendente.”
“Mesmo?”Suasupervelocidademeioquedenunciouisso.“Ent?ooques?o
vocês?”
Osorrisodelábiosapertadoscresceu.Suasfei??esseagu?aram,estreitarameent?oelemudou.Encolhendoemalturaelargura,onovocorposeafogounasroupasqueJansenusava.Suapeleficoumaisbronzeadaelisa.Emuminstante,seucabeloescureceuparapretoeficoumaislongo,seusolhosbrilharameficaramazuis.
Emsegundos,Beckettseajoelhoudiantedemim.
Capítulo4
“Bonsdeuses,”euresmunguei,meafastandodessacoisaantesEu.
“Euteassustei?”Jansen/Beckettperguntounavozdojovemlobo
–vindodeumrostoidênticoaodosobrinho-netodeAlastir.“Vocêé…vocêéumchangeling.”
Eleassentiu.
Eun?oconseguiaparardeolharparaele,meucérebroincapazdeconciliaroconhecimentodequeeraJansenantesdemimen?oBeckett.
“Eu…eun?osabiaqueelespodiamseparecercomoutraspessoas.”
“Amaioriadaslinhagensdesanguechangelingquesobrarams?oapenascapazesdemudarparaaformaanimalouter…outrashabilidades,”
eledisse.“Souumdospoucosqueconseguefazerissoemanteraformaalheiaporlongosperíodosdetempo.Quersabercomo?”
Eurealmentequeria,masn?odissenada
Paraminhasorte,eleestavacomumhumorfalador.“Tudoqueeuprecisoéalgodelesemmim.Umamechadecabelonormalmenteéosuficiente.Osloboss?oincrivelmentefáceisdereplicar.”
Nenhumapartedemimpoderiacompreendercomoalguémpoderiaserfácildereplicar.“Eelessaberiam…quevocêfezisso?Percebeusuaaparência?”
Aindasorrindocomasfei??esjuvenisdeBeckett,Jansenbalan?ouacabe?a.“Normalmenten?o.”
Eun?oconseguianemcome?araprocessarcomoseriaassumiraidentidadedeoutrapessoaoucomoalguémpoderiafazerissosemapermiss?odooutro.Pareciaumagrandeviola??oparamim,especialmentesefeitoparaenganaralguém…
Arealiza??opassoupormimemumaondaderaivarenovada.“Foivocê,”eufervi.“N?ooverdadeiroBeckettquemeconduziuaoTemplo.
Vocês.”
“Eusempresoubequeumagarotainteligenteviviaatrásdovéu”,elecomentoueent?omudoumaisumavezparaascaracterísticasquepertenciamaele.Foiumfeiton?omenoschocantedoqueantes.
Oconhecimentodequen?otinhasidoojovemlobobrincalh?oquemelevouaumaarmadilhatrouxeumaquantidadedecentedealívio.“Como?
Comoéqueninguémsabe?Comoeu…?”Eumecortei.Quandolisuasemo??esnoTemplo,elaspareciamexatamentecomoasdeBeckett.
“ComovocêounossoPríncipen?osabiam?OumesmoKieranouJasper?Quandooschangelingsassumemaidentidadedeoutro,assumimossuascaracterísticasapontodeserextremamentedifícildecifraraverdade.
àsvezes,podeatéserdifícilparanóslembrarquemrealmentesomos.”
Umolharperturbadoapareceuemsuasfei??es,masdesapareceut?orapidamentequen?otivecertezadetervisto.“Claro,nossopríncipesabiaqueeueraumchangeling.Assimcomomuitosoutros.Mas,obviamente,ninguémesperavatalmanipula??o.Ninguémestavaprocurandoporum.”
“Beckettestábem?”
Jansendesviouoolhar.“Eledeveriatersido.Elerecebeuumapo??oparadormir.Esseeraoplano.Paraeledormirotemposuficienteparaeutomaroseulugar.”
Meucora??otorceu.“Masisson?oaconteceu?”
“N?o.”Jansenfechouosolhosbrevemente.“Eusubestimeiquantapo??oumjovemloboprecisavaparapermanecerdormindo.Eleacordouquandoentreiemseuquarto.”Eleserecostou,esfregandoorostocomam?o.“Oqueaconteceufoilamentável.”
Abilesubiupelaminhagarganta.“Vocêo
matou?”“Tinhaqueserfeito.”
Adescren?aroubouminharespira??oenquantoeuolhavaparaochangeling.“Eleeraapenasumacrian?a!”
“Eusei.”Eleabaixouam?o.“N?oeraalgoquenenhumdenósgostasse,mastinhaqueserfeito.”
“N?oprecisavaserfeito.”Lágrimasencherammeusolhos.“Eleeraumacrian?aeerainocente.”
“Inocentesmorremotempotodo.VocêpassouavidainteiraemSolis.
Vocêsabequeissoéverdade.”
“Eissotornanormalprejudicaroutrapessoa?”
“N?o.Masofimjustificouosmeios.OpovodaAtlantidaentenderáisso”,rebateuJansen.Eun?oconseguiaentendercomoalguémpoderia
Compreendooassassinatodeumacrian?a.“Eporquevocêseimporta?
Vocêficouparadoetestemunhoupessoaspassandofome,sendoabusadaseentreguesaoRito.Vocenaofeznada.”
“Eun?osabiaaverdadeent?o,”eucuspi,piscandoparaconteraslágrimas.“Eissotornatudobem?”
“N?o.N?ofaz,”eudisse,eseusolhossearregalaramligeiramente.
“Masnemsemprefiqueiparadoen?ofiznada.Fizoquepude.”
“N?ofoiosuficiente.”
“Eun?odissequeera.”Eupuxeiumarespira??oirregular.“Porquevocêestáfazendoisso?”
“émeudeverimpedirtodaequalqueramea?aàAtlantida.”
Umarisadaroucadedescren?amedeixou.“Vocêmeconhece.Vocêmeconheceháanos.Vocêsabequen?osouumaamea?a.Eun?oteriafeitonadanaqueleTemplosen?otivessesidoamea?ado.”
“Issoéoquevocêdizagora.Umdia,issovaimudar”,disseele.
“Estranhocomoomundoépequeno,noentanto.TodoopropósitodeassumiropapelquefizfoigarantirumcaminhoabertoentreCasteelevocê.
Passeianosvivendoumamentira,tudoparaqueelepudessecapturaraDonzelaeusá-laparalibertarseuirm?oerecuperarpartedenossasterrasroubadas.Eun?otinhaideiadoquevocêeraoumesmoporquevocêeraaDonzela.”
“Eelesecasarcomigofoiumatrai??oparavocê?”Euimaginei.“Naverdade,n?o”,respondeuele,mesurpreendendo.“Eleaindapoderiarealizar
oqueelepretendia.Provavelmenteestariaaindamelhorposicionadoparafazerissocomvocêcomosuaesposaen?osuacativa.”
“Ent?oporque?Porqueeuestou…porquetenhoumagotadosanguedeDeusemmim?”
“Umagota?”Jansenriu.“Garota,euseioquevocêfeznaqueleTemplo.
Vocêprecisasedarmaiscrédito.”
Meutemperamentodisparoueeudeiboas-vindasaisso,segurandoaraiva.Eraumacompanhiamuitomelhordoqueadorcrescente.“Eun?osouumagarotaháanos,ent?on?omechamedeuma.”
“Medesculpe.”Eleabaixouacabe?a.“Euestariadispostoaapostarquevocêtemmuitomaisdoqueumagota.Sualinhagemdeveterpermanecidomuitolimpaparavocêexibiressestiposdehabilidadesdivinas.”Elesemoveuderepente,segurandomeuqueixo.Tenteimesoltar,maselemesegurounolugar.Seusolhosescurosvarrerammeurostocomoseeleestivesseprocurandoporalgo.“Estranhoeununcatervistoissoantes.Eudeveriater.”
Euestendiam?o,segurandoseuantebra?o.Aalgemaemmeupulsoseapertouemadvertência.“Removasuam?odemim.”
“Ouoquê,Donzela?”Seusorrisoaumentouumpoucoenquantominharaivaqueimavaintensamente.“N?ohánadaquevocêpossafazercomigoquen?oresulteemvocêsemachucar.Eusódissequevocêsemprefoiinteligente.N?ofa?ademimummentiroso.”
Araivaimpotenteestimulouodesesperoprofundamenteenraizadoquesentiaporn?osercapazdemedefender.“Solte-me!”
Jansensoltouseuapertoeselevantouderepente.Eleolhouparaapilhadeossosaomeuladoenquantoeurespiravafundo.Meucora??obateumuitorápido.“Eusabiaquen?oseriasensatoficaremMasad?nia”,disseele.“Ent?o,eusaílogodepoisdevocê.EncontreiAlastirnaestradaparaSpessa’sEnd.Foient?oquedescobrioquevocêera.”
Minhasunhaspressionaramminhaspalmas.“Ent?o,Alastirsabiaoqueeuera?”“N?oquandoeleviuvocêpelaprimeiravez.”Elecutucoualgocomodedodopé,chutando-onoch?oempoeirado.Eraam?odesmembrada.Meuest?magoembrulhou.“Eupermaneciescondidoatéahoraeent?oassumiqueBeckett
identidade.”
“VocêficouparadoquandoquasefomosultrapassadospelosexércitosAscensionados.Pessoasmorreramevocêapenasficouparado?”O
desprezogotejoudomeutom.
Seuolharestaloudevoltaparaomeu.“Eun?osouumcovarde.”“Vocêdisseisso.”Meusorrisoerafraco.“Eun?o.”
Elen?osemoveuporumlongomomento.“AssistiraquelesexércitosdescendoemSpessa’sEndn?ofoifácil.Ficarescondidofoiumadascoisasmaisdifíceisquejáfiz.Mas,aocontráriodessesfalsosGuardi?es,souumProtetordaAtlantida,umverdadeiroGuardi?odoreino.EusabiaquemeupropósitoeramuitomaiordoqueaquedapotencialdeSpessa’sEndoumesmoamortedenossoPríncipe.”
“VerdadeiroGuardi?o?”Penseinasmulheresquedescendiamdeumalongalinhagemdeguerreiros–mulheresquehaviamsaltadodaAscens?oemtornodeSpessa’sEndeempunharamespadascommaisdestemordoqueeujátinhavistoocomandantefazer.Euriasperamente.“VocêépálidoepatéticocomparadoaosGuardi?es.”
Adorestourandoaoladodaminhabochechaerostofoioúnicoavisodequeelesemoveu–queeleatacou.Umgostometálicoencheuminhaboca.
“Euentendoqueascoisasdevemsermuitoconfusaseestressantes
paravocê”,disseele,seutomcarregadodefalsasimpatiaenquantoselevantavaedavaumpasso
voltar.“Massevocêmeinsultarmaisumavez,n?osereiresponsávelporminhasa??es.”
Umasensa??odecalorgeladopercorreuminhapele.Minhabochechalatejavaquandovireiminhacabe?aparaeleeencontreiseuolhar.“Vocêvaimorrer,”euprometi,sorrindoparaoruborvermelhoderaivamanchandosuasbochechas.“Seráporminham?o,eseráumamortedignadeumcovardecomovocê.”
Eledisparouemminhadire??o.Destavez,aescurid?oveiocomadorcortante,umadaqualeun?opoderiaescapar,n?oimportaoquantoeutentasse.
Rangendoosdentescontraapress?odasamarrasemvoltadomeupulso,lentamenteavanceiminham?oparaaesquerdaenquantoolhavaparaalan?anopeitodoesqueleto.Sanguefrescopingounapedraeeuparei,respirandocomdificuldade.
Esperei,tendoaprendidoque,acadacentímetroganho,asamarrasseafrouxavamumpouco.Adquiriresseconhecimentofoiumprocessolentoemeticuloso.
Focandoemrespira??esprofundaseconstantes,descanseioladodaminhacabe?acontraaparedeenquantomeubra?ointeirolatejava.Eun?otinhaideiadequantotempohaviasepassadodesdequeperdiaconsciência.
Deviamserhoras.Talvezmais,jáqueminhaspontadasdefomepassaramdeondasesporádicasparaumadorbaixaeconstanteemmeuest?mago.E
euestavacomfrio–todasaspartesdomeucorpopareciamgeladas.
Meuolharrastejousobreoscaix?esdepedra.Porqueelesreceberamahonradeumlugardedescansoadequado,enquantoosqueestavamcontraasparedesn?o?Essafoiapenasumadasmuitasperguntasqueeutive.
Certo,n?ofoinemdelongeomaisimportante,masprefiropensarsobreissodoquemeperguntarporqueaindaestavavivo.
Jansenalegouqueeueraumaamea?a.EtalvezoquequerquetenhadespertadoemmimnoTemplofoi.Talvezeufosseumaamea?a.Masporquememantervivo?Oufoiissoqueelesplanejaramotempotodo?Parameempurrarparaestacriptaemedeixaraquiatéqueeumorressedefomeouinani??o,metornandonadaalémdeoutrapilhaempoeiradadeossoscontraaparede.
Opanicoeraumtornoemtornodaminhagarganta,tornandomaisdifícilrespirar.Eudesliguei,noentanto.Eun?opodiamepermitircederao
medoquehaviaformadoum
sombraassombrosanofundodaminhamente.Eusairiadaqui,ouporcontaprópria,ouCasteelmeencontraria.
Eusabiaqueeletinhaqueestarprocurandopormim.Provavelmentecome?ounomomentoemqueeleacordou.Eeledestruiriatodooreino,senecessário.Eleiriameencontrar.
Euiriasairdaqui.
Masprimeiro,euprecisavadeumaarma.
Preparando-meparaador,lentamenteestiqueimeubra?o.Meusdedosro?aramocaboempoeiradodalan?a.Aexcita??ovibravaenquantoasamarrasseapertavamcommaisfor?aemvoltadomeupulso,cavandoemminhacarne.Adoraumentou–
Pedradeslizoucontrapedraemalgumlugarnaescurid?odacripta,interrompendominhatentativa.Ignorandoapulsa??ointensaemmeumembro,puxeiminham?odevoltaparaomeucolo,ondesanguefrescosejuntou,encharcandomeudeslizamento.Fiqueiolhandoparaassombras,esfor?ando-meparaverquemhaviachegado.
“Vejoquevocêfinalmenteacordou.”
Minhasm?ossefecharamempunhosaosomdavozdeAlastir.
Ummomentodepois,elepassousobobrilhodeumadastochas.ElepareciaomesmoquenoTemplo,excetoquesuatúnicapreta,comfiosdeouro,n?otinhamangas.“Euverifiqueivocêantes,masvocêestavadormindo.”
“Seufilhodaputatraidor,”eucuspi
Alastirparouentreduasdastumbasdepedra.“Euseiquevocêestácomraiva.Vocêtemtodoodireitodeser.Jansenconfessouqueperdeuapaciênciaebateuemvocê.Medesculpeporisso.Bateremquemn?oconseguesedefendern?ofazpartedojuramentoquefizemos.”
“Eun?omeimportoseelemebateu,”eusibilei,olhandoparaAlastir.
–EumeimportocomcomovocêtraiuCasteel.Comovocêparticipoudamortedeseusobrinho-neto.”
Suacabe?aseinclinoueassombrasesconderamacicatrizirregularemsuatesta.“Vocêvêoqueeuparticipeicomoumatrai??o.Euvejoissocomoumanecessidadecomplicadaparagarantiraseguran?adeAtlantia.”
Afúriaqueimoumeupeitoemeusangue.“ComoeudisseaJansen,eusómedefendi.EuapenasdefendiCasteeleKieraneJasper.Eupoderia-”
“Vocênuncateriafeitooquefezamenosqueacreditassequeessetipoderea??oerajustificável?”interrompeuele.“Vocêfoifor?adoausaropoderemseusanguecontraosoutros?”
Meupeitosubiaedesciapesadamente.“Sim.”
“Hámuitotempo,quandoosdeusesdenomeshámuitoesquecidosestavamacordadosecoexistiamcomosmortais,asregrasgovernavamasa??esdosmortais.Osdeusesatuaramcomoseusprotetores,auxiliando-osnosmomentosdecrise,eatéconcederamfavoresaosmaisfiéis”,disse.
“Eun?opoderiameimportarmenoscomessali??odehistóriaseminhaprópriavidadependessedisso”,eubufei.
“Maselestambémagiamcomojuiz,júriecarrascodosmortaisseasa??esdosmortaisfossemconsideradasofensivasouinjustificadas,”Alastircontinuoucomoseeun?otivessefalado.“Oproblemacomissoéqueapenasosdeusesescolheramoqueeraoun?oumatopunível.Incontáveismortaismorreramnasm?osdessesdeusesporofensast?opequenasquantodespertarairadeumdeus.Eventualmente,osirm?osmaisjovensselevantaramcontraessesdeuses.Masatendênciadereagirsempensar,muitasvezesalimentadaporpaix?oououtrasemo??esvoláteiseimprevisíveis,edereagircomviolência,eraumacaracterísticadaqualatémesmoosdeuseseramvítimas–especialmenteomaisvelhoentreeles.Foiporissoqueelesforamdormir.”
“Obrigadoporcompartilhar,”eurebati.“Masvocêaindan?oexplicouporquetraiuoPríncipe.PorquevocêusouBeckettparafazerisso.”
“Fizoqueprecisavaporqueotra?oviolentodosdeusesfoipassadoparaseusfilhos”,afirmou.“Asdivindadeseramaindamaiscaóticasemseuspensamentosemaneirasdoqueseuspredecessores.Algunsacreditavamqueeraainfluênciamortal,jáqueosdeusesantesdelescoexistiramcommortais,masn?oviviamentreeles.ElespermaneceramemIliseeum,enquantoseusfilhosviviamnoreinomortal.”
Iliseeum?AsTerrasdasSombras?Tudoissopareciadelirante,eminhapaciênciajáestavaquaseporumfio.Euestavapertodearriscarperderumam?oparaquepudesseagarraralan?aelan?á-lanobastardo.
“N?oseisefoiumainfluênciamortaloun?o,masdepoisqueosdeusesescolheramdormir,asdivindadessetornaram…”
“Muitopoderosoemuitoperigoso,”euinterrompi.“Eusei.Eujáouviisso.”
–MasJansendisseavocêoqueelesfizeramparamereceressedestino?Tenhocertezaquevocêjápercebeuquetodosaquelessepultadosaquis?odivindades.”Eleergueuosbra?os,gesticulandonadire??odossarcófagosedoscorpos.“Eletedisseporqueoselementaisatlantesselevantaramcontraeles,assimcomoseusantepassadosselevantaramcontraosdeusesoriginais?Eledissequetipodemonstroselessetornaram?”
“Eleestavamuitoocupadomebatendoparachegaraesseponto,”euzombei.“Ent?on?o.”
“Sintoquedevomedesculparporissomaisumavez.”
“Foda-se,”euengasguei,odiandoseupedidodedesculpas–aaparentesinceridadedesuaspalavras.Eeleosquisdizerlegitimamente.Eun?oprecisavadaminhahabilidadeparasaberdisso.
Suassobrancelhaslevantaram,eent?osuaexpress?osuavizou.“AsdivindadesconstruíramAtlantida,masquaseadestruíramemsuagananciaesededevida–seudesejoinsaciávelpormais.Sempremais.Elesn?oconheciamlimites.Seelesqueriamalgo,elespegavamoucriaram.àsvezes,parabeneficiaroreino.Muitodaestruturainternaquevocêvêaquiexisteporcausadeles.Mas,namaioriadasvezes,suasa??esapenasosbeneficiavam.”
OqueeledissemelembroumuitodosAscensionados.Elesgovernaramcomseusdesejosnavanguardadecadapensamento.
Euencareiele.“Ent?o,souumaamea?aquedeveserenfrentadaporquesoudescendentedeumadivindade,quepodeoun?oterproblemasdecontroledaraiva?”Umarisadaestranguladaseparoumeuslábios.
“Comoseeun?otivesseautonomiaefosseapenasumsubprodutodoqueestáemmeusangue?”
–Issopodeparecerinacreditávelparavocêagora,Penellaphe,masvocêacaboudeentrarnaSele??o.Maiscedooumaistarde,vocêcome?aráamostrarosmesmosimpulsoscaóticoseviolentosqueelesexibiam.Vocêéperigosoagora,massetornaráalgototalmentediferenteeventualmente.”
UmaimagemdamulherestranhacomocabeloaoluarapareceuantesEu.
“Piorainda,nofundodevocê,vocêémortal–muitomaisfacilmentemaisinfluenciadodoqueumatlanteouumlobo.Eporcausadessamortalidade,vocêestaráaindamaissujeitoaescolhasimpulsivas.”
Amulherdesapareceudaminhamenteenquantoeuolhavaparaele.
“Vocêestáerrado.
Osmortaiss?omuitomaiscautelososeprotetoresdavida.”
Elearqueouumasobrancelha.“Mesmoquefosseesseocaso,vocêdescendiadaquelesnascidosdacarneedofogodosdeusesmaispoderosos.
Suashabilidadess?osurpreendentementereminiscentesdaquelesque,seirritados,podemrapidamentesetornarcatastróficos,comotemperamentodevastador.Famíliasforamdizimadasporquealguémofendeuumadelas.
Cidadesdestruídasporqueumapessoacometeuumcrimecontraelas.Mastodospagaramopre?o–homens,mulheresecrian?as”,elemedisse,eainquieta??ocresceusobminharaiva.
“Ent?oelescome?aramasevirarunscontraosoutros,atacandoumaooutroenquantolutavamparagovernarAtlantia.Enoprocesso,eles
erradicaramtodo
LinhagensDeSangue.QuandoosdescendentesdeSaionforammortos,osceerenselevantaramcontraasdivindadesresponsáveis.Elesn?omorreramporquecaíramemdepress?o,nemsualinhagemsimplesmentesetornout?odiluídaqueacaboumorrendo.Outradivindadeosmatou.Muitasdessaslinhagensmorreramnasm?osdeumadivindade–aquelaquetantosacreditavamserdiferente.”Araivaapertouaslinhasdesuaboca.“Atéeufizumavez.Comoeupoderian?oacreditarqueeleeradiferente?Afinal,eledescendiadoReidosDeuses.Elen?opoderiasercomoosoutros.”
“Malec?”Imaginei.
Alastiracenoucomacabe?a.“Masmuitaspessoasestavamerradas.
Euestavaerrado.Eleeraopiordetodoseles.”
Tensa,euoobserveiseaproximareseabaixarnoch?odepedradiantedemim.Elesesentoucomumsuspiropesado,descansandoumbra?osobreumjoelhodobradoenquantomeestudava.“PoucaspessoassabiamdoqueoMaleceracapaz.Comoeramseuspoderesdivinos.Quandoeleosusou,eledeixoumuitopoucastestemunhasparatrás.Maseusabiaoqueelepoderiafazer.ArainhaEloanasabia.ReiValynfez.”Seusfriosolhosazuisencontraramosmeus.“Ashabilidadesdeleerammuitoparecidascomassuas.”
Eusugueiumarespira??ocurta.“N?o.”
“Elepodiasentiraemo??o,comoalinhagemempática.Acreditava-sequealinhagemdelesseramificoudaquelaquedeuorigemaMalec,tendosemisturadocomumalinhagemchangeling.Algunsacreditamquefoiporissoqueosdeusesfavoreceramosempatas.Queelestinhammaispeledoqueamaioria,”elecontinuou.
“Malecpodiacurarferidascomseutoque,masraramenteofaziaporquen?oeraapenasdescendentedoDeusdaVida,eletambémeradescendentedoDeusdaMorte.Nyktos.OReidosDeuseséambos.EashabilidadesdeMalectinhamumladonegro.Elepoderiapegaraemo??oedevolvê-laaosoutros,comoosempatas.Maselepoderiafazermuitomais.
”
N?otinhacomo.
“Elepoderiaenviarsuavontadeparaosoutros,quebrandoedespeda?andoseuscorpossemtocar.Elepodesetornaramorte.”Alastirsustentoumeuolharenquantoeubalanceiminhacabe?a.“Gostodevocê.
Seiquevocêpoden?oacreditarnissoeentendosen?oacreditar.MaslamentoporqueseiqueCasteelsepreocupaprofundamentecomvocê.Eun?osabianocome?o,masagoraseiqueseurelacionamentoéreal.Issovaimachucá-lo.Masesseéosanguequevocêcarregaemvocê,Penellaphe
VocêédescendentedeNyktos.VocêcarregaosanguedoReiMalecdentro
devocê,”eledisse,meobservando.“Euperten?oaumalongalinhagemdepessoasquefizeramumjuramentoparaprotegerAtlantiaeseussegredos.
Foiporisso
EuestavadispostoaquebrarmeuvínculocomMalec.Eéporissoquen?opossopermitirquevocêfa?aoqueelequaseconseguiu.”
Eradifícilparamimcompreendertotalmentequecarregavaqualquersanguedivinoemmim.Obviamente,eun?opodianegarquen?oeraapenasmeioatlanteemeiomortal.Alguémdeheran?amistan?opoderiafazeroqueeufiz.Nemmesmoumatlanteelementaleracapazdisso.MasalguémdescendedeNyktos?DoReiMalec?
AdivindadequecriouoprimeiroAscensionado?Suasa??eslevaramamilharesdemortes,sen?omais.
Queestavanomeusangue?
Eun?oconseguiaacreditarnoqueAlastirestavadizendo.Pareciat?oimpossívelquantooqueaduquesaTeermanhaviaafirmadosobreaRainhadeSolisserminhaavó.Issoeraimpossível.OsAscencionadosn?opodiamterfilhos.
“ComoeupoderiadescerdoMalec?”Euperguntei,mesmoqueparecesseimpossível.
“Malectevemuitasamantes,Penellaphe.Algunserammortais.Algunsn?oeram”,elemedisse.“Eeletevefilhoscomalgunsdeles–descendentesqueseespalharamportodooreino,estabelecendo-seemáreasdistantesdaqui.N?oédetodoimpossível.Existemmuitosoutroscomovocê–
aquelesquenuncaalcan?aramaidadedoAbate.Vocêédescendentedele.”
“Outrosquenuncaalcan?aram…”Euparei,umnovohorrorcome?andoatomarformaemminhamente.Bonsdeuses,foramAlastireJansen–equemsabequantosoutros–responsáveispelamortede…decrian?asaolongodosséculos?
“Masn?oéapenasalinhadesangue,Penellaphe.Fomosavisadossobrevocêhámuitotempo.Foiescritonosossosdoseuhom?nimoantesdeosdeusesadormecerem”,disseAlastir.Minhapelesearrepiou.
“’ComoúltimosangueEscolhidoderramado,ograndeconspiradornascidodacarneedofogodosPrimalsdespertarácomooPrecursoreoPortadordaMorteeDestrui??oparaasterraspresenteadaspelosdeuses.
Cuidado,poisofimvirádooesteparadestruirolesteedevastartudooqueestáentreeles.‘”
Euoencareiemumsilêncioatordoado.
“VocêéoEscolhido,nascidodacarneedofogodosdeuses.Evocêvemdooeste,paraasterrasqueosdeusesderam,”Alastirconferiu.“Vocêésobrequemseuhom?nimoavisou.”
“Você…vocêestáfazendotudoissoporcausadaminhalinhagemeumaprofecia?”Umarisadaásperasaiudemim.Haviacontosdeesposasantigassobreprofeciasecontosdedestrui??oemtodasasgera??es.Elesn?oeramnadaalémdefábulas.
“Vocên?oprecisaacreditaremmim,maseusabia–achoquesempresoube.”
Elefranziuatestaenquantoseusolhosseestreitaramligeiramente.
“Eusentiissoquandoolheiemseusolhospelaprimeiravez.Eleseramvelhos.Primitivo.Euviamorteemseusolhos,mesmotantosanosatrás.”
Meucora??ogaguejouedepoisacelerou.“Oque?”
“Nósnosencontramosantes.Ouvocêeramuitojovemparaselembrarouoseventosdanoiteforammuitotraumáticos”,disseAlastir,ecadapartedemimficouquenteedepoisfria.“N?opercebiqueeravocêquandoavipelaprimeiravezemNewHaven.Acheiquevocêpareciafamiliareisson?oparavademeincomodar.Algosobreseusolhos.Masfoisóquandovocêdisseonomedeseuspaisqueeusoubeexatamentequemvocêera.
CoralenaeLeopold.Coraeseule?o.”
Eusacudi,sentindocomoseoch?odacriptativessesemovidosobmim.Eun?oconseguiafalar.
“Eumentiparavocê,”eledissesuavemente.“Quandoeudissequeiriaperguntarparaversealguémsabiadelesoutinhapotencialmentetentadoajudá-losafugirparaAtlantia,eununcaplanejeiperguntaraninguém.Eun?oprecisavaporqueeraeu.”
Comocora??obatendoforte,saídomeuestupor.“Vocêestavalánaquelanoite?NanoiteemqueoCravenatacouapousada?”
Eleacenoucomacabe?aenquantoastochastremeluziamatrásdele.
Umaimagemdemeupaiseformouemminhamente,seustra?osconfusosenquantoeleolhavapelajaneladapousada,procurandoeprocurandoporalgooualguém.Maistardenaquelanoite,eledisseaalguémquesedemorounassombrasdaminhamente:“Estaéminhafilha.”
Eun?oconseguia…Eun?oconseguiarespirarenquantoolhavaparaAlastir.Avozdele.Suarisada.Sempresoout?ofamiliarparamim.EupenseiquemelembravadeVikter.Euestavaerrado.
“Vimencontrá-los,dar-lhespassagemsegura”,disseele,comavozcadavezmaiscansada.
“Elan?osabe,”Meupaidisseaquelasombraemminhamemóriaqueeununcapoderiaagarrartotalmente.Imagenspassaramrapidamenteportrásdosmeusolhos,instantaneosdememórias–lembran?asqueeun?otinhacertezaseeramreaisou
fragmentosdepesadelos.Meupai…seusorrisoestavatotalmenteerradoantesdeeleolharporcimadoombro.“Compreendido”,foiarespostadavozfantasma.Agoraeusabiaaquemaquelavozpertencia.
“Seuspaisdeveriamtersabidomelhordoquecompartilharoquesabiamcomninguém.”Alastirbalan?ouacabe?anovamente,destavezcomtristeza.–EvocêestavacertoaopresumirqueelesestavamtentandofugirdeSolis,paraficaromaislongepossíveldoreino.Elesforam.Elessabiamaverdade.Masveja,Penellaphe,suam?eeseupaisempresouberamexatamenteoqueosAscensionadoseram.”
Eurecuei,malsentindoadoremmeuspulsosepernas.“N?o.”“Sim,”
eleinsistiu.Masn?ohaviacomoissoserverdade.Euconheciameupaiseramboaspessoas.Eumelembreidisso.Boaspessoasn?oteriamficadoparadas,semfazernada,sesoubessemaverdadesobreosAscensionados.Percebioqueaconteceuquandoascrian?asforamentreguesduranteoRito.Boaspessoasn?oficamemsilêncio.Elesn?oeramcúmplices
“Suam?eeraafavoritadafalsaRainha,maselan?oeraumaLadyinWaitdestinadaaAscender.ElaeraumacriadadaRainha.”
Handmaiden?Algosobreissoatingiuumacordedefamiliaridade.
Foradocaosagitadodaminhamente,euvi…mulheresqueestavamsemprecomaRainha.Mulheresdepretoquenuncafalavamevagavampeloscorredoresdopaláciocomosombras.Eles…elesmeassustaramquandocrian?a.sim.Eumelembreidissoagora.Comoeuesquecideles?
“Suasservaseramseusguardaspessoais.”AssobrancelhasdeAlastirsefranzirameacicatrizemsuatestaseaprofundou.“Casteelsabequeeleseramumaespéciedepesadeloúnico.”
Eulevanteiam?oecongelei.CasteelforadetidopelaRainhaporcincodécadas,torturadoeusadoporelaeoutros.Elefoilibertadoantesdonascimentodeminham?e,masseuirm?oficouemseulugar.
Masminham?e,minham?egentil,suaveeindefesan?opoderiatersidoassim.SeelafosseumdosguardaspessoaisdaRainha,pesadelooun?o,elateriasidotreinadaparalutar.Elateria–
Elateriasidocapazdesedefender.
N?oentendi.N?osabiaseissoeraverdade.Maseusabiaoqueera.
“Você,”eurespirei,todoomeuserficandoentorpecidoenquantoeuolhavaparaohomemdequemeutinhafeitoamizade.Queeuconfiei.“Foivocê.
Vocêostraiu,n?oé?”
“N?ofuieuquemferiuseupai.N?ofuieuquemtraiusuam?e”,respondeuele.“Masnofinal,n?oimporta.Euosteriamatadodequalquermaneira.Euteriamatadovocê.”
Umarisadaásperairrompeudemimenquantoaraivaeadescren?atorciamminhasentranhas.“Sen?ofoivocê,quemfoi?OCraven?”
“HaviaCravenlánaquelanoite.Vocêcarregasuascicatrizes.Elesforamconduzidosdiretoparaasportasdapousada.”Elen?opiscou.Nemumavez.“Eleosconduziuatélá.Oescuro.”
“Mentiroso!”Eugritei.“Casteeln?otevenadaavercomoqueaconteceu.”
“EununcadissequeCasteelfez.Euseiquen?ofoiele,emboraeununcatenhavistoorostoportrásdacapaecapuzqueeleusavaquandoveioparaaquelapousada,”Alastirrespondeu.“Outrascoisasestavamemjogonaquelanoite.Escurid?oquesaiudaminhainfluência.Euestavaláparaajudarseuspais.Issoéoqueeufiznaquelaépoca.Masquandoelesmedisseramoquevocêpoderiafazer,eusabia–eusabiadequemvocêvinha.Ent?o,quandoaescurid?ochegouàquelasportas,eudeixeientrar.”
Eun?osabiaseacreditavaneleouseimportavasemeuspaismorreramporsuasm?osoun?o.Eleaindatinhadesempenhadoumpapelnamortedosmeuspais,deixandoIaneeuetodososoutrosaliparamorrertambém.Deixando-meserdilaceradoporgarrasedentes.Aquelador.
Aquelanoite.Issotinhameassombradoportodaaminhavida.
Umarespira??oestremeceuforadele.“Eudeixeientrarefuiembora,acreditandoqueapartemaissujadomeudeverestavacumprida.Masvocêsobreviveu,eaquiestamosnós.”
“Sim.”Apalavraretumboudemimemumrosnadoqueteriamesurpreendidoemqualqueroutromomento.“Aquiestou.Oqueagora?Vocêvaimematar?Oumedeixeaquiparaapodrecer?”
“Sefosseassimt?osimples.”Eleseapoiouemumadasm?os.“Eeununcadeixariavocêaquiparaterumamortet?olenta.Issoébárbarodemais.”
Eleaomenosouviuasimesmo?“Emeacorrentarnessesossoseraízes,n?oé?Deixarminhafamíliaeeumorrern?oébárbaro?”
“Foiummalnecessário”,afirmou.“Masn?opodemossimplesmentematarvocê.Talvezantesdevocêchegar–antesdonotamPrimaltravadonolugar.Masagoran?o.Oslobosviramvocê.Elessentiramvocê.”
Meuolharsefixounele.“Porquevocên?omudoucomoosoutros?AmaneiracomooReieaRainhafalavam,eracomoseelesn?otivessemcontrolesobresuasformas.Elestiveramqueatenderaminhachamada.”
“éporqueeun?opossomaismudarparaminhaformadelobo.
QuandoquebreimeujuramentoaoreiMalec,corteiaconex?oentremimemeuladolobo.Ent?o,eun?ofuicapazdesentironotamPrimal.”
Ochoquecintiloudescontroladamentepormim.Eun?osabiadisso.
“Você…vocêaindaéumlobo,ent?o?”
“Euaindatenhoavidaeafor?adeumlobo,masn?opossomudarparaminhaverdadeiraforma.”Seuolharnublado.“àsvezes,parecequefaltaummembro–aincapacidadedesentiramudan?atomarcontademim.
Masoquefiz,fizsabendomuitobemquaisseriamasconsequências.
Muitosoutrosn?oteriamfeitoisso.”
Deuses,issotinhaqueserinsuportável.Deviaparecer…Eusentiquandoelesmefor?aramausarovéu.PartedemimficouimpressionadacomalealdadedeAlastiràAtlantidaeàRainha.Eissodiziamuitosobreseucaráter–quemeleeracomohomem,umlobo,eoqueestavadispostoafazeraservi?odeseureino.
“Vocêfezisso,masn?ovaimematar?”
“Senósmatássemosvocê,vocêsetornariaummártir.Haveriaumarevolta,outraguerra,quandoaverdadeirabatalhaestivesseanossooeste.”
EleestavafalandosobreSolis–sobreosAscensionados.“Euqueroevitarisso.Evitecriaraindamaisproblemasparaonossoreino.Eembreve,vocên?oserámaisnossoproblema.”
“Sevocên?ovaimemataroumedeixaraquiparamorrer,estouumpoucoconfusacomoquevocêplanejafazer,”eumordi.
“EudareiaosAscensionadosoqueelesestavamt?odesesperadosparamanter”,disseele.“Euvoudaraelesvocê.”
capítulo5
Eun?opoderiaterouvidodireito.N?ohavianenhumamaneiraqueeleplanejoufazeroqueeledeclarou.
“Ninguémserámaissábioatéquesejatardedemais”,disseele.“Vocêestaráforadoalcancedeles,comotodososoutrosqueosAscensionadostomaram.”
“Isso…issonemfazsentido,”eudisse,atordoadaquandopercebiqueeleestavafalandosério.
“N?oé?”
“N?o!”Euexclamei.“Porváriasraz?es.Come?andocomcomovocêplanejamelevaratélá.”
Alastirsorriuparamimeminhainquieta??oaumentou.“Penellaphe,querida,vocên?oestámaisdentrodosPilaresdaAtlantida.VocêestánaCriptadosEsquecidos,nasprofundezasdasMontanhasSkotos.Sealguémsouberquevocêestáaqui,n?ooencontrará.Nósjáteremosidoatélá.”
Minhasentranhasgelaramquandoadescren?aaumentou.“ComovocêpassoupelosGuardi?es?”
“Aquelesquen?osabiamdanossapresen?asentiramobeijodasombradassombras.”
“Eaquelesquen?oeram?”Euperguntei,jáadivinhandooquehaviaacontecidocomeles.“VocêmatouGuardi?es?”
“Fizemosoqueprecisavaserfeito.”
“Deuses,”eusussurrei,engolindoaraivaeopanicoquegiravamdentrodemim.“ElesprotegeramAtlantia.Eles-”
“Elesn?oeramosverdadeirosGuardi?esdaAtlantida,”elemecortou.
“Sefossem,elesteriamtederrubadonomomentoemquevocêapareceu.”
Meulábiosecurvouenquantoeuforceiminharespira??oapermaneceruniforme.“Mesmosevocêmeentregaraeles,comon?osereiproblemadeAtlantiasevocêmedevolveràspessoasqueplanejamusarmeusangueparafazermaisvampiros?”
Eleergueuopesodesuam?oesentou-seereto.“éissoqueelesplanejam?”
“Oquemaiselesplanejariamfazer?”Euexigi.Derepente,lembrei-medaspalavrasdaDuquesaTeermanemSpessa’sEnd.ElaalegouquearainhaIleanaficariaemocionadaaosaberqueeuhaviamecasadocomopríncipe.
Queeuseriacapazdefazeroqueelanuncafoicapazdefazer–destruiroreinopordentro.AntesqueeupudessepermitirqueessaspalavrassemisturassemcomoqueAlastirdissesobreeuserumaamea?a,euasempurreidelado.AduquesaTeermanhaviacontadomuitasmentirasantesdemorrer,come?andocomoqueeladissesobreaRainhaIleana,umavampiraincapazdeterfilhos,sendominhaavó.ElatambémalegouqueTawnytinhapassadopelaAscens?o,usandoosanguedoPríncipeMalik.
Eutambémn?oconseguiaacreditarnisso
Alastirmeolhouemsilêncioporummomento.“Venhaagora,Penellaphe.VocêrealmenteachaqueosAscensionadosn?otêmideiadequetiveramodescendentedeNyktosemsuasgarrasporquasedezenoveanos?Maistempo?”
Ian.
Minharespira??oficoupresa.EleestavafalandosobreIan.“Disseram-mequeIanAscensionou.”
“Eun?oteriaconhecimentodisso.”
“MasvocêachaqueaRainhaIleanaeoReiJalarasabiamquesomosdescendentesdeNyktos?”Quandoelen?odissenada,luteicontraavontadedemelan?arsobreele.“Oqueesseconhecimentomuda,afinal?”
“Elespoderiamusarvocêparafazermaisvampiros,”eleconcordou.
“Ouelessabemdoquevocêécapaz.Elessabemoquefoiescritosobrevocêeplanejamusá-locontraAtlantia.”
Meuest?magoembrulhou.AideiadeserentregueaosAscensionadoseraaterrorizanteosuficiente.MasparaserusadocontraAtlantia–contraCasteel?“Ent?odeixe-meperguntardenovo,comoisson?oéproblemadeAtlantiaseeles…?”Euempurreiparatráscontraaparede,meusolhossearregalando.
“Espereumminuto.VocêdissequemuitopoucaspessoassabiamoqueMalecpoderiafazer
–quemeuspresenteseramcomoosdele.ElespoderiamteradivinhadoqueIaneeutínhamossanguedeDeusemnós,mascomoelesconheceriamnossalinhagem?”Inclinei-meomaisquepude.“VocêestátrabalhandocomosAscensionados,n?oé?”
Seuslábiosseestreitaram.“AlgunsAscensionadosestavamvivosquandoMalecgovernou.”
“NaépocaemqueJalaralutoucontraosAtlantesemPompay,Malecn?oestavamaisnotrono”,eudisse.“N?osóisso,maselefoicapazde
manteravastamaioriadosAtlantesnoescurosobresuashabilidades–
sobredequemeledescendia.MasalgumAscensionadoaleatóriosabia?
Aquelequeconseguiusobreviveràguerra?Porquecomcertezan?oeraJalaraouIleana.Elesvieram
dasIlhasVodina,ondeestoudispostoaapostarqueelesascenderam.”Meulábiosecurvouemdesgosto.“VocêafirmaqueéumverdadeiroProtetordeAtlantia,masvocêconspiroucomseusinimigos.Aspessoasquemantiveramseusdoispríncipescativos?Aspessoas-”
“Isson?otemnadaavercomminhafilha,”eledisse,eeupressioneimeuslábios.“Tudooquefiz,fizpelaCoroaepeloreino.”
Acoroa?Umahorrívelfriezaseespalhouemmeupeitoenquantominhamentegiravadeumadescobertaapósaoutra.Euabriminhabocaefecheiantesdefazeraperguntaqueeun?otinhacertezasequeriasaberaresposta.
“Oque?”Alastirperguntou.“N?ohánecessidadedejogaroquietoagora.Nósdoissabemosquevocên?oéassim.”
Meusombrossecontraíramquandolevanteimeuolharparaele.–OspaisdeCasteelsabiamquevocêiafazerisso?EleslutaramnoTemplo,masissopoderiatersidoumaatua??o.“Elessabiam?”
Alastirmeestudou.“Issoimporta?”
Sim,sim.“Sim.”
“Elesn?osabemsobreisso”,disseele.“Elespodemterespeculadoquenossa…irmandadehaviaselevantadomaisumavez,maselesn?otiveramnenhumaparticipa??onisso.Elesn?ov?ogostardoqueeufizparte,masacreditoqueelesver?oanecessidadedisso.”Eleinalouprofundamentepelonariz,inclinandoacabe?aparatrás.“Esen?oofizerem,tambémser?otratadoscomoumaamea?a.”
Meusolhossearregalarammaisumavez.“Você…vocêestáencenandoumgolpe.”Seuolharvoltouparaomeu.
“N?o.EstousalvandoAtlantia.”
“VocêestásalvandoAtlantiatrabalhandocomosAscensionados,colocandoopovodoreinoemaindamaisperigo,ederrubandooufazendoalgopiorparaaCoroaseelesdiscordaremdesuasa??es?Issoéumgolpe.
Issotambémétrai??o.”
“Sósevocêjuroulealdadeàscabe?assobreasquaisacoroaseassenta”,elerebateu.“Eeun?oachoquevaichegaraesseponto.EloanaeValynsabemqueprotegerAtlantiapodesignificarseenvolveremalgumasdasa??esmaisdesagradáveis.”
“EvocêachaqueCasteelvaiconcordarcomisso?”Euexigi.“QuedepoisdevocêmeentregaraoAscensionado,elesimplesmentedesistiráeseguiráemfrente?Queelevaisecasarcomsuasobrinha-netadepoisdesuafilha…”EumecorteiantesdeexporoqueShearealmentetinhafeito.
Negarisson?oeraporcausadele.Deuses,n?o.Odesejodeverseurostoquandosoubesseaverdadedoque
suafilhatinhamequeimadoviolentamente,maspareiporrespeitoaCasteel
–peloqueeletevequefazer.
Alastirolhouparamim,suamandíbulaapertada.–VocêteriasidobomparaCasteel,masnuncateriasidominhafilha.
“Muitobem,”eudisse,minhasunhascravandoemminhaspalmas.
Leveiváriosmomentosparaconfiaremmimmesmoantesdefalarnovamente.“Casteelmeescolheu.Elen?ovaiseviraresecasarcomsuasobrinha-netaououtromembrodafamíliaquevocêpossaarrastarantesdele.TudooquevocêestáfazendoestáfazendocomqueelearrisquesuavidaeofuturodeAtlantia.Porqueelevirápormim.”
Olhospálidosencontraramosmeus.“Eun?oachoquechegaremosaesseponto.”“Vocêestádelirandoseacreditanisso.”
“N?oéqueeuacreditequeelevaidesistirdevocê”,disseele.“Eusimplesmenten?oachoqueeleteráachancedeencenarumatentativaderesgate.”
Meucorpointeirotrancado.“Sevocêomachucar-”
“Vocên?ovaifazernada,Penellaphe.Vocên?oestáemposi??odefazernada,”eleapontou,eeuengoliumgritoderaivaefrustra??o.“Masn?otenhoplanosdeprejudicaropríncipe.Eeuoroaosdeusesparaquen?ochegueaesseponto.”
“Ent?ooque…?”Ent?omeocorreu.“VocêachaqueoAscensionadovaimematar?”
Alastirn?odissenada.
“Vocêestádelirando.”Euinclineiminhacabe?aparatráscontraaparede.“OsAscensionadosprecisamdemim.Elesprecisamdesangueatlante.”
“Diga-me,Penellaphe,oquevocêfaráquandoestivernasm?osdeles?
Nomomentoemquevocêestálivredosossos.Vocêvaiatacá-los,n?oé?
VocêvaimataromáximoquepuderparaselibertarevoltarparaonossoPríncipe.”
Eleestavacerto.
EumatariaqualquerumqueficasseentreCasteeleeuporquemerecíamosficarjuntos.Merecíamosumfuturo,umachancedeexplorarossegredosumdooutro.Paraamarumaooutro.Nósmerecíamossimplesmente…viver.Eufariaqualquercoisaparagarantirisso.
Alastircontinuoumeobservando.“EoquevocêachaqueéaúnicacoisaqueoAscensionadovalorizaacimadopoder?Sobrevivência.Elesn?oter?oessesossosparasegurá-lo.Eseelesacreditaremquen?opodemcontrolarvocê,pensarquevocêéumgranderisco,elesv?oacabarcom
você.Masantesqueissoaconte?a,imaginoquevocêlevarámuitoscomvocê.”
Enojado,forceiminhasm?osarelaxarem.“Matardoiscoelhoscomumacajadadasó?”
Eleassentiu.
“Mesmosevocêforbem-sucedido,seuplanoaindafalhará.VocêachaqueCasteeln?ovaisaberquevocêetodososoutrossupostosProtetoresmeentregaramaeles?Queoslobosn?ov?osaber?”
“Aindaexisteoriscoderevolta”,admitiu.“Masépequeno.Veja,vamoslevá-losaacreditarquevocêescapoudocativeiroecaiunasm?osdosAscensionados.Elesnuncasaber?oquenósdemosvocêaeles.Elesir?odirecionarsuaraivaparaosAscensionados,ondedeveriaterestadosempre.TodososAscensionadosser?omortosequalquerumqueosapóiecairáaoladodeles.Atlantiavaipegardevoltaoquenospertence.Nósnostornaremosumgrandereinonovamente.”
Algosobrecomoelefaloumedissequeeusentiriaorgulhoearrogancianelesepudesseusarmeudom.Tambémtiveasensa??odequeteriasededemais.N?oacreditei,porumsegundo,quesuaúnicamotiva??oerasalvarAtlantia.N?oquandoseuplanocolocasseoreinoemriscoaindamaior.N?oquandoseuplanopoderiabeneficiá-loseelesobrevivesseaisso.
“Eutenhoumapergunta,”eupergunteienquantomeuest?magovazioroncava.Elearqueouumasobrancelha.“OqueacontecerácomvocêseMalikouCasteelsetornarrei?Vocêaindaseráumconselheiro?”
“SeriaoqueoReiouRainhaescolher.Normalmente,éumloboligadoouumaliadoconfiável.”
“Emoutraspalavras,n?oseriavocê?”QuandoAlastirficouemsilêncio,eusabiaqueestavanocaminhocerto.“Ent?o,qualquerinfluênciaquevocêtenhasobreaCoroa–sobreAtlantia–podeserdiminuídaouperdida?”
Elepermaneceuemsilêncio.
EjáqueJaspereraquemfalavapeloslobos,queefeitoAlastirteria?E
quetipodepoderelequeriaexercer?
“Oquevocêquerchegar,Penellaphe?”
“CrescendoentreosRoyalseoutrosAscensionados,aprendidesdemuitojovemquecadaamizadeeconhecimento,cadafestaoujantarparaoqualumapessoafoiconvidadaouhospedada,ecadacasamentoordenadopeloReiepelaRainhaerammovimentosdepoder.Cadaescolhaedecis?obaseava-seemcomoalguémpoderiareteropoder,influenciarouobtê-lo.
N?oachoquesejaumacaracterísticaapenasdosAscensionados.Euviissoentreosmortaisricos.EuviissoentreosGuardasReais.Duvidoqueoslobosouatlantessejamdiferentes.”
“Algunsn?o”,Alastirconfirmou.
“Vocêacreditaqueeusouumaamea?aporcausadosanguequecarrego,eporcausadoquepossofazer.Masvocênemmesmomedeuachancedeprovarquen?osouapenasasomadoquemeusancestraisfizeram.Vocêpodeescolhermejulgarcombasenoquefizparadefenderamimmesmaeàquelesqueamo,masn?omearrependodeminhasa??es”,disseaele.–Vocêpoden?osercapazdesentironotamPrimal,massevocêplanejouqueCasteelsecasassecomsuasobrinha-netaparajuntarosloboseosatlantes,ent?on?opossoverporquevocên?oapoiariaestauni?o.DêumachancedefortaleceraCoroaeAtlantia.Masisson?oétudoquevocêquer,é?”
Suasnarinasdilataramenquantoelecontinuavaolhandoparamim.
“OpaideCasteelquerretribui??o,assimcomovocê.Direito?Peloquefizeramàsuafilha.MasCasteeln?oquerguerra.Vocêsabedisso.Eleestátentandosalvarvidasenquantoganhaterras.AssimcomoelefezcomSpessa’sEnd.”
IssofoioqueCasteelplanejou.Negociaríamosasterrasealiberta??odoPríncipeMalik.Gostariadeencontrarmeuirm?oelidarcomoqueelepodeoun?otersetornado.OreiJalaraearainhaIleanan?opermaneceriamnotrono,nemmesmoseconcordassemcomtudoqueCasteelcolocavadiantedeles.Elesn?opodiam.Eleiriamatá-lospeloqueelessujeitaramseuirm?oeele.Estranhamente,aideiadisson?omefaziamaiscontorcercomoconflito.AindaeradifícilreconciliaraRainhaquecuidoudemimdepoisquemeuspaismorreramcomaquelaquetorturouCasteeleincontáveisoutros,maseutinhavistoosuficienteparasaberqueotratamentodelacomigon?ofoisuficienteparaapagaroshorroreselainfligiuaoutros.
Masagora,seAlastirtivesseoquequeria,esseplanonuncapoderiasetornarrealidade.“OqueelefezcomSpessa’sEndfoiimpressionante,masn?oéosuficiente,”afirmouAlastir,suavozmonótona.“Mesmosepudéssemosrecuperarmaisterras,n?oseriaosuficiente.OReiValyneeuqueremosverSolispagar,n?oapenaspornossasperdaspessoais,maspeloqueosAscensionadosfizeramamuitosdenossos
Gentil.”
“Issoécompreensível.”PerceberoqueIanpoderiatersetornadojáeradifícilosuficiente.MasTawnytambém–minhaamigaqueerat?ogentilecheiadevidaeamor?SeelesativessemtransformadoemumaAscensionada,comodiziaaDuquesaTeerman,seriadifícilparamimn?oquererverSolisqueimar.–Ent?o,vocên?oapoiaoplanodeCasteel.Vocêquersangue,masomaisimportante,vocêquerainfluênciaparaconseguiroquedeseja.Evocêvêessepoder
escorregandoporentreseusdedos,emboraeun?otenhafeitoumaúnicareivindica??oàCoroa.”
“N?oimportasevocêqueracoroaoun?o.Enquantovocêviver,éseu.
éseudireitodenascen?a,eoslobosgarantir?oquesetorneseu”,disseele,falandodeseupovocomosen?ofossemaisumdeles.Etalvezelen?osesentissecomoseestivesse.Eun?osabiaen?omeimportava.“AssimcomoeradeCasteel.N?oimportasevocêdetestaaresponsabilidadetantoquantoopríncipe.
“Casteeln?odetestaresponsabilidade.TenhocertezaqueelefezmaispelopovodeAtlantiaemsuavidadoquevocêfezdesdequequebrouseujuramentoaMalec,”euatireidevolta,enfurecido.“Eleapenas-”
“Recusa-seaacreditarqueseuirm?oéumacausaperdidae,portanto,recusa-seaassumiraresponsabilidadedotrono–oqueseriadomelhorinteressedeAtlantida.”Ummúsculopulsouemsuamandíbula.“Ent?o,cabeamimfazeroqueémelhorparaoreino.”
“Vocês?”Euri.“Vocêqueroqueémelhorparavocê.Suasmotiva??esn?os?oaltruístas.Vocên?oédiferentedeninguémquetemfomedepoderevingan?a.Esabedeumacoisa?”
“Oque?”elelatiuquandosuafachadadecalmacome?ouarachar.“Esteseuplanoiráfalhar.”
“Vocêacha?”
Euconcordei.“Evocên?ovaisobreviveraisso.Sen?opelaminham?o,ent?opeladeCasteel.Elevaitematar.Eelen?ovaiarrancarseucora??odeseupeito.Issoserámuitorápidoeindolor.Elevaifazersuamortedoer.”
“N?ofiznadapeloqualn?oestejadispostoaaceitarasconsequências”,respondeuele,erguendooqueixo.“Seamorteémeudestino,queseja.Atlantiaaindaestaráasalvodevocê.”
Suaspalavrasteriammeperturbadoseeun?otivessevistoamaneiracomosuabocaseapertououcomoeleengoliu.Eusorrient?o,assimcomoeusorriquandoolheiparaDukeTeerman.
Alastirselevantouderepente.“Meuplanopodefalhar.Issoépossível.
Euseriatolosen?olevasseissoemconsidera??o.Eeutenho.”Eleolhouparamim.“Massefalhar,vocên?oestarálivrenovamente,Penellaphe.Euprefeririaverumaguerraentremeupovodoqueteracoroaassentadasobresuacabe?a,evocêdesencadeousobreaAtlantida.”
Emalgummomento,acomidafoitrazidaparamim,carregadaporumhomemoumulherusandoamáscaradebronzedeumdescendente.Elescolocaramabandejaaomeualcancee,emseguida,rapidamenterecuaramsemdizerumapalavra,deixando-meimaginandoseAlastireessesProtetoreshaviamdesempenhadoumpapelnoataqueaoRito.Casteeln?oordenouqueoataquefosserealizadoemnomedoEscuro,masforaorganizadoebemplanejadodequalquermaneira.AlguémateoufogoparaatrairmuitosdosGuardasRise–algoqueJansenpoderiatergarantidoqueacontecesse.
Eucerreiminhamandíbulaenquantoolhavaparaopeda?odequeijoeopeda?odep?oembrulhadoemumpanosoltoaoladodeumcopod’água.
QuandoCasteelsoubessequen?oapenasAlastirotraíra,masqueJansentambém,suaraivaseriaimplacável
Esuador?
Seriat?ocruel.
MasoquesentiquandopenseisobreoenvolvimentodeAlastirnanoiteemquemeuspaismorreram?Araivaqueimouminhapele.Eleestevelá.Eleveioparaajudarminhafamíliae,emvezdisso,ostraiu.EoqueeledissesobremeuspaissaberemaverdadesobreosAscensionados?
Obviamente,elesaprenderamaverdadeeescaparam.Isson?osignificavaqueelessabiamporanosenquantoficavamparadosen?ofaziamnada.
Eminham?e?Umadonzela?Seissofosseverdade,porqueelan?olutounaquelanoite?
Oueusimplesmenten?omelembravadoqueelatinha?
Haviatantacoisaqueeun?oconseguialembrarsobreaquelanoite,coisasqueeun?oconseguiadecifrarcomoreaisouapenaspesadelos.Eun?opodiaacreditarquetinhaesquecidodeles.Euostinhabloqueadoporqueestavacommedodeles?Oquemaiseuhaviaesquecido?
Independentementedisso,eun?otinhaideiaseasServasdaRainhaeramguardasoun?o.Eeun?oacreditavaquequalquerescurid?o–alémdeAlastir–estivesseenvolvidanaquelanoite.Seusensodistorcidodehonraeretid?ooimpediudeconfessaroquehaviafeito.Dealgumaforma,elelevouaquelesCravenaténóseent?odeixoutodosnaquelapousadaparamorrer.Tudoporquecarregueiosanguedosdeusesdentrodemim.
TudoporqueeueradescendentedoreiMalec.
Umapartedemimaindan?oconseguiaacreditaremnadadisso–avelhapartedemimquen?otinhasidocapazdeentenderoquesobremim,alémdeumpresentequeeun?otinhapermiss?oparausarouternascidoemumredemoinho,tinhafeitoeuespecialosuficienteparaseroEscolhido.Aben?oado.Adonzela.Eessapartemelembroudequandoeueracrian?aecostumavameesconderatrásdotronodaRainhaIleanaemvezdeirparaomeuquartoànoiteporqueaescurid?omeassustava.Eraamesmapartequemepermitiapassarastardescommeuirm?o,fingindoquemeuspaisestavamcaminhandojuntosnojardim,emvezdeteremsumidoparasempre.Pareciaincrivelmentejovemeingênuo.
Maseun?oeramaisaquelagarotinha.Eun?oeraajovemDonzela.O
sangueemmimexplicavaosdonscomosquaisnascieporquemetorneiaDonzela–comomeudomhaviacrescidoeporqueminhapelebrilhava.
Tambémexplicavaadescren?aeaagoniaquesentidarainhaEloana.Elasabiaexatamentedequemeudescendia,edevetê-ladeixadodoentepensarqueseufilhosecasoucomodescendentedeumhomemqueatraiurepetidamenteequasedestruiuseureinonoprocesso.
Comoelapoderiamerecebersabendoaverdade?
SeráqueCasteelpoderiameolhardamesmaforma?
Meupeitotorceudolorosamenteenquantoeuolhavaparaacomida.EuteriaachancedeverCasteelnovamente?SegundossetransformaramemminutosenquantoeutentavaevitarquemeuspensamentossevoltassemparaoqueAlastirplanejava.Eun?opodiamepermitirpensarmuitonisso–
pensarsobreopiorcenárioacontecendoemminhamente.Seeufizesse,opanicocontraoqualeuestavalutandotomariaocontroledemim.
Eun?odeixariaoplanodeAlastirdarcerto.Eun?opude.Euprecisavaescaparoulutarnosegundoquepudesse.Oquesignificavaqueeuprecisavademinhafor?a.Eutivequecomer.
Estendendoam?ocomcuidado,quebreiumpeda?odequeijoeoproveicuidadosamente.Haviapoucosabornisso.Ase??odep?oqueexperimenteiemseguidaestavadefinitivamenteran?osa,masrapidamentecomiosdoisebebiaágua,tentandon?opensarnogostoásperoounoqu?osujoprovavelmenteestava.
Assimqueterminei,volteiminhaaten??oparaalan?a.Eun?oseriacapazdeescondê-lo,mesmosepudesselibertá-lodapobrealmaaomeulado.Masseeupudessequebraralamina,talveztivesseumachancemelhor.Respirandofundoqueparecia…estranhamentepesado,avanceiminham?oemdire??oàlan?aepareiderepente.N?oforamasliga??es.
Elesn?otinhamapertado.
Euengoliemeucora??odeuumpulo.Umaestranhado?urarevestiuapartedetrásdaminhagargantaemeus…meuslábiosformigaram.
Pressioneiaspontasdosmeusdedosnelesen?openseitersentidoapress?o.Tenteiengolirnovamente,maspareciaestranho–comoseamecanicadaminhagargantativessedesacelerado.
Acomida.Ogostofortedaágua.Oh,
deuses.
Essedocesabor.Aspo??esparadormirqueosCurandeirosprepararamemMasad?niatinhamumgostoadocicado.Haviaumaraz?oparaeurecusarosrascunhos,n?oimportaoqu?opoucoeudormisse.Eleserampoderososedeixavamvocêcompletamenteinconscienteporhorasehoras–deixandovocêtotalmentedesamparado.
Elesmedrogaram.
FoiassimqueAlastirplanejoumemover.ComoeleplanejoumeentregaraoAscensionado.Eleseriacapazderemoverasamarrascomseguran?aquandoeuestivesseinconsciente.Equandoeuvimpara…
Haviaumaboachancedeeuestarnasm?osdosAscensionadosmaisumavez.
EoplanodeAlastirprovavelmenteseconcretizariaporqueeununcapermitiriaqueosAscensionadosmeusassemparanada.
Araivadeles–edemimmesmo–explodiudentrodemimeent?orapidamentedeulugaraopanicoenquantocambaleavaparaaparede.Eumalsentiadordoapertodasamarras.Desesperado,pegueialan?a.Seeupudessepegaraquelalamina,n?oestariadesarmado,mesmocomomalditoossoeraízes.Tenteiagarrá-lo,masmeubra?on?olevantava.N?opareciamaisserpartedemim.Minhaspernasficarampesadas,dormentes.
“N?o,n?o,”eusussurrei,lutandocontraocalorinsidiosoqueseinfiltravaemmeusmúsculos,minhapele
Masn?oadiantou.
Adormênciavarreumeucorpo,amortecendominhaspálpebras.N?ohouvedorquandoonadaveioparamimdestavez.Simplesmenteadormeci,sabendoqueacordariaparaumpesadelo.
Capítulo6
Luzescintilantescobriamotetodacriptaquandoabriosolhos.Meuslábiossesepararamenquantoeutragavaprofundosgolesde…arfrescoelimpo.N?oeraotetoouasluzesquevi.Eleseramestrelas.Euestavafora,n?omaisnacripta.
“Droga,”umhomemàminhadireitajurou.“Elaestáacordada.”
Meucorporeagiuimediatamenteaosomdavoz.Euempurrei–
Apress?opressionoutodoomeucorpo,seguidaporumaondaagudaepungente.Minhamandíbulasefechoucontraogritodedorquandominhacabe?alevantoudeumasuperfícieplanaedura.Ossosdemarfimentrela?adoscomraízesgrossaseescurasestendem-sedomeupeitoaosjoelhos.
“Tudobem.Elan?oestáselibertando.”
Meuolharvarreunadire??odavoz.OComandanteJansenestavaàminhaesquerda,umamáscaradeloboprateadaescondendoseurosto.Eleinclinouseucorpoemdire??oaomeu.Atrásdele,viosrestosemruínasdeumaparededepedrabanhadapeloluar,enadaalémdeescurid?o.“Ondeestou?”Eumurmurei.
Suacabe?ainclinadaparaolado,seusolhosnadaalémdesombrasdentrodasfendasfinasdamáscara.“VocêestánoquerestadacidadedeIrelone.Isso,”elerespondeuenquantoabriaosbra?osamplamente,“éoquerestadooutroragrandeCasteloBauer”.
Irelone?Issosoouvagamentefamiliar.Leveialgunsmomentosparaminhamenteclarearosuficienteparaqueosmapasantigoscomsuatintadesbotada,criadosantesdaGuerradosDoisReis,seformassem.Irelone…
Sim,euconheciaessenome.ForaumacidadeportuáriaaonorteealestedeondeCarsodoniaestavaagora.AcidadecaiudiantedePompayduranteaguerra.Bonsdeuses,issosignificava
EuestavaemWastelands.
Meucora??otrovejounomeupeito.Háquantotempodormi?Horasoudias?Eun?osabiaondeficavaaCriptadosEsquecidosnasmontanhasSkotos.Portudoqueeusabia,ascriptaspoderiamterexistidono
sopédasmontanhas,meiodiadecavalgadaaonortedosconfinsdeWastelands.
Comagargantaseca,levanteiapenasacabe?aparaolharaoredor.
DezenasdoschamadosProtetoresestavamnocentrodoquepoderiatersidooGrandeSal?odocasteloumavezeaoredordasbordasdaestruturadecadente,todosescondidosatrásdemáscarasdebronzereluzentes.Eraotipodevis?oconjuradadasprofundezasdospesadelosmaissombrios.
Alastirestavaentreeles?
Naescurid?oalémdasruínas,umaúnicatochaacendeu-se.“Elesest?oaqui”,anunciouumhomemmascarado.“OAscensionado.”
Oarparounaminhagargantaquandováriasoutrastochaspegaramfogo,lan?andoumbrilholaranjasobremontesdepedrascaídaseterraqueserecusaramaabrigarumanovavidanascentenasdeanosquesepassaram.Assombrasseformarameouviosomdecascoserodasnaterrabatida.
“Acrediteoun?o,”–Jansenseaproximou,colocandoasm?osnapedraenquantoseinclinavasobremim–“Eun?odesejariaseudestinoaninguém.”
Meuolhardisparouparaodeleenquantoaraivarevestiaminhasentranhas.“Euficariamaispreocupadocomoseudestinodoquecomomeu.”
Jansenolhouparamimporummomentoedepoisenfiouam?onobolsodacal?a.“Vocêsabe”,disseele,levantandoam?oagoracheiadeumpacotedepano,“pelomenosvocêsabiaquandomanterabocafechadaquandoeraaDonzela.”
“Euvou—”Eleenfiouochuma?odetecidonaminhaboca,prendendoaspontasatrásdaminhacabe?aeefetivamentesilenciandominhasamea?as.Anáuseaseagitoucomogostoeapontadadedesamparoquesenti.
Elearqueouumasobrancelhaparamimantesdeseafastardalajedepedra,suam?ocaindoparaopunhodeumaespadacurta.Seusombrosficaramtensoseeudesejeipoderversuaexpress?o.Eleseafastoudemimenquantooutrossacavamasespadas.“Fiquealerta,”elelatiu.“Masn?oseenvolva.”
Oshomensmascaradossaíramdaminhalinhadevis?oquandoorangidodasrodasdacarruagemcessou.N?opudemepermitirpensaralémdopróximosegundo,naqueleexatomomento,enquantoobservavaastochasavan?ando,cravadasnoch?oaoredordosrestosquebradosdoCasteloBauer.Meucora??odisparou.Eun?oconseguiaacreditarqueissoestavaacontecendo.Vireiminhacabe?aparaolado,naesperan?ade
desalojarasamarras,maselasn?osemoveram.
Opanicocresceuquandoumasombraescuraseaproximoudoquerestavadosdegraus,depoisossubiulentamente.Umafiguraencapuzadaempretoevermelhoestavaem
nomeiodasparedesmeiocaídas.Eupareidememover,masmeucora??ocontinuousejogandocontrameupeito.
Isson?opoderiaestaracontecendo.
Duasm?ospálidaslevantaramocapuzdomanto,abaixandoomaterialpararevelarumamulherqueeun?oreconheci,umacomcabelodacordosol,penteadoparatrásemumrostoqueeratododeangulosfrios.Elaavan?ou,ossaltosdossapatosclicandonapedra.Elanuncadispensouumúnicoolharparaosoutros.Elapareciatotalmentesemmedodesuapresen?aedasespadasqueseguravam.Todooseufocoestavaemmim,eeumepergunteicomoumdosladospoderiacompartilharomesmoespa?oqueooutro.SeráqueessesfingidosProtetoresprecisamselivrardemim,eodesejodequeosAscensionadosmereivindiquem,sert?ogrande?EosAscensionadosmelevariamen?otentariamcapturartodososAtlantesqueestavamentreeles,todost?ocheiosdosanguequeansiavamt?odesesperadamente?
Deuses,umapartedoentedemimesperavaqueissofosseumaarmadilha.QueosAscensionadossevoltariamcontraeles.Seriamuitoapropriado.
Obriguei-mean?omostrarnenhumarea??oquandooAscensionadopassouporminhaspernas,seuslábiossecurvandoenquantoelaolhavaparaascorrentesdeossoeraiz.“Oqueéisso?”elaexigiufriamente.
“éparamantê-la…calma,”Jansenrespondeudealgumlugaratrásdemim.“Vocêprecisaráremovê-los.Amorda?a?Bem,elaestavasendomuitorude.Eusugiroquevocêmantenhaessepelomaiortempopossível.”
Bastardo,eufervisilenciosamente,observandooAscensionadoenquantoelaseaproximava.“Elaparecebastantecalmaagora.”Elaolhouparamim,paraminhascicatrizes,
comolhosqueengoliramanoite.Umarespira??oestremeceuforadela.“é
ela,”elagritouparaquempermaneceunaescurid?oquandoelaestendeuam?oparamim.Dedosfriosro?aramminhatesta,mefazendoestremecer.
Lábiosvermelho-sangueformaramumsorriso.“Vaificartudobemagora,Maiden.Nósvamostelevarparacasa.Ondevocêpertence.SuaRainhaficarámuito…”
OAscensionadorecuousemavisarquandoalgoúmidoequenteborrifoumeurostoepesco?o.Elaolhouparabaixoaomesmotempoqueeu,meusolhoseosdelasearregalandocomavis?odoparafusogrossoagoraembutidonofundodeseupeito.
Seuslábiosseafastarameelasoltouumgrunhidoagudo,revelandopresasdenteadas.“Oque…?”
Outroraiorasgousuacabe?a,quebrandoossosetecidos.Avis?ofoi
t?oinesperadaerepentinaquenemouviosgritos
primeiro.Tudooquepudefazerfoiolharparaolocalondeelaestava–
ondesuacabe?aestivera.Derepente,algograndeebrancosaltouemminhalinhadevis?o,derrubandoumhomemmascarado.
Delano
Umgrandealíviocresceut?orapidamentedentrodemimquegritei,osomabafadopelamorda?a.Elesestavamaqui.Elesmeencontraram.Vireiminhacabe?aparaoladoeparatrás,esfor?ando-meparaolharomaislongequeeupudessever.Outrolobocorreuparafrente,estegrandeeescuro.Eledisparoupeloch?odasruínasdocastelo,seusmúsculospoderososseretesandoquandoeleselan?ousobreumadasparedesmeiocaídas.Olobodesapareceunanoite,masumgritoagudodaescurid?oseseguiu.OlobohaviacapturadoumAscensionado.
“Poppy.”
Minhacabe?agirouparaadireitaeestremeciaoverKieran.Elen?osepareciaemnadacomaúltimavezqueovi,suapeleagoraumtomquentedemarromcontraopretodesuaroupa.Comeceiaalcan?á-lo,eaa??oterminouemumsilvodedor.
Comumamaldi??o,eleagarrouamorda?aepuxou-adaminhabocaenquantoseusolhosclarospassavampormim.“Vocêestágravementeferido?”
“Eun?oestou.”Obriguei-meapermanecerimóvelenquantoignoreiasensa??odealgod?oqueamorda?ahaviadeixadoemminhaboca.“S?oessesla?os.Elesest?o-”
“Osossosdeumadivindade.”Odesgostocurvouseulábioquandoelealcan?ouaquelequeestavalogoabaixodaminhagarganta.“Euseioques?o.”
“Cuidado,”euavisei.“Elestêmesporas.”
“Euvouficarbem.Vocêapenas…n?osemova,”eleordenou,osmúsculosdeseubra?onuseesticaramenquantoelepuxavaaprimeirafileiradeamarras.
Milperguntassurgiram,masamaisimportanteveioprimeiro.
“Casteel-?”
“NomomentoestáestripandoalgumidiotacomumamalditamáscaradoDescenter”,respondeuele,segurandooossoeasraízescomasduasm?os.Mesmoqueissosoasseextremamentegrotesco,vireiminhacabe?aparaooutrolado,tentandoencontrá-lo–
–
Fique
quieta,
Poppy.
“Estou
tentando.”
“Ent?otentemais,”Kieranestalou,seusolhosseestreitandonapele
devastadademeuspulsos.“Háquantotempovocêestánessascoisas?”
“N?osei.N?omuitotempo,”eudisse.OolharqueKieranmelan?oumedissequeelesabiaqueeumenti.“Todosvocêsest?obem?Seupai?”
Eleacenoucomacabe?aquandoumhomemdeombroslargosapareceuváriosmetrosatrásdeKieran,ocabeloloirodohomempuxadoparatrásemumnónanuca.Ochoquegotejoupormimquandoohomemsevirouparaolado,empurrandosuaespadanopeitodeumhomemenquantoelearrancavaamáscaradoDescenter.
EraopaideCasteel.Eleesteveaqui.TalvezfosseafomeouopanicoresidualdeestarasegundosdedistanciadeestarnasgarrasdosAscensionadosmaisumavez.TalveztenhasidotudooqueAlastirmedisse.Dequalquerforma,aslágrimassubirampelaminhagargantaenquantoeuolhavaparaoReiValyn.Eleestavaaqui,lutandoparamelibertar.
“EuachoquemeupaiestáatualmenteextravasandosuaraivarasgandoosAscensionadoscomNailleEmil,”Kieranmedisse.
“ParecequeopaideCasteelestáfazendoomesmo.”Eurespireiatravésdasemo??escruascorrendopormim.Eun?oconseguiaacreditarqueValynestavaaqui.Eraincrivelmenteperigosoparaeleestart?olongedeAtlantia.SealgumdosAscensionadossoubessequeeraeletodovestidodepreto,elesocercariam.Eletinhaqueconhecerosriscos,masaindaestavaaqui,ajudandoCasteel.Meajudando.
Kieranbufou.“Vocên?otemideia.”
Euaindatinhatantasperguntas,masprecisavatercertezadequeKieransabiacomoqueelesestavamlidando.“N?oeraapenasAlastir.N?oseiseeleestáaqui,masocomandanteJansenestá.EleestácomumamáscaraprateadadoDescenter.”
AmandíbuladeKieranendureceuquandoelepartiuaamarra??oemdois.Aspontascaíramparaoslados.“Alguémmaisquevocêreconheceu?”
“N?o.”Meucora??obateuforte.“Mas…Beckett–n?oeraelenoTemplo.
Eleé…”Minhavozfalhou.“N?ofoiele.”
Kieranagarrouasegundalinhadeamarra??es.“Poppy—”
“Beckettestámorto,”eudisseaele,eseuolhardisparouparaomeuquandoelecongelou.“Elesomataram,Kieran.Eun?oachoqueelesplanejaram,masaconteceu.Eleestámorto.”
“Foda-se”,elerosnou,movendo-semaisumavez.
“JansenassumiuaformadeBeckett.EledeixouSpessa’sEndconosco.
N?oBeckett.Jansenadmitiutudo,eAlastirdissequeplanejavameentregaraosAscensionados.”
“Obviamente,”Kieranrespondeuironicamente,quebrandooutroconjuntodeossoseraízes.“Queporradeidiota.”
Euri,esoouroucoetotalmenteerradoemmeioaosgritosdedore
rosnadosderaiva.Pareciat?oerrado,masestranhamentemaravilhoso,eupoderrirdenovo.EledesapareceuenquantoeuolhavaparaassobrancelhasdeKieran.Oqueeu
dissesaiucomoumsussurro.“AlastirdissequesoudescendentedeNyktos.
QuesouparentedoReiMalecequeeleestavalánanoiteemquemeuspaismorreram.Foi…OmovimentoalémdoombrodeKieranchamouminhaaten??o.Umhomemmascaradocorreuemnossadire??o–
AntesqueeupudessegritarumavisoparaKieran,eleestavalá,altoeescurocomoanoiterastejandonasruínas,seucabelopretoazuladoaovento.CadapartedomeuserseconcentrouemCasteelenquantosuaespadacarmesimmergulhavanoest?magodoProtetor,cravando-senaparedeatrásdafiguramascarada.Casteelsevirou,agarrandoobra?odeoutro.Umestrondoescuroescapoudesuagargantaenquantoelearrastavaohomememsuadire??o.Comosdentesàmostra,elebateuacabe?anagargantadohomem,rasgandoapeleenquantoenfiavaam?onopeitodohomem.Erguendoacabe?a,elecuspiuumbocadodosanguedohomemnorostodoProtetor.
Casteeljogouocorponoch?oeolhouparaoutrohomem,sangueescorrendodesuaboca.“Oque?”
Omascaradogirouecorreu.
Casteelfoimaisrápido,alcan?ando-oemumpiscardeolhos.Eleenfiouopunhonascostasdohomemepuxouobra?oparatrásbruscamente,puxandoalgobrancoemanchadocomsangueetecido.Suaespinha.Queridosdeuses,eraacolunavertebraldohomem.
OsolhosdeKieranencontraramosmeus.“Eleestáumpoucozangado.”“Umpouco?”
Eusussurrei.
“OK.Eleestárealmentebravo,”Kieranemendou,alcan?andoasamarraslogoabaixodosmeusseios.“Eleestáenlouquecendoprocurandoporvocê.Eununcaoviassim.”Suasm?ostremiamligeiramenteaosedobraremsobreascorrentesdeossoeraiz.“Nunca,Poppy.”
–Eu…–pareienquantoCasteelsevirava.Nossosolharesseencontraram,eopróprioNyktospoderiateraparecidodiantedemim,eeun?oseriacapazdedesviaroolhardeCasteel.Haviatantaraivanoconjuntoafiadodesuasfei??eseolhos.Apenasumafinatiradeambareravisível,mastambémvialívioealgot?opotente,t?opoderosoemseuolharquen?opreciseidepresenteparasenti-lo.
Oventolevantouaspontasdesuacapaquandoelecome?ouaviremminhadire??o.Umguardasaiuvoandodaescurid?o–aquelequevestiaouniformepretodaGuardaAscendenteetinhavindocomosAscensionados.
Casteelgirou,pegandooguardapelagargantaenquantoenfiavaalaminanopeitodohomem.
“Euoamo,”eusussurrei.
Kieranparoupertodasminhaspernas.“Vocêacaboudedescobririsso?”“N?o.”MeuolharseguiuCasteelenquantoeledesembainhouumaadagadesua
ladoejogouforananoite.Umgritoagudoerápidodemaismedissequeeleacertouoalvo.Cadapartedemimzumbiacomanecessidadedetocá-lo,desentirsuacarnesobaminhaparaqueeupudesseapagaramemóriadecomosuapelepareciadaúltimavezqueotoquei.Arespira??oqueeusolteiestavainstável.“Comotodosvocêsmeencontraram?”
“CasteelsabiaqueoutrosdaGuardadaCoroatinhamqueestarenvolvidos”,explicouKieran.“Eledeixoubemclaroque,sen?odescobrissequemera,come?ariaamatartodoseles.”
Meuest?magoafundouquandomeuolhardisparouparaKieran.Eun?otivequeperguntar.“Eleusoucompuls?o.Descobriuquatrodelesdessaforma,masapenasum
realmentesabiadetudo”,disseele.“Elenosdisseondevocêestavadetidoeoquefoiplanejado.Chegamosàquelascriptasapenasalgumashorasdepoisquevocêsaiu,masn?ochegamosdem?osvazias.”
Euestavaesperan?osodemaisparaperguntar,
masperguntei.“Alastir?”Umsorrisoselvagemapareceu.“Sim.”
Gra?asaosdeuses.Meusolhossefecharambrevemente.Euodiavaatrai??oqueCasteeldeviasentir,maspelomenosAlastirn?oestavaláfora.
“Poppy?”Asm?osdeKieranestavamnaúltimadasamarra??esdeosso.“Voupresumirque,mesmoseeupedircomeduca??oparaficarnestaluta,vocên?ovaimeouvir,vai?”
Sentei-mehesitantemente,esperandodor.Emvezdisso,n?ohavianadaalémdasdoresanteriores.“Háquantotempoelesmetêm?”
AsnarinasdeKierandilataram-se.“Jásepassaramseisdiaseoitohoras.”
Seisdias
Meupeitosubiubruscamente.“Elesmemantiveramacorrentadoàparededeumacriptacheiaderestosdedivindades.ElesmedrogarameplanejarammeentregaraosAscensionados,”eudisseaele.“Eun?ovouficardefora.”
“Claroquen?o.”Elesuspirou.
Oúltimoossoquebroueent?oKieranopuxouparalonge.Nomomentoemquepassou,umaondadearrepiospercorreuapartedetrásdaminhacabe?aedesceupelaminhaespinha,ramificando-seeseguindooscaminhosdosmeusnervos.Ocentrodomeupeitoaqueceu,eeun?otinhapercebidoatéaquelemomentoqueafriezaqueeusentian?oeraapenas
devidoaogeloúmidodacripta.Tambémtinhasidoporcausadosossos.
Eracomosemeusanguecorressedevoltaparapartesdemimqueestavamdormentes.Masn?ofoiosangue,foi?Foio…oeather.
Asensa??odeformigamenton?oeranemumpoucodolorosa;maiscomoumaondadelibera??o.
Ocentrodomeupeitocome?ouazumbir,osomvibrandopelosmeuslábios.Meussentidosseabriramamplamenteeseexpandiram,conectando-secomaquelesaomeuredor.Sentiogostoamargodomedoencharcadodesuoreaardênciaácidadoódio.Eun?otenteiparar.Eudeixeioinstinto–oconhecimentoPrimalquehaviadespertadonasCamarasdeNyktos–tomarconta.EubalanceiminhaspernasparaforadasuperfícieelevadaenquantoCasteelderrubavaoquepareciaserumAscensionado,seupailutandoaoladodele.Eumelevantei,sentindoumaondadepoderapenasporsercapazdeficardepédepoisdesermantidapressionadapelosossoseraízesportantotempo.
Kieranpegouumaespadacaída,franzindoatestaenquantoolhavaparaalamina.“Aqui,”eleofereceuaarmaparamim.
Eubalanceiminhacabe?aenquantodavaumpasso,minhaspernastremendoligeiramenteporn?osegurarmeupesoportantotempo.O
zumbidoemmeupeitocresceu,oeatheremmeusangueseintensificandoenquantoeumantinhameussentidosbemabertos.Essaspessoasqueriammemachucar.Elestinham.EelesprejudicaramCasteel,Kieranetodososoutros.ElesmataramBeckett.Nenhumdelesmereciaviver.
Oscantosdaminhavis?oficarambrancose,naminhamente,osfinoscord?esbrancosprateadosescorregaramdemim,estalandonoch?oesereconectandocomosoutros.Minharaivasejuntouàsfortesemo??esagorainundandomeussentidos.Respireifundo,absorvendoossentimentosdetodos,deixandoseuódio,medoesensodistorcidoderetid?oinfiltrar-seemminhapeleesetornarpartedemim.Essasemo??esseentrela?aramcomascordasemminhamente.Euabsorvitudo,sentindoatempestadetóxicavibrandodentrodemim.N?ohaveriatempoparaelessearrependeremdoquefizeram.Euiriadestruí-los.Euiriaobliterá-los–
AspalavrasdeAlastirvoltaramparamimnaquelemomento.“Vocêéperigosoagora,massetornaráalgototalmentediferentemaistarde.”
Ainquieta??oexplodiuemmeuintestino,dispersandooscord?esdeprataemminhamente.Essaspessoasmereciamtudooqueeunegocieicomelas.OqueAlastirhaviaditon?oimportava.Seeuosmatasse,n?oseriaporquen?ofuicapazdemecontrolar.En?oeraporqueeueraimprevisíveloucaoticamenteviolentocomoasdivindadesdeveriamser.Eusóqueriaqueelesexperimentassemsuasemo??es,queaquelafeiurafosseaúltimacoisaquesentissem.Euqueriaissomaisdoque-Euqueriamuitoisso,quandon?odeveriaquererdejeitonenhum.
Eun?ogostavadematar,nemmesmooCraven.Matareraapenasumadurarealidade,quen?odeveriaserdesejadaoudesfrutada.
Perturbado,respireifundoefizoquetinhadefazerquandoestavanomeiodeumamultid?ooupertodealguémqueprojetavasuasemo??esnoespa?oaoseuredor.Eudesligueimeussentidos,for?andoateiaprateadadeluzdeminhamente.Ozumbidoemmeupeitoseacalmou,masminhamenten?o.Eumeparei.IssoétudoqueeuprecisavasaberparaprovarqueoqueAlastirdissen?oeraverdade.Eun?oeraumaentidadecaóticaeviolenta,incapazdemecontrolar.
Kieranveioparaomeulado,inclinandoseucorpoparaqueelepudessemeveretudoacontecendoaonossoredor.Eledesenganchousuacapa.“Vocêestábem?”
“Eun?osouummonstro,”eu
sussurrei.Eleenrijeceu.“O
que?”
Engolindoemseco,eubalanceiminhacabe?a.“N-nada.Eu…”EuassistioReiValynderrubaroutrohomemmascarado.Eleeseufilholutaramcomomesmotipodefor?abrutalmentegraciosa.“Estoubem.”
Kierancolocouomaterialmaciosobremeusombros,meassustando.
“Vocêtemcertezadisso?”
“Sim.”Meuolharsedesviouparaodeleenquantoelefechavaobot?ologoabaixodomeupesco?o.Foient?oquemelembreidequen?ousavanadaalémdeumacombina??ofinaeensanguentada.Elejuntouasduasmetades.“Obrigada.Eu…euvoudeixaresteaquifora.”
“Euqueroagradeceraosdeuses,”Kieranmurmurou.“Masagoravocêrealmentemepreocupa.”
“Estoubem.”MeuolharseguiuCasteelenquantoelegirava,derrubandoumaespadadam?odeumProtetor.Alaminabateunoch?odepedraquandoCasteelpuxouaespadaparatrás,preparadoparadesferirumgolpefatal.Aluzdaluarefletiunacoberturafacialdohomem–umamáscaradeprata.
Jansen
“Casteel,pare!”Eugritei.Eleparou,seupeitosubindoedescendocomsuarespira??opesadaenquantoeleapontavasuaespadaparaJansen.Maistarde,ficariamaravilhadocomofatodeeleterparadosemhesitar.Semdúvida.Eucaminheiparafrente.“Eufizumapromessaaele.”
“Penseiquevocêestavadeixandoesteaqui”,afirmouKieranenquantomantinhaoritmocomigo.
“Eusou,”eudisseaele.“Maseleédiferente.”
Casteelenrijeceucomminhaspalavrasedisparouparafrentet?orápidoquepenseiqueelepoderiadesferirogolpefataldequalquermaneira.Maselen?ofezisso.Eleagarrouafrentedamáscaraprateadaeapuxouparaolado.
“Filhodaputa.”Elejogouamáscaranoch?o.
OsolhosdeJansendispararamentreCasteeleseupai.–Elavai…–
Vocêprecisacalaraboca,–Casteelrosnouenquantocaminhavaparaolado.
Euseguiemfrente,apedrafriasobmeuspésdescal?osenquantoKieranseguido.QuandopasseiporCasteel,elepressionouopunhodesuaespadanaminhapalmaeseuslábiosensanguentadostocaramminhabochecha.
–Poppy,–eledisse,eosomdesuavozabriuumpequenoburaconaparedequeeuconstruíemtornodosmeuspresentes.Tudooqueelesentiunomomentomealcan?ou.Aacidezquentedaraiva,asensa??orefrescanteeamadeiradadeseualívioeocalordetudooqueelesentiapormim.E
dadooqueeleexperimentouantes,aamarguradomedoedopanico.
EstremecienquantoolhavaparaJansen.“Estoubem.”
Casteelapertouminham?oqueagoraseguravasuaespada.“Nadadissoestábem.”
Eleestavacerto.
Realmenten?ofoi.
Maseusabiaoqueotornariaumpoucobom,certoouerrado.
EumelivreideCasteel.“Oqueeuprometiavocê?”EupergunteiaJansen.
OcomandantedaGuardaRealalcan?ousuaespadacaída,maseufuimaisrápido,empurrandoaespadaparafora.Grunhindo,elecambaleouparatrás,caindodejoelhos.Olhandoparamim,elecruzouasm?ossobrealaminacomosepudesserealmentepararoqueestavaparaacontecer.“Eudissequeeuseriaoúnicoamatá-lo.”Eulentamenteempurreialaminaemseupeito,sorrindoaosentirseusossosquebraremsobapress?odaespadaaoencontrarumtecidomaismacio.Osangueborbulhoudocantodesuaboca.“Eumantenhominhaspromessas.”
“Eutambém,”elemurmurou,avidadesaparecendodeseusolhosenquantosuasm?osescorregavamdalamina,apeledesuaspalmasededosrasgadospelaspontasafiadas.
Assimcomoeu?
Semaviso,algomepuxouparatráscomtantafor?aqueumadorardenteirrompeuemmeupeito.Euperdimeucontrolesobreaespada.O
movimentofoit?orepentino,t?ointenso,quen?osentinadaporummomento,comosetivessemeseparadodomeucorpodealgumaforma.O
tempoparouparamim,masaspessoasestavam
aindasemovendo,eeuviumflashdeJasperenquantoelepulavanascostasdeumProtetor,seusdentescravando-senagargantadohomemmascarado.Algocaiudam?odohomem.Umarco…umabesta.
Lentamente,olheiparabaixo.Vermelho.Muitovermelhoemtodososlugares.Umraioprojetou-sedomeupeito.
Capítulo7
Atordoado,euolheiparacima,meusolhostravandocomosdeCasteel.Quasen?ohaviaambarvisívelenquantootipodehorrorqueeununcatinhavistoantesseestabeleceuemsuasfei??es.Seuchoqueexplodiuatravésdeminhasparedesprotetoras,oprimindomeussentidos.
Abriminhabocaesentiumgostometálicohorrívelnofundodaminhagarganta.Umlíquidoviscosoborbulhavacomcadarespira??oqueeutentavatomar,derramando-sesobremeuslábios.“Casteel…?”
Adorpercorreutodoomeucorpo,consumindo-atotalmente.Aagoniaveioemondaapósonda,encurtandocadarespira??oqueeudava.Eununcasentinadaassim.Nemmesmoanoitenapousada.Todososmeussentidosentraramemcurto,fechandomeupresente.Eun?oconseguiasentirnadaalémdamisériaabrasadoraqueimandomeupeito,meuspulm?esecadatermina??onervosa
Oh,deuses,estetipodedortrouxeumterrorafiadocomoumanavalhacomele.Umconhecimentodoqualeun?opoderiaescapar.Eumesentiaescorregadia,molhadaecomfriopordentro.Eurespireienquantoestendiaam?oparaoferrolho.Outentei.Qualquerarqueeusuguei,euengasguei,eoquepassoupelaminhagargantaestaloueborbulhounomeupeito.Meusdedosescorregaramnasuperfícielisadoparafusodepedradesangueeminhaspernas–elessimplesmentedesapareceram.Ouparecia.Meusjoelhosdobraram.
Bra?osmepegaram,parandominhaqueda,eporumsegundo,ocheirodeespeciariasexuberantesepinheiroofuscouocheiroricodeferrodosanguequejorravadaferida.Eulevanteiminhacabe?a.
“Euentendivocê.Tudobem.Euentendivocê.”Olhosgrandes,dilatados,ambarfixosnosmeus–selvagens.Seuolhareraselvagemquandoelerapidamenteolhouparaomeupeito.Quandoelevoltouaseconcentraremmeurosto,disse:“Vocêvaificarbem.”
Eun?omesentiabem.Oh,deuses,eun?omesentiabemdejeitonenhum.
OmovimentoagitouoarquandoKieranapareceuaonossolado,suapelenormalmenteescurat?o,t?opálida.Elecolocouam?onabasedoferrolho,tentandoestancarosangue.
Otoquefoiumtormento.Eumevirei,tentandomeafastar.“Isso.
dói.”“Eusei.EusintoMuito.Euseiquedói.”CasteelolhouparaKieran.“Posso
vocêvêoqu?olongefoi?”
“N?ovejoassaliênciasdoparafuso”,disseele,olhandoporcimadomeuombro.Estremeci,sabendoqueessesparafusoseramcomoashastesdenteadasdealgumasdasflechasqueeuhaviadisparadoantes,criadasparacausaromáximodedano.“Osangue,Cas.émuito.”
–Eusei,–Casteelmordeuforaquandoumestalo,rosnando,somcarnudoeúmidodealgumlugaratrásdenósbloqueouoqueeledisseemseguida.
Kieranagarroumeuombroesquerdoetodoomeucorpoteveumespasmodedor.Eugritei.Outalveztenhasidoapenasumsuspiro.
Umidadequenterespingouemmeuslábios,eissoeraruim.MeuamploolharsemoveuentreCasteeleKieran.Eusabiaqueissoeraruim.Eupudesentirisso.Eupodiasentiroparafusoen?oconseguiarespirarfundoe…en?oconseguiasentirapontadosmeusdedos.
“EusintoMuito.Estoutentandomanterseucorpoestávelparan?omovermosoferrolho.EusintoMuito.Sintomuito,Poppy,–Kierandissenovamenteenovamente.Eleficavadizendoisso,eeuqueriaqueeleparasseporquepareciamuitoofegante,muitoagitado.Elenuncaseabalou.
Elepareciajásaberoquemeucorpoestavatentandomedizer.
Casteelcome?ouasemover,eeutenteimeenrolar,meafastardador,usarminhaspernas.Maseu…Meupulsoacelerou,emeusolhosrolaramfreneticamenteenquantoopanicopassavapormim.“Eu…eun?oconsigosentir…minhaspernas.”
“Euvouconsertarisso.Euprometo.Vouconsertartudoisso–jurouCasteel,eporcimadoombrodele,olheiparaocéunoturno–paracadaestrelabrilhantedediamantedesaparecendo.
Casteelcaiudejoelhosemeabaixoulentamente.Eleinclinoumeucorpoparaqueseupeitoembalassemeuladodireito.
“Qu?oruimestá?”OpaideCasteelapareceuatrásdele,seustra?osfamiliaresseverosenquantoeleolhavaparabaixo,seusolhosarregalados.
“N?opodemosretirá-lo”,disseCasteel.
“N?o,”Kieranconcordou,suavozgrossaepesadaedealgumaformatensa.Agora,asnuvensquecobriamasestrelaseramnegrascomobreu.Am?odeKieranescorregounomeupeitoeelerapidamentesubstituiuapalma.Destavez,n?odoeutanto.“Cas,cara-”
–Isson?oatingiuocora??odela–Casteelointerrompeu.“Elan?oestaria…”Suavozfalhou,eeuvacilei,mefor?andoameconcentrarnele.
Suapeleestavasemcor.“N?oatingiuocora??odela.”
“Cas—”
Elebalan?ouacabe?aenquantotocavaminhabochecha,enxugandominhaboca.“Eupossodarsangueaela-”
–Cas,–KieranrepetiuenquantooReiValyncolocavaam?onoombrodeCasteel.
“Vocêvaificarbem”,elemedisse.“Euvoutirarador.Euprometo.”
Am?onomeuqueixotremia,eCasteel…eleraramentetremia,mastodooseucorpoofaziaagora.–Euprometoavocê,Poppy.
Euqueriatocá-lo,masmeusbra?ospareciampesadoseinúteis.Arespira??oquemeforceiarespirareraúmidaefina.“Eu…eun?oestout?o
…machucado.”
“Issoébom.”Elesorriu–outentou.“N?otentefalar.OK?Euvoutedarumpoucodesangue—”
“Filho”,seupaicome?ou.“Vocên?opode.Emesmosevocêpudesse—
”
OslábiosdeCasteelpuxaramparatrássobresuaspresasenquantoeleselivravadoapertodeseupai.“Afaste-sedenós,porra.”
–Sintomuito,–ReiValynsussurrou,eent?oJasperestavalá,rosnandoeestalando,for?andoopaideCasteelarecuar.Umrelampagocruzouocéuescuro.“Eun?oqueriaissoparavocês–paranenhumdevocês.EusintoMuito…”
–Cas,–Kieranmurmurou,implorandoagora.
Casteelmordeuseupulso,rasgandoapele.Sanguevermelhobrilhantejorrou,emeocorreuent?o,enquantoeuobservavaosraiosdeumraiobrancoprateadocortandoocéu,queeun?osentiadoragora.Meucorpoestavadormentee…“Frio.Estou…comfriodenovo.”
“Eusei.”SanguefrescomanchouoslábioseoqueixodeCasteel.Elebaixouopulsoatéaminhabocaenquantomoviaminhacabe?aparaqueeladescansassenadobradeseucotovelo.“Beba,princesa.Bebaparamim.”
Seusanguetocoumeuslábios,quenteeexuberante.Alcan?ouofundodaminhagarganta,maseun?oconseguiasentirogosto,n?oconseguiaengolir.Jáhaviatantacoisalá.Opanicoseespalhou.
“Cas—”
“Oque?”eletrovejou.
“Escute-me.Porfavor,Cas.Escute-me.N?oatingiuseucora??o.”
Kieranseinclinou,segurandoanucadeCasteel.“Olheparaosangue.Temumaartériaepelomenosumpulm?o.Vocêsabedisso-”
Umflashdeluzintensaexplodiusobreasruínas,cegando-memomentaneamente,seguidoporumgrandeestrondo.Pedrarachou.Alguémgritou.Euouvium
gritar.Och?odepedraestremeceuquandotudooqueorelampagohaviaatingidocaiu.“N?o.N?o.N?o.Abraosolhos,–Casteelimplorou.Elestinhamfechado?“Vamos.N?ofa?aisso.N?ofa?aissocomigo.Porfavor.
Abraseusolhos.
Porfavor,Poppy.Bebida.”Elesecurvousobremim,pressionandoseupulsocontraminhaboca.“Porfavor.Poppy,beba.”
Asfei??esdeCasteelserecompuseram,masestavamnebulosascomoseaslinhaseangulostivessemsidoborrados.Pisqueirapidamente,tentandolimparminhavis?o.
“Aíestávocê”,disseele,seupeitosubindoedescendomuitorápido.
“Fiquecomigo.OK?Mantenhaseusolhosabertos.Fiquecomigo.”
Euqueria.Deuses,euqueriamaisdoquetudo,masestavacansado.
Sonolento.Eusussurreiisso.Pelomenos,eupenseiquesim.Eun?otinhacerteza,masn?oimportava.Concentrei-meemseurosto,namechadecabeloescuro,nassobrancelhasaladaseexpressivas.Mergulheinafranjaespessadoscíliosenasma??sdorostoaltaseangulares.Estudeicadacentímetrodesuascaracterísticasmarcantes,desdeacurvaduradesuamandíbulaatésuabocacheiaebemformada,guardando-osnamemória.
Porqueeusabia…eusabiaquequandomeusolhossefechassemnovamente,elesn?oabririam.Euqueriamelembrardeseurostoquandoomundoescurecesse.Querialembrarcomoeraestaremseusbra?os,ouvirsuavozesentirsuabocacontraaminha.Euqueriamelembrardecomoelesorriaquandoeuoamea?ava,ecomoseusolhosseiluminavameaqueciamsemprequeeuodesafiava.Querialembraroorgulhoquesentiaporelesemprequesilenciavaaquelesaomeuredorcompalavrasoucomumalamina.Querialembrarcomoeletocouminhascicatrizescomreverência,comosen?ofossedignodelas–demim.
Outroraioatingiuacabe?a,atingindoosoloeatacandooar.Peda?osdepedravoaramparaocéu.OpaideCasteelgritou,eouviumcorodeuivosvindodetodososlados.MasmeconcentreiemCasteel.Seusolhosestavambrilhanteseseuscíliosestavammolhados.
Ele
estava
chorando.Casteel
estavachorando.
Lágrimasescorreramporsuasbochechas,criandorastrosbrilhantesnosanguesecoenquantorolavamerolavam…eeusabia…eusabiaqueestavamorrendo.Casteeltambémsabia.Eleteveque.Haviatantacoisaqueeuqueriadizer,tantoquequeriafazercomeleemudar.Ofuturodeseuirm?o.DeIan.OdopovodaAtlantidaeSolis.Nossofuturo.Eualgumavezoagradeciporveralémdovéu?Oupornuncameobrigaradesistir?Eu
disseaeleoquantoele
mudouminhavida,oquantoissosignificavaparamim,mesmoquandoeupensavaqueoodiava–mesmoquandoeuqueriaodiá-lo?Achoquesim,masn?opareciaserosuficiente.Ehaviamais.Euqueriamaisumbeijo.
Maisumsorriso.Euqueriaversuascovinhasidiotasdenovoequeriabeijá-las.Euqueriaprovaraelequeeleeradignodemim,doamoredavida,n?oimportaoqueaconteceuemseupassadoouoqueelefez.Mas,ohdeuses,n?ohouvetemposuficiente.
Euempurreiopanicoeasensa??odedesvanecimento,afogamento,asensa??odequenadadissopareciareal.Meuslábiossemoveram.Euosfiz,masnenhumsomsaiu.
Casteel…quebrou.
Elejogouacabe?aparatráserugiu.Elerugiu,eosomecoouaonossoredor,atravésdemim.Debaixodemim,apedrarachoueabriu.Raízesgrossasepegajosasseespalharam,cordecinza.Kierancaiudebundaquandoelesdesceramsobreminhaspernas,nascostasdeCasteel.Umaárvorecresceu.Cresceut?orápido.Orelampagorasgouocéunovamente,umgolpeapósooutro,transformandoanoiteemdiaenquantoumacascaespessaebrilhanteseestendia,formandocentenasdegalhos.Minúsculosbot?esdouradosbrotaram,enchendoosgalhos.Elesfloresceram,desabrochandoemfolhasvermelho-sangue.
Acabe?adeCasteelseabaixou,seusolhosferozeseperdidoscomoestavamnamanh?emqueeleacordoudopesadelo.Elepegouumadasraízesquandocaiusobremeuest?magoeolhouparaelaporummomentoantesdequebrá-la,jogando-adelado.“Eun?opossodeixarvocêir.Eun?ovou.Agoran?o.Nunca.”Suam?osemoveuparaminhabochecha,maseumalsenti.“Kieran,euprecisoquevocêpuxeoferrolho.Eu…eun?oposso
…”Suavozfalhou.“Euprecisodevocê.Eun?opossofazerisso.”
“Vocêvai…”Kieranbalan?ouparafrente.“Porra.Sim.OK.”Elerasgouasraízes.“Vamosfazerisso.”
Fa?a…fa?aoquê?
Kieranagarrouoferrolho.“Bonsdeuses,perdoem-nos,”eleproferiu.
“Vocêtemqueserrápido.Vocêterásegundossetiversorte,eent?o…”
“Ent?oeuvoulidarcomoquevemaseguir”,afirmouCasteelsemrodeios.“N?o”,argumentouKieran.“Vamoslidarcomoquevemaseguir.Juntos.”
“Casteel,pare!”seupaigritou.“Sintomuito,masvocên?opodefazerisso!”Euouvipanico.Tantopanicoencheusuavozqueinundouoar.
“Vocêsabeoquevaiacontecer.Eun?ovoupermitirisso.Vocêpodemeodiarpelorestodavida,masn?ovoupermitirisso.Guardas,prendam-no!”
–Afaste-osdemim–Casteelrosnou.“Tiretodoselesdenós,oueujuropelosdeuses,vouarrancarseuscora??esdeseuspeitos.N?omeimportaseumcora??opertenceaquemmedeuvida.Vocên?ovaimeimpedir.”
“Olheasuavolta!”seupaigritou.“Osdeusesest?ofalandoconoscoagora.Vocên?opodefazerisso-”
–Osdeusestambémn?ov?omeimpedir–jurouCasteel.
Oestrondoondulantesacudiuosolo,masfoimaisrápidoemaior.
Uivoselatidosexplodiramentrerajadasdetrov?o.Houve…houvegritos.
Lamentosagudosdedorerosnadosguturaisevibrantes.Jasperrondouemminhalinhadevis?o,agachando-separaficarsobreminhaspernas,depéentreKieraneCasteel.Eutiveumvislumbredepelobranco,circulandoecirculando.Ossonsqueolobofazia–osuivoslamentososelamentosos–
assombravamcadarespira??omuitofinaecurtaqueeuconseguia.
“Ninguémestáchegandopertodenós.”Kieransemoveuparafrente.
“Seofizerem,n?oficar?odepépormuitotempo.”
“Bom”,disseCasteel.“Eun?ovousermuitode…”Umvéudeescurid?odeslizousobremim,eeusenticomoseestivessecome?andoacair.Eledesapareceuedepoisvoltou.“…elapodeserdiferente…prometa-mequevaimantê-lasegura.”
“Voumecertificardequevocêsdoisestejamseguros,”Kierandisseaele.
ApróximacoisaqueouvifoiavozdeCasteel.“Olheparamim,”eleordenou,virandominhacabe?aemdire??oaele.Minhaspálpebrasestavampesadasdemais.“Mantenhaosolhosabertoseolheparamim.”
Meusolhosseabriram,respondendoàsuavontade,eeu…Eun?oconseguiadesviaroolharquandosuaspupilassecontraíram.
“Continueolhandoparamim,Poppy,eou?a.”Suavozerasuaveeprofunda,eestavaemtodaparte,aomeuredoredentrodemim.Tudooquepudefazerfoiobedecer.“Euteamo,Penellaphe.Vocês.Seucora??oferoz,suainteligênciaefor?a.Euamosuacapacidadeinfinitadebondade.
Euamosuaaceita??odemim.Seuentendimento.EstouapaixonadoporvocêeestareiapaixonadoporvocêquandodermeuúltimosuspiroedepoisnoVale.”Casteelabaixouacabe?a,pressionandoseuslábioscontraosmeus.Algomolhadoresvalouemminhabochecha.“Masn?otenhoplanosdeentrarnoValet?ocedo.Eeun?o
Kieranpuxouoferrolho,eisso–issoperfurouadormênciafriaqueenvolveumeucorpo.Meucorpointeiroestremeceuecontinuousacudindoesecontorcendo.Apress?oapertoumeucranio,meupeito,expandindoetorcendo-Casteelatingiut?orápidoquantoorelampago.Elepuxouminhacabe?aparatráseafundouosdentesemminhagarganta.Aconfus?oaumentou.Euján?otinhaperdidosanguesuficiente?Meuspensamentosestavamturvos,eoqueCasteelestavafazendodemorouafazersentido.Eleera….
Oh,deuses,eleiriameAscender.
Oterrorcravousuasgarrasemmim.Eun?oqueriamorrer,mastambémn?oqueriametransformaremalgodesumano.Frioeviolentoesemalma.EeraissoquefaltavaaoAscensionado,n?oera?éporissoqueeun?oconseguiasentirnadadeles.N?ohaviaalmaparaalimentarasemo??es.Eleseramincapazesatédossentimentosmaisbásicos.Eun?o-Umadorincandescenteespalhoutodososmeuspensamentos,chocandomeucora??ojávacilante.Apicadadesuamordidan?odiminuiuquandoelefechouabocasobreoferimento.N?ofoisubstituídopelaatra??osensualelanguidaenquantoelesugavameusangueparaele.N?ohaviaumaquecimentogloriosoesedutor.Haviaapenasfogonaminhapeleedentrodemim,queimandotodasascélulas.FoimuitopiordoquequandofiqueipresanacarruagemcomLordChaney,masn?opodialutaragora.
Nadafuncionou.Eun?oconseguiameafastardador.Erademais,eogritoqueeun?oconseguiarespirarricocheteounomeucranioeexplodiunocéu,emumrelampagoprateadoqueriscoudenuvememnuvemeatingiuasruínasdocasteloetudoaoseuredor.Omundointeiropareceuestremecerquandoasfolhasvermelhascaíramdaárvore,caindosobreosombrosdeCasteel,
Meucora??o–vacilou.Eusenti.Oh,deuses,eusentiqueperdiumabatida,puleidois,eent?olentamentetenteiacompanhar,reiniciar.Eent?ofalhou.Tudoseapoderoudemim.Meuspulm?es.Meusmúsculos.Cadaórg?o.Meusolhosestavamarregalados,meuolharfixoenquantomeucorpointeiroseesfor?avapararespirar,paraobteralívio,eent?o…amortevarreut?odocementequemeengoliuporinteiro.Eumeafogueiemseutemperoescuroeexuberante.
Capítulo8
N?ohavialuznemcor,eeuflutueiláporumtempo,semamarras,ocoefrio.Eun?opensei.Eun?osenti.Euapenasexistianonada…
Atéqueeuviumapartículadeluzprateadaquepareciaummundolongedemim.Ailumina??olatejavae,acadabatida,seexpandia.
Gavinhasfinassaíramdasbordas,estendendo-sepelovazio.Lentamente,eufuiemdire??oaele.
Osomvoltousemaviso.Umavozt?oprofundaepoderosaquemeencontrounonada,meagarroudeformaqueeun?oestavamaisescorregandoemdire??oàluzprateada.Avozmemantevecativo.
“Bebida.Continuebebendo”,ordenou.“éisso.Continueengolindo.
Beba,princesa,bebaparamim…”
Aspalavrasserepetiramindefinidamentepeloquepareceuumaeternidadeantesdedesaparecerem,eeuestavanovamenteimóvel.N?ohavialuzprateadaagora.Nadaalémdeumaescurid?oquenteevaziacomodoceereconfortanteperfumede…lilases.
Eufiqueiláatéqueflashesdecoressuavesmecercaram.Reds.Pratas.
Golds.Elesgiraramjuntos,eeuescorregueiporeles,voltandoaolongodasnoites,atravésdosanos,atéqueeuerapequenoeindefeso,paradodiantedemeupai.
Eupodiavê-loclaramente,seucabelodeumvermelhoacobreadoàluzdalamparina.Seuqueixoquadradocobertoporumabarbadeváriosdias.Narizreto.Olhoscordepinho.
“Quelindaflor.Quelindapapoula.”Papaiseinclinou,beijandootopodaminhacabe?a.“Euteamomaisdoquetodasasestrelasnocéu.”
“Euteamomaisdoquetodosospeixesdomar.”
“Essaéminhagarota.”Asm?osdepapaitremeramemminhasbochechas.“Cora?”
Mam?eavan?oucomorostopálido.“Vocêdeveriasaberqueelaencontrariaumcaminhoatéaqui.”Elaolhouporcimadoombro.“Vocêconfianele?”
“Euquero”,disseelequandomam?epegouminham?onadela.“Elevainoslevarparaaseguran?a…”
Oventorugiacomoumtrov?opelapousada,vindodeumlugarquen?oeraaqui.Vozesseelevaram,aquelasquen?ovinhamdepapaioumam?e,masdecima,dealgumlugaralémdoredemoinhodecoresdooutroladodonada.
“Quempermanece?”umavozmasculinamealcan?ou,amesmaquemeencontrouquandoeuestavavagandoemdire??oàluzprateada,masagoraestavaroucaefraca,cansadaefraca
“Sónós,”outravozprofundarespondeu,estatensa.“N?otemosquenospreocuparcomosguardas.AchoqueJasperdecidiuqueseriamelhorseelesfossem…n?omais.”
“Meupai?”
“N?oéumproblemaporagora.”Houveumapausa.“N?ovamosvoltarparaaenseada,mashá…”Eledesvaneceu-sebrevemente.“Nósvamosterquefazerissofuncionarparaocasodeela…Vocêachaquepodesemover?”
N?ohouverespostaporumlongomomento.“Eu…eun?osei.”Eucaídenovo,voltandoaolongodosanosmaisumavez.
“Fiquecomsuam?e,bebê.”Papaitocouminhasbochechas,meafastandodasvozes.“Fiquecomelaeencontreseuirm?o.Euvoltareiparavocêembreve.”
Papaiselevantouesevirouparaaporta–paraohomemqueestavaali,observandopelapequenafendaentreospainéis.“Vocêovê?”
Ohomemnaporta,cujocabelomelembravaaspraiasdomardeStroud,acenoucomacabe?a.“Elesabequevocêestáaqui.”
“Elesabequeelaestáaqui.”
“Dequalquermaneira,eleosestáliderandoaqui.Seelesentraremaqui…”
“N?opermitimosqueissoaconte?a”,dissepapai,estendendoam?oparaopunhodeumaespada.“Elesn?opodemtê-la.N?opodemosdeixarissoacontecer.”
“N?o”,ohomemconcordousuavemente,olhandoporcimadoombroparamimcomestranhosolhosazuis.“Eun?ovou.”
“Venha,Poppy.”Mam?epuxouminham?o–
Avozmepuxouparaalémdascoresedonada.
“N?oseioquevaiacontecerapartirdaqui.”Elepareciamaisperto,masaindamaiscansadodoquedaúltimavezquesuavozmealcan?ou.
Cadapalavrapareciaexigirumesfor?oqueeleestavaperdendorapidamenteacapacidadededar.“Elarespira.Seucora??obate.Elavive.”
“Issoétudoqueimporta,”aoutravozdisse,menostensa.“Vocêprecisasealimentar.”
“Estoubem-”
“Besteira.Vocêmalconseguiumontaremseucavaloeficarnele.
Vocêperdeumuitosangue,”ooutroargumentou.“Elavaiacordareventualmente,evocêsabeoquevaiacontecer.Vocên?oserácapazdecuidardela.VocêgostariaqueNaillouEmiloatendessem,oupreferequeelesoatendam…?”
“Naill”,elegritou.“PegueNaill,caramba.”
Houveumarisadaásperaeeumeafastei,apenasparaouviralgumtempodepois,“Descanse.Euvoucuidardevocêsdois.”
Eutinhaidoemboradenovo,masdestavezeradiferente.Eudormi.
Dormiprofundamente,ondeapenasfragmentosdepalavrasmealcan?aram.
Masnaquelelugar,eumetornei…cientedequetinhapartes.Umcorpo.
Houveumtoquequenteeúmidonaminhatesta,minhabochecha.Foimacio.Umpano.Elevarreumeuslábiosesobeles,aolongodoladodaminhagargantaeentreosmeusseios.Eledesapareceueent?ohouveumsom.Umgotejardeágua,eent?oopanovoltou,deslizandosobremeusbra?osnuseentremeusdedos.Otoqueerabom.Issomeacalmou,medeixandocairdevoltanosonopesadoecairmaisumavez.
Eueraaquelacrian?adenovo,segurandoobra?oensanguentadodeminham?e.Eleshaviamentrado,assimcomoohomemhaviaavisado.Osgritos.Houvetantosgritos,eosguinchosdaquelascoisasforadajanela,arranhandoearranhando-a.
“Vocêtemquedeixarir,bebê.Vocêprecisaseesconder,Poppy…
Mam?eseacalmoueent?osoltouobra?o
Mam?eenfiouam?onasbotasdecourodecrian?aqueeugostavadeusar,fingindoqueestavamaisvelhaemaior.Elapuxoualgo,algopretocomoanoiteefinoeafiado.Elasemoveut?orápido–maisrápido
doqueeujátinhavistoelasemoverantes,girandoenquantoselevantava,apontapretaemsuam?o.
“Comovocêp?defazerisso?”Mam?eexigiuenquantoeucorriaparaabordadoarmário.
Eent?oeuestavaacimadascores,nonadamaisumavez,masn?oestavasozinho.
Umamulherestavalá,seucabelocompridoeflutuandoaoredordela,acort?opálidaquepareciaaluzdalua.Suasfei??eseramfamiliares.EuatinhavistoantesemminhamenteenquantoestavanoTemplo.Masagoraeupenseiqueelasepareciaumpoucocomigo.Haviasardasnapontadonarizenasbochechas.Seusolhoseramdacordagramabeijadapeloorvalho,masatrásdaspupilashaviaumaluz.Umbrilhobrancoprateadoquevazou,quebrandooverdevibrante.
Seuslábiossemoverameelafalou.Seuscíliosbaixarameumalágrimacaiudocantodeumdosolhos–umalágrimavermelho-sangue.
Suaspalavrasenviaramumchoquedegeloatravésdemim.Masent?oelasefoi,eeutambém.
Umasensa??odealfineteseagulhasfoiaprimeiracoisaquepercebi.
Tudocome?ounosmeuspésedepoissubiupelasminhaspanturrilhasparaseespalharpelorestodomeucorpo.Ocalorseguiu.Umafebrepassoupormim,secandominhagargantajáseca.Sedento.Euestavacommuitasede.
Tenteiabrirminhaboca,masmeuslábiospareciamselados.
Meusdedosdopéenrolarameeun?ogosteidasensa??onoinício.
Issofezcomqueorestodaminhacarnetomasseconsciênciadocobertordeitadosobremimedocolch?oembaixodemim.Minhapelepareciamuitosensível,omaterialmuitoáspero.
Euestavacommuitasede.
Meusdedossecontraíramcontrameuest?magonu.Apelepareciairregular,irregular.Eumeconcentreiemminhaboca,desejandoquemeuslábiosseseparassem.Seeupudesseabri-los,poderiapedir…água.N?o.Eun?oqueriaágua.Euqueriaoutracoisa.
Eun?oestavacomsede.Euestavacomfome.Morrendodefome.
Forceimeuslábiosasesepararemeumarespira??osuperficialabriucaminho.Haviaaromas.Pinhofresco.Algoselvagem.Minhapelecome?ouaformigareficartensa,ficandouniforme
maissensibilizado.Meusouvidosvibraramcomosom.Umsussurrodebrisa.Umventiladorgirandopregui?osamente.Osomeraagradável,maseuestavaoco,umvaziovazio.
Euestavacomtantafome.
Euestavacomtantafomequedoía.Ointeriordaminhabocalatejavaetudodentrodemimpareciaqueestavasecando,tornando-seenrugadoequebradi?o.Meusmúsculoscontraíramenquantoeulutavaparaabrirosolhos.Pareciamcosturados,maseuestavacomfomeeprecisavaabrirosolhos.Oquepareciaumavidainteirasepassouantesqueeuconseguissesepararmeuscílios.
Tudoeraumconjuntonebulosoedifusodesombrasemanchasdeluz.
Pisqueiváriasvezes,meiocommedodequemeusolhosn?oabrissemnovamente,maselesabriram.Minhavis?oclareou.Aluzsuavedeumalampadaagásfluíapelasparedescinzaseumacadeiravelhaegasta–
Umacadeiraquen?oestavavazia.
Umhomemestavacaídonele,suapeleeradeummarrombege,seucabeloescurocortadopertodocranio.Eleesfregouosolhoseumasensa??oestranhaseenraizouemmeupeito,umasensa??oquetenteiagarrar.Masoquequerquefosse,escorregavaentremeusdedos.Euestavafamintodemaisparameconcentrar.Euprecisei…
Ohomemsuspirouemeusmúsculosficaramtensos.Minhaspernassecurvarameadornabocadoest?magoenopeitocresciacadavezmais.
Comagargantaapertada,meucora??ocome?ouabaterpesadamentecontraminhascostelasenquantoafomemedominava.Eun?oestavacientedememover,desentar,atéqueocabelocaiusobremeusombros,fazendominhapelepinicar.Ohomemabaixouam?o.
Ochoqueespirrouemsuasfei??esecontraminhapeleaquecidacomoumachuvagelada.Minhaspernasdobradasdebaixodemim,tensas.
Eleseinclinouparafrente,segurandoosbra?osdacadeiraatéostend?esestouraremesuasveias…“Aindapossosentiroseunotam.”
Suaspalavrasn?oimportavam.Afomeperfuroumeupeitoenquantomeuqueixoafundavaemeuslábiospuxavamparatrás.Todoomeuserfocadoemsuagarganta,ondeeujuroqueviseupulsobatendoforte.
“Merda”,elesussurrou,levantando-se.
Eupuleidacamaemelanceicontraele.Trope?andoparatrás,eleagarroumeuspulsos.Apartedetrásdosjoelhosbateunacadeira.
Desequilibrado,elecaiunoassentoeeufuicomele,esticando-meparafrenteenquantomeacomodavanacadeira.“Deuses.Vocêérápido.Evocêérealmenteforte,”elegrunhiu,seusbra?ostremendoenquantoelemesegurava.Fiosdecabelovermelhoacobreadocaíramemmeurostoquando
levanteiacabe?a.
Eleengasgou,seusolhosazuissearregalando.“Putamerda.”
Eumejogueiemcimadele.Acadeiragemeusobnossopesocombinado.Umdeseusbra?oscedeueeufuiparasuagarganta,minhabocaseesticando,meuest?magoapertando-Umbra?odobradoemvoltadaminhacintura,mepegando.Outrafaixacruzoumeusseios,puxando-medevoltacontraapeleduraequente.
Umacargaestáticapassouduranteocontato,meassustando.Essasensa??o
…aquelecheirodeespeciariasepinho.Umsomagudoechorosorasgousuagargantaenquantoeumeesticava,tentandoagarrarohomemenquantoelepulavadacadeira,suatúnicapretaenrugadaemanchadacom…comalgumacoisa.Sangue?Meusangue.Euoencarei,sentindoqueelen?oeramortal.Eleeraoutracoisa.Algoquemepertenceu.
“Vocên?ooquer,”umavozdan?ouemmeuouvido.“Elen?oserát?osaboroso.Vocêmequer.”
“Emqualqueroutrasitua??o”,disseohomemcomolhosazuisinvernais,“eupoderiaficarofendido.”
Afomea?oitouminhasentranhas.Odesesperoempolouminhapele.
Euestavamorrendodefomeedoía.Tudodoía.Minhapele,meusossos,meusmúsculos.Meucabelo.Umzumbidobaixoveiodedentrodemim,finalmenteformandopalavrasásperaseguturais.“Issodói.”
“Eusei.Vocêestácomfome.Masvocên?opodecomerKieran.Issomedeixariaumpoucotriste.”
Eun?omeimportavaseissoodeixavatriste.Eujogueiminhacabe?aparatrás,conectandocomsuamandíbula.Elegrunhiu,masseudomíniosobremimn?oseafrouxou.Eleapenasapertou.
“Cuidado”,disseaquelechamadoKieran.“Elaémaisforte.”
“Euapeguei”,elemordeufora,segurando-mecomfor?aemsuafrente.“Vocêprovavelmentedeveriacolocaralgumadistanciaentrevocêeela.”
Ooutron?osemoveuenquantoaquelequemeseguravamoveuumbra?o,levantandoopulsoporcimadomeuombro.Umcheiroatingiuoar.
Meucora??oacelerouquandoeuparei,respirandoprofundamente.Ocheiroeramaravilhoso,exuberanteedecadente.Adortorturanteseintensificou.
“Osolhosdela,”ooutrodisseenquantoaquelequemeseguravaabaixavaobra?o–seupulso.Seupulsosangrando.“Elesn?os?opretos.
Elesaindaest?overdes.”
Ohomemenrijeceucontramim.“Oque?”
Esquecendooqueestavanaminhafrente,agarreiobra?oegolpeei,fechandominhabocasobreasduasferidasabertasepuxandoprofundamente.Omachoestremeceueengasgou.“Deuses.”
Oprimeirogostodeseusanguefoiumchoqueparameussentidos,ácidoedoce.Seusanguedesceupelaminhagarganta,quenteeespesso
Atingiuovazioemmeupeito,oburacovazioemmeuest?mago,aliviandoador.Eugemi,estremecendoquandoasc?ibrasemmeusmúsculoscome?aramadesaparecer.Assombrastingidasdevermelhoemminhamentecome?aramaafinarefragmentosdepensamentocome?aramaromperafome.Peda?osde-Umam?oenrolousobmeuqueixo,levantandominhabocadeseupulso.“N?o!”Euentreiempanico.Afomedolorosavoltouàvida.Euprecisava–euprecisavademais.
“Olheparamim.”
Euluteicontraseuaperto,resistindocontraseuaperto,maseleeraforte.
Ohomemvirouminhacabe?a.“Pare.”Suarespira??odan?ouemmeuslábios,ealgosobresuaspalavraseradiferente,maissuave,maisprofundo.
Issoecooupormim.“Paredelutarcomigoeabraosolhos,Penellaphe.”
Suavozatravessouafomecomoantes,quandoeuestavavagandonaescurid?o.Minharespira??odesacelerouenquantomeucorpoobedeciaaoseucomando.Olhosambarfixaramosmeus,brilhanteseagitadoscommanchasdouradas.Eun?oconseguiadesviaroolhar–n?oconseguiamemover,mesmoquandoumaondadeangústiacortantemeinundou.
–Poppy,–elesussurrou,aquelesolhosestranhoseagitadosbrilhandocomumidade.“Vocên?oascendeu.”
Eusabiaquesuaspalavrasdeveriamfazersentido.Umapartedistanteefragmentadademimsabiaqueeudeveriaentender.Maseun?oconseguiapensaralémdafome–n?oconseguiameconcentraremnadaalémdisso.
“Eun?oentendo,”ooutrohomemdisse.“Mesmocomosanguedosdeusesnela,elaaindaeramortal.”
Aquelequemeseguroutirouam?odomeuqueixoetocoumeuslábios.Odesejodeagarrarseudedomeatingiucomfor?a,masn?opudelutarcontraele.Odomínioqueeletinhasobremimn?opermitiriaenquantoelegentilmenteempurroumeulábiosuperior.
“Elan?otempresas”,disseele,seuolharrapidamentevoltandoparaomeu.Eusenti…Eusentiaasperezadesuaconfus?odarlugaràsensa??odealívioterrestreeamadeirada.“Euseioqueéisso.ésededesangue.Elaestáexperimentandosededesangue,maselan?oascendeu.éporissoquevocêaindasenteonotamPrimal.”Eletirouopolegareestremeceu.
“Alimente-se,”elesussurrou,sesoltando.
Amarra??esqueeun?oconseguiaverousentirmedeixaram.Eupoderiamemover.Eleergueuopulsomaisumavezeeumeagarreiaele.
Minhabocaselousuaferida
novamente.Osanguen?oestavafluindot?olivrementecomoantes,maseubebiprofundamentedequalquermaneira,puxando-oparamim.
“Cuidado,”ooutro…oloboavisou.“Vocêdooumuitosangueen?otomouosuficiente.”
“Estoubem.Vocêdeveriasair.”
“N?ovaiacontecer,”oloborosnou.“Elapodemachucarvocê.”
Aquelequemealimentousoltouumarisadaáspera.“Vocên?odeveriaestarmaispreocupadocomobem-estardelaagora?”
“Estoupreocupadocomvocêsdois.”
Ohomemsuspirou.“Issopodeficar…
intenso.”Houveumapausadesilêncio.“Já
é.”
Algosobreoqueolobodisseeairregularidadenamaneiracomoaqueledequemeumealimenteideveriatermepreocupado.Efoiumpouco.Eun?otinhacertezadoporquê,masestavaperdidanovamentenaquelequemesegurava,emseusaboreemsuaessência.Eumalosentisemover,sentandoemepuxandoparapertodeseucolo,meabra?andocontraseupeitoenquantomantinhaseupulsocontraminhaboca.Tudooqueimportavaeraseusangue.Foiumdespertar.Umpresentefaiscandoemminhasveias,preenchendoaquelevaziovaziomaisumavezealcan?andoaescurid?odaminhamente.Aespessacamadadeescurid?oserachouepequenospeda?osdemimgotejaram.
Seusdedosro?aramminhabochecha,pegandoasmechasdomeucabeloecolocando-asdevoltanomeuombro.Eufiqueitensa,masquandoelen?omepuxou,eurelaxei.Elemetocounovamente,deslizandoosdedospelomeucabeloemcaríciassuavesereconfortantes.Eugosteidaquilo.O
toqueera…eraespecialparamim.Issojáfoiproibido,masele…elequebrouessaregradesdeoinício.
–Poppy,–elesussurrou.Poppy.Eraeu.“Sintomuito,”eledisse,suavozáspera.“Lamentoquevocêtenhaacordadonesteestadoeeun?oestivesseaqui.Achoque…devoterdesmaiado.Eusintomuito.Euseicomoéasededesangue.Euseiquevocêpodeseperdernisso.Masvocêseencontraránovamente.N?oduvidodissoporumsegundo.Vocêét?oforte.
”Seusdedoscontinuaramsemovendoaolongodomeucourocabeludoemeuapertoemseubra?oafrouxouenquantoelefalava.Ogostodeseusangueeratudo,eacadagole,ovazioemmimdiminuíaeassombrasemminhamenterachavamaindamais.
“Deuses,euesperoquevocêrealmenteentendaoqu?ofortevocêé.
Estouconstantementeadmiradoporvocê.EstoumaravilhadocomvocêdesdeanoitenoRedPearl.”
Asrespira??esirregularesseequilibraram.Oritmoaceleradodomeucora??oedomeupulsocome?aramadiminuir,eatrásdosmeusolhos,euvicores–umcéuazulsemnuvenseluzdosolquente.águasnegrasquebrilhavamcomopo?asdeobsidianaeterraarenosaquentesobmeuspés.
Palmsjuntou-seeelesussurrando:“Indigno”.Essasimagens,essespensamentoseramseusenquantofalavabaixinho.
“Vocêécorajoso,t?ocorajoso.PercebiissonoRedPearl.SeraDonzela,sercriadacomovocêfoieaindaquererexperimentaravidamedissequevocêeracorajosa.NaquelanoitenoRise,quandovocêsubiunaquela…aquelamalditacamisola?”Suarisadafoiáspera.“Vocên?oseescondeu.N?oent?o,en?o
Vocêsemprefaziaquandoeramaisimportante,sabendodasconsequências.
Porquevocêécorajoso.VocênuncafoiaDonzela.Vocênuncaesteveverdadeiramentedesamparado.Vocêfoiinteligente,forteecorajoso.”
Eleexaloupesadamente.“Eun?oachoqueeudisseissoavocê.Eun?otiveachanceainda.Quandovocêmepediuparabeijarvocêsobosalgueiro?Nofundo,eusabiaquedariaavocêqualquercoisaquevocêpedisse.Euaindavou.Oquevocêquiser,”eleprometeuasperamente,seusdedosemaranhadosnomeucabelo.
Vocêpodetertudoisso.Euvoutercertezadisso.”
Calorzumbiupormim,apagandoasensa??odeformigamentoemminhapele.Euengoliaricaessênciadeleeent?otomeioquepareciaserminhaprimeirarespira??oreal.N?oqueimououabriuaquelasensa??odevazionovamente.Fezalgototalmentediferente.Osangue…
Seusangue…
Eracomofogolíquido,acariciandoumtipodiferentedenecessidade,naqualcaídecabe?a.Inclinei-meparafrente,pressionandomeusseioscontraseupeitonu.Ocontatomedeixoucomfomedeumaformamuitodiferentedeantes,mast?opotentequanto.Eumemexiemseucolo.Nósdoisgememos.Oinstintoassumiu,meucorposabendooqueeuqueria–oqueeuprecisava–enquantoeubebiadeseupulso.Euroleimeusquadriscontraosdele,tremendocomaintensasensa??odeondula??onofundodomeuest?mago.
Seusangue…deuses.Minhapeleformigouagora,tornando-seexcessivamentesensível.Aspontasdosmeusseiosdoíamquandoro?aramapoeirafinadecabeloemseupeito.Euchoraminguei,pressionandocontraadurezaqueesticavaascal?asfinas.Euqueria…n?o,euprecisavadele.
“Oquevocêquiser”,disseele,suaspalavrasumvoto.“Euvoudaravocê.”Ele.Euoqueria.
Mantendoseupulsonaminhaboca,euplanteiminham?oemseupeitoeempurrei–empurreicomfor?a.Elecaiudecostasenquantoeuinclineimeusquadris,esfregandocontraseucomprimento.Comumafor?achocante,elelevantounósdoisapenasosuficienteparaempurrarsuascal?asatéascoxascomumam?o.Asensa??odelequenteedurocontraaparteinferiordomeucorpoarrastouumgemidofracodemim.
“Foda-se”,eleengasgou,seugrandecorpotremendo.Eent?oelesemoveunovamente,melevantandoemummovimentofluidoeangulandomeusquadris.Elemetrouxeparabaixosobreele,deslizandoprofundamentedentrodemim.Seupulsosufocoumeugritodesurpresaquandoseusquadrisflexionarameempurraramparacima.Comosdedosdospésenrolando,empurreiparabaixo,acompanhandoseuritmoenquantomeenrolavaemseubra?o,bebendoprofundamente.
“Elaestátomandomuito,”ooutrohomemdisse,suavozmaispróxima.“Vocêtemqueimpedi-la.”
Mesmoemminhamenteconfusadeluxúria,mesmoenquantoatens?ocresciacadavezmaisfortedentrodemim,eusabiaqueaquelequesemoviasobmimedentrodemimn?oiriameparar.Elemedeixoulevartudo.Elemedeixoudrená-loatésecar.Elefariaissoporqueele…
“PeloamordeDeus,”oloborosnou.Umbatimentocardíacodepois,sentiseubra?oapertarminhacinturaenquantoseusdedospressionavamapelesobminhamandíbula.Elepuxouminhacabe?aparatrás,maseun?oluteicomeleporqueosanguedessehomemeratudoparamim.
Oqueestavaembaixodemimsesentou,enrolandoumbra?oemvoltadosmeusquadris,logoabaixodobra?odooutro.Umforteredemoinhodeformigamentopercorreumeucorpo.Elealcan?ouoapertodolobo,agarrandomeucabeloenquantopressionavasuatestanaminha.Embaixodemim,elemoveuseucorpomagníficoemumritmofurioso.Meucorpointeiroenrijeceue,emseguida,umraiovoouemminhasveias.Meusmúsculosapertaramcontraele,espasmos.Meugritosemisturoucomseugritoásperoenquantoseusquadrisbombeavamfuriosamente,eelemeseguiuparaafelicidadeselvagemeirracionalquedestruiutodoomeucorpo.Lentamente,atens?osaiudemim,transformandomeusmúsculosemlíquido.Eun?osabiaquantotemposepassou,masfinalmente,am?osobmeuqueixorelaxoueumdosbra?osdeslizouparalongedemim.
Minhabochechacaiuparaumombroquente,eeusenteilá,olhosfechadoserespirandosuperficialmenteenquantoelemeseguravacomfor?acontraseupeito,suam?oaindaemaranhadanomeucabelonapartedetrásda
minhacabe?a.Eleacenoucomacabe?aeolobosaiu.Ocliquedeumaportapróximasinalizousuapartida,maseupermanecisaciadoerelaxado.
Ocalordosanguecorrendopormimesfriou.Seusangue…
SanguedeHawke.
Casteel’ssangue.
Onadaemminhamenteseestilha?ouemuminstante.Ospensamentosmeinundaram,conectando-secomasmemórias.Elesalcan?aramaspartesmaisprofundasdemim,conectando-secomumsensodeidentidade.Ochoquemeatingiuprimeiro–totaldescren?aeangústiasobreoqueAlastirtinhafeitoenquantoestávamosnaCamaradeNyktosetudooqueaconteceudepoisdisso.
Euconfieinele.
Eu…euqueriaaceita??odaspessoasnoTemplo,maselesmechamavamdeDevoradordeAlmas.Elesmechamaramdeprostituta.Eles
…elesmechamavamdeDonzela,eeun?oeranenhumadessascoisas.Araivasuperouohorror.Umaraivaquesegravouemcadaossodomeucorpo.Afúriazumbiaemmeuinterior,golpeandocontraaselvageriaquecresciadentrodemim.Elespagariampeloquefizeramcomigo.Cadaumdelesdescobririaexatamenteoqueeuera.Eununcaseriaderrubadoassimnovamente.Elesn?oteriamsucesso…
Masján?otinham?
Euaindapodiasentiroraioatingindominhacarne,rasgandopartesvitaisdemim.Euexperimenteiamorte.Senti–arespira??oqueeun?oconseguiarespirar,ocora??oquen?obatiamaiseaspalavrasqueeun?oconseguiafalar.Euestavamorrendo,mashaviaumadordiferentetambém,umadorardentequemerasgou.Bebida.Continuarabeber.éisso.
Continueengolindo.Beba,Poppy,continuebebendoparamim…Ogostodefrutascítricaseneveaindarevestiaminhagarganta,meuslábios.Aindaaquecidoepreenchidoaquelevaziocorrosivoedolorosodentrodemim.
Estremecieam?onapartedetrásdaminhacabe?aparou.Oh,deuses,elesconseguiram.Ele…meascendeu.
Oqueeleestavapensando?Eun?ovouteperder.Sempre.Euamovocê,Princesa.Elen?oestavapensando.Elesimplesmenteestava…
sentindo.
Derepente,foicomoseumbaúnaminhamentefossedestrancadoeatampafossearrancada.Asemo??essederramaramemmim–quasedezenoveanosdelasqueforamalémdoquetinhaacontecidonoTemplo,asmemóriasecren?as,experiênciasesentimentos.Pesadelostambémvieram,carregadosdedesesperoedesesperan?a.Masomesmoaconteceucomossonhoscheiosdemaravilhasepossibilidades.Sonhosexplodindodenecessidade,desejoeamor
Recostei-met?orapidamentequeperdioequilíbrio.Umbra?ocaiuatéminhacintura,meparandoantesqueeucaíssedeseucolo.Atravésdosfios
bagun?adosdomeucabelo,euovi,realmenteovi.
Cabeloescuroedesgrenhadocaiuemsuatesta.Atens?oenvolveuoscantosdesuabocaesombrasmancharamapelesobseusolhos,maseleseramumtopáziobrilhanteenquantoseguravamosmeus.Nenhumdenóssemoveuoufalouenquantonosencarávamos.Eun?otinhaideiadoqueeleestavapensando,emalconheciameuspensamentosnaquelemomento.
Tantacoisaaconteceu,tantascoisasqueeun?oentendi.Ouseja,comoeuestavaaquidepoisdeterAscensionado.Depoisqueelefezoimpensávelparamesalvar.Lembrei-medopaniconavozdeseupaiquandoeleimplorouquen?oofizesse–n?orepetisseahistória.Maselearriscou–
deuses,elearriscoutudo.Eeuestavavivoporcausadele.Euestavaaquiporcausadele.Masnadadissofaziasentido.
OsAscensionadosficaramincontroláveisdepoisdeseremtransformados,perigososparaosmortais,quantomaisparaumAtlanteelemental.Elespoderiamlevaranosparacontrolarsuasede,masomaisinacreditáveleraqueeuaindapodiasentirtodasaquelasemo??esinebriantes,estimulanteseaterrorizantesdentrodemim.Eupodiasentiramor,en?oacheiquenenhumAscensionadofossecapazdesentirtalmilagre.N?oentendi.Talvezissofossealgumtipodesonho?TalvezeutivessepassadoeestivessenoVale,umaeternidadedeparaísomeesperando.Eun?otinhacertezasequeriasaberseeraesseocaso.
Eulevanteiminham?otrêmulaepressioneimeusdedosnapelequentedesuabochecha.“Casteel.”
Capítulo9
Casteel
estremeceu
quando
sussurrou:
“Poppy.”“Istoéreal?”Euperguntei.
Asmanchasdouradasemseusolhosseagitaramferozmente.“N?ohánadamaisrealdoqueagora.”
N?oseiquemsemexeuprimeiro.Eu.Ele.Nósdoisaomesmotempo?
N?oimporta.Nossasbocasseencontraram,en?ohavianadadegentilnamaneiracomoficamosjuntos.Eleagarrouminhanuca,suam?oagarrandomeucabelo.Euosegurei,meusdedoscavandonapeledeseusombros.Foiumaespéciedebeijodestruidor,exigenteecru.Nósreivindicamosumaooutro.Nossoslábiosseesmagaram.Nossosdentessechocaram.Nossosbra?osseenvolveramferozmente,eobeijo,amaneiracomonosabra?amos,tornou-sealgototalmentediferente.Suasm?osdeslizarampelosmeusladosatémeusquadrisenquantoelemepuxavacontraele,ondeosentiendurecercontramimmaisumavez.
“Euprecisodevocê,”elegemeucontrameuslábios.–Euprecisodevocê,Poppy.
“Vocêmetem,”eudisseaele,ecoandoaspalavrasqueeudisseaeleumavezantes.Agora,elespareciamumvotoinquebrável.“Sempre.”
“Sempre,”elerepetiu.
Levantando-medeseucolo,eleselevantouesevirou,colocando-menocentrodoquepercebiserumacamabastanteestreita.Tiveumbrevevislumbredasparedesescurasedaluzdosolfragmentadainfiltrando-sepelastábuasrachadasdeumaportadasala,masent?otudoquevifoiele.
Casteel.
Meumarido.
Minhaalma
gêmea.
Meu
Salvador.
Deuses,ele…elemesalvou,acreditandoquetinhacometidooatoproibidodaAscens?o.Eleassumiuesserisco,entendendoqueeumetornariaumavampira.Seupain?ofoicapazdeimpedi-lo.Nemosdeuses.
Ninguémpoderiaporqueelen?omedeixouir.Eleserecusouameperder.
Porqueelemeamou.
Eagoraelesubiuemcimademim,suaaten??oferozepossessiva.
Cadamúsculodomeucorpoficoutenso.Minhapernaenrolouquandoeledeslizousuam?opelaminhacoxa,apeleásperadesuapalmacriandoumafric??odeliciosa.Eun?oconseguiadesviaroolhardaqueimaduravívidadeseusolhos.Fiqueiabsolutamenteparalisadoporeles–porele.Deslizandoumbra?osobminhacintura,elemeviroudebru?os.Asurpresapassoupormim.Comeceiamelevantar,masocalordeseucorpocontraminhascostasmepressionoucontraocobertoráspero.Casteelchoveubeijosnaminhaespinha,sobremeusquadrise,emseguida,paraaminhabunda,provocandoumarrepioemmim.
“Sevocêmedisserparabeijarsuabunda”,disseele,“lembre-sedequeeujábeijei.”
Umarisadaguturalseparoumeuslábios,osomeoatosurpreendentes.
“Eun?oachoquevouesquecerisso.”
“Bom.”Elemecolocoudejoelhos,usandosuacoxaparaafastarminhaspernas.Meusdedoscavaramnomaterialásperoenquantoumtremordeantecipa??opassoupormim.“N?ovoudurarmuito”,alertou.
“Masnemvocê.”
Eun?oconseguiapensar,n?oconseguiarespirarcomeleenrolandoobra?oemvoltadaminhacinturaenquantosuaoutram?oseguravameuquadril.Elen?osemexeu.Minhapulsa??odisparou.
–Cas…Seunometerminouemumgritoagudoquandoeleempurrouparadentrodemim.
Elemepuxoudevoltacontraeleenquantomergulhavaemmim,maisemais,seuritmoperversamenteselvagem.Puxandominhascostasrenteaoseupeito,eleapertouseusquadriscontraminhabundaenquantosuam?odeixoumeuquadriledobrousobreabasedaminhagarganta.Elepressionouseuslábiosnaminhatêmporaúmida.“EuamoVocê.”
Eumeparti,quebrandoemmilpeda?osminúsculosquandominhalibera??omeatingiucomtantafor?aqueumgrunhidoretumbouemseupeito.Seusbra?osseapertaramaomeuredor.Maisumaestocadaprofundaeelegozou,gritandomeunome.Ofeganteeescorregadiocomumafinacamadadesuor,elenostrouxeparaacama.Ocobertorarranhouminhapele,maseuestavasaciado,semossoset?oaliviadoporestarvivoquen?opuderealmentemepreocuparcomairrita??odomaterial.Eun?osabiaquantotempoficamosondeestávamos,eunaminhabarrigaeCasteeldeitadomeiosobremim,masasensa??odeseupesomecativou,assimcomoseucora??obatendodescontroladamentecontraminhascostas.
Algumtempodepois,acabeimaisumavezsentadaemseuabra?o,
aninhadacontraele.Estávamosnacabeceiradacamaestreitaagora.N?olembrava
comotínhamoschegadolá,maselemesegurouenquantopassavaumam?otrêmulasobreminhacabe?aepelosmeuscabelos.Ficamosassimpormuitotempo–horas,parecia.
“Comovocêestásesentindo?”Casteelperguntou,suavozáspera.
“Algumacoisadói?”
Eudeiumapequenasacudidademinhacabe?a.“Naverdade.”Haviadores,masn?oeramnada.“Eu…eun?oentendo.Euestavamorrendo.”
Erguendoacabe?a,olheiparaomeupeitoenquantocolocavaasmechasemaranhadasdomeucabeloparaolado.Euviumapelerosadaebrilhanteemformadeumcírculoásperoentremeusseios.Oraiohaviapassadopormim.“Evocê…vocêtomoumeusangueatéquesentimeucora??ofalhareent?omedeuoseu.”
“Eufiz.”Elepressionouosdedoslogoabaixodoferimentoquaseimperceptível,eumaondadeconsciênciapassoupormim.“Eun?opodiadeixarvocêir.Eun?ofaria.”
Meuolharvoouparaodele,maseleestavaolhandoparaaferida,comatestafranzida.“Maseun?oestoucomsededesangue–bem,euestava.
Euestavacomtantafome.Nuncasentitantafomeantes.”Euengoliemseco,querendoesqueceroquesenti.QuerendoesquecerqueCasteeltinhaexperimentadoissorepetidamentepordécadas.Comoeleseencontrou?Euestavamaravilhadocomeleeapaixonadoporele.
Euteamo.Essaspalavrasserepetiramindefinidamenteemminhamente
–palavrasqueforamtatuadasnaminhapeleegravadasnosmeusossos.O
queeusentiaporeleeramuitomaispoderosodoquepalavras,maspalavraseramimportantes.Detodasaspessoas,euconheciaopoderdefalarabertamente,desercapazdefazerissodeformahonestaeaberta,semhesita??o.Eusabiadaimportanciaden?omeconteragora,porquequandoeuestavalánaquelasruínas,commeusanguevazandodomeucorpo,eununcapenseiqueteriaachancededizeraquelaspalavrasparaele.
Meusdedossecurvaramaoredordoseucorpoquandoencontreiseuolharmaisumavez.“EuamoVocê.”
Am?odeCasteelparouseusmovimentossobmeucabeloenametadedasminhascostas.“Oque?”elesussurrou.Seusolhossearregalaramligeiramenteesuaspupilasestavamumpoucodilatadas.Pudeversuasurpresaesenticomoumalufadadearfriocontraminhapele.Porqueelepareciat?osurpreso?Eletinhaquesaber.
MasCasteeln?oconseguialerasemo??escomoeu.Eudisseaelecomoelemefaziasentiremostreiquandosegureialaminanaminhagargantaduranteo
batalhaemSpessa’sEnd–maisdoqueprontaparaacabarcomminhavidaseissosignificassesalvaradele.Maseununcadisseaspalavras.
Eeuprecisava.Desesperadamente.
Pressioneiaspontasdosmeusdedoscontrasuabochechaenquantoprendiaarespira??osuperficialmente.–Amovocê,Casteel–falei.Seupeitoseacalmoucontraomeueent?oseergueubruscamente.“Euamo-”
Casteelmebeijou,seuslábiossemovendosobreosmeust?osuavemente,t?oternamente.Foiumbeijodoceelento,comosefosseaprimeiravezquenossoslábiosseunissem,comoseeleestivesseaprendendoaformaeasensa??odeminhabocacontraadele.Eleestremeceueumaondadelágrimasatingiumeusolhos.
Elerecuouosuficienteparaquesuatestaencostassenaminha.“Eun?o…”Elelimpouagargantaenquantoeucorriameusdedosaolongodesuamandíbula.“Querdizer,eu…eupenseiquevocêqueria.Euacreditavanisso–outalvezprecisasseacreditar–masn?oachoquerealmentesabia.”
Suavoztornou-seásperanovamentequandoeleseaproximoudenós,enxugandoumalágrimaquehaviaescapado.Ummomentosepassoueseupeitoseergueucomumarespira??oaguda.TodasasmuitasmáscarasqueCasteelusavaracharamecaírament?o,comotinhamacontecidonasruínasquandoelejogouacabe?aparatrásegritou.“Eusabiaquevocêgostavademim.Masamor?Són?osabiasevocêpoderiadepoisde…tudo.Eun?oteriaculpadovocêsevocên?ofossecapazdesentirissopormim.N?odepoisdoque—”
“N?oimportaoquefoifeitonopassado.Euentendoporquevocêfezessascoisas.Eusupereiisso.”Meusdedosseenredaramnasmechasmaciasdeseucabelonanuca.“EuamoVocê.Euiria”-engoliemseco-“
Eufariaqualquercoisaporvocê,Cas.Comovocêfezpormim.Nada-”
Suabocaencontrouaminhanovamente,edestavez…oh,deuses,obeijofoimaisprofundo.Euderretineleenquantosualínguaacariciavameuslábios,separando-os.Minúsculosarrepiosexplodiramportodoomeucorpo,enosbeijamosatéficarmosambossemf?lego.
–Cas,–eleecooucontrameuslábios.“Vocên?otemideiadequantotempoespereiparaouvirvocêmechamarassim.”
“Porque?”Eunemtinhapercebidoquetinhausadooapelido.
“N?osei.Sóaquelesemquemmaisconfiomechamamassim.”Suarisadafoisuave,eent?oelerecuoumais,segurandominhasbochechascomcuidado.“Vocêsabe,n?oé?”Eleprocuroumeusolhoscomosdele.“Oquevocêsignificaparamim?Oqueeusintoporvocê?”
“Sim.”
Eleenxugououtralágrimacomopolegar.“Eununcasoubequepoderiaserassim.Queeupodiasentirissoporalguém.Maseuamo–euteamo.”
Eutremienquantomeupeitoseencheudeamor,esperan?a,antecipa??oeumacentenadeoutrasemo??esselvagensquepareciamt?oestranhasdepoisdetudooquetinhaacontecido.Eaindaassim,elespareciamt?ocertos.“Achoquevoucome?arachorarmais.”
Elebaixouacabe?a,beijandoumalágrimaquesesoltou.Conseguimerecomporquandoeledeuumbeijonaminhatêmpora,naminhatestae,emseguida,napontadomeunarizquandoelepegouminham?oesquerda.
Seusolhosestavamfechadosenquantoeledeixavabeijosminúsculosaolongodocomprimentodamarcadouradadocasamento.Euoobserveiemsilêncioporváriosmomentos,umpoucoperdidanele.
Eletocouafaixaemvoltadomeudedoindicador.“Eu…eun?oqueriaqueseuprimeirovislumbredeAtlantia,desuacasa,fossealgohorrível.Euqueriaquevocêvisseabelezadenossacasa,denossopovo.
Eusabiaquen?oseriafácil.”Eleengoliuemseco.“Alastirestavacertoquandodissequealgunsdenossopovos?osupersticiososecautelososcomosrecém-chegados,maseuqueriaquevocêsesentissebem-vindo.Acimadetudo,queriaquevocêsesentisseseguro.Euodeioqueissotenhaacontecido,esintomuito.Eusinto
“N?oésuaculpa.Vocêfezdetudoparatercertezadequeeuestavaseguro.”
“Eufiz?”elerebateu.“Eusabiaquepoderiahaverresistência.Eusabiaquehaveriapessoasfamintasporvingan?a.Superestimeiseudesejodesobreviver.Eun?odeveriaterdeixadovocêiremboraassim.Eudeveriaterestadolá.Eufalheiemprotegervocê—”
“Pare.”Inclinei-meparafrente,segurandosuabochechacomam?oqueelen?osegurava.“N?ofoisuaculpa,”eurepeti.“Porfavor,n?openseisso.Eu…”Euinaleibruscamente.Compartilharmeussentimentosnuncafoifácil,nemmesmodepoisdefalaraquelaspalavrasincrivelmentepoderosas.Comopoderiaserquandoeufuipreparadoparanuncafazerisso?Maseuprecisavacontinuararespiraressaspalavras.Eutivequefazerporqueeupodiasentiramordidaamargadaculpa.“Eun?osuportariasevocêpensassequeeraoresponsável.Eun?oqueroqueissotecorra.Vocên?omefalhou.N?oseiondeestariaagorasen?ofosseporvocê.Eunemseiseestariavivo.”
Elen?odissenadaenquantofechavaosolhos,virandoacabe?aparaquesuabochechapressionasseminhapalma
Arrasteimeupolegaraolongodeseulábioinferior.“Maseuseique
euseria…euseriamenos.Eun?omesentiriaassim–comoseestivessecompleto.Eissoéporsuacausa”.Eurespireinovamente.“QuandoeuviosPilarese
estavanasCamaras,eusenticomoseestafosseminhacasa.Foicomoumasensa??odeestarcerto–comooquesintoporvocê.Pareciacertoestaraqui.Etalvezissotenhaavercomminhaancestralidade.Eu…eun?oseioqueAtlantiaéparamimagoraouoquevaisetornar,masisson?oimporta.
”Percebioqu?overdadeiraessaafirma??oeranomomento,eoconhecimentorepentinodissotiroumuitopesodemim.Teraaceita??odeAtlantiaedospaisdeCasteelseriamaravilhoso,masnossaaceita??oumdooutroeramuitomaisimportante.Issoeraoqueimportavaquandofecheiosolhosànoiteeosabrinovamentepelamanh?.“Você
Seuscíliosseergueram,oambardeseusolhosseagitandodescontroladamente.–Comovocêéminha,Poppy.
“Ent?o,porfavor,n?oseculpe.Porfavor.Sevocêfizerisso,eu…n?oseioquefaria,mastenhocertezadequen?ogostaria.
“Issoenvolve
esfaqueamento?”Euo
encarei.
“Porqueeuprovavelmente
gostariadisso.”Suspirei.“Cas.”
Umlevesorrisoapareceu.“Voutentarn?omeculpar.OK?Aculpaquesinton?oéalgoqueváemboraimediatamente,masvoutentar.Paravocê.”
“Para
nós,”
eu
corrigi.“Paranós.”
Exalandosuavemente,eubalanceiacabe?a,emboraeuquisessequeissofosseemboraimediatamente.“Eusabiaqueiriavê-lonovamente,mesmoestandoemcativeiro.”Eudeslizeiam?opeladurezaacetinadadeseupeito.“Eusabiaqueoumelibertariaouvocêmeencontraria.Evocêfez.Vocêmeencontrou.”
“Comoeun?opoderia?”eleperguntou.“Eusemprevouteencontrar.
N?oimportaoque.”
Meucora??oapertouenquantoeuseguravasuabochecha.“Masquandoaqueleraiomeatingiueeuestavadeitadolá?Acheiquenuncamaissentiriavocêmeabra?ar.Queeununcasentiriaseubeijoouveriasuascovinhasestúpidas.”
Elesorriueacovinhaemsuabochechaesquerdaapareceu.“Vocêamaminhascovinhas.”
Passeimeupolegarsobreorecuo.“Eufa?o.”Mergulhandominhacabe?a,coloqueimeuslábiosondemeupolegarestava.“Oquesentiquando
acordeimaiscedo,
quandoeuestava…comfome.Nuncasentinadaassimantes.Essanecessidade?Foiassustadoreeu…”Eufecheimeusolhosbrevemente.
“Vocêsabeexatamentecomoéisso.VocêfoilevadoàquelepontoumaeoutravezquandooAscensionadoosegurou.N?oseicomovocêlidoucomisso.”Meusolhosencontraramosdele.“Vocêdissequeeusouforte,masvocê…vocêéapessoamaisfortequeconhe?o.”
“Euodeioquevocêtevequeaprendercomoeraisso.Eusabiaqueissoaconteceria,especialmentesevocêascendesse.Eudeveriater-”
“Vocêestavalá.Vocêteriamedeixadocontinuarmealimentando.”
Seuolharcontinuouaseguraromeu.“Euteriadadoavocêaúltimagotadesangueemmeucorposeissofosseoquevocêprecisava.”
Minharespira??oparou.“Vocên?opodefazerisso.Vocên?odeveriatermedeixadobeberportantotempo.Vocêtevequerecebersangue,n?ofoi?”Lembrei-medaconversaagora.“Você…vocêsealimentoudeNaill.”
“Eufiz,eestoubem.Meusanguesereabastecerapidamente”,disseele,eeun?otinhacertezaseacreditavaneleoun?o.Seupeitosubiucomumarespira??oprofunda.Elecolocousuam?osobreaminha,levantando-aebeijandoocentrodaminhapalma.“Vocêcontinuacomfome?”
“N?o.N?omesintoassimagora.Tudooquesintoévocê.”“Meusangue-”
“N?o.Isson?o.”Bem,eupodiasentirseusangueemmim,escuroeexuberante,mashaviaesfriado.Isson?omedirigiamais–dirigiaanósdoiscomabandonoimprudente…
Ohmeusdeuses.
Percebient?oqueKieranestavalá.Eleestavanasalaquandonós–
quandoCasteeleeuviemosjuntospelaprimeiravez.Elemeimpediudetomarmuitosangue.Comacolunarígida,olheiporcimadoombro,meioqueesperandoqueoslobosestivessemali.Eun?oreconheciasaladeformaalguma.
–Kieransaiu,–Casteeldisse,espalhandoseusdedoscontraminhabochecha.Eleatraiumeuolhardevoltaparaele.“Eleficouporqueestavapreocupado.”
“Eu…eusei.”Lembrei-me.Estoupreocupadocomvocêsdois.
Espereiqueavergonhameafogasse,eoconstrangimentocaiusobremim,masn?otinhanadaavercomoqueKieranhaviatestemunhado.“Eu…eutenteicomerKieran.”
“Elen?ovaiusarissocontravocê.”
“EutenteicomerKieranenquantoestavanua.”
“éprovavelmenteporissoqueelen?ovaiusarissocontravocê.”“Isson?oéengra?ado.”Euoencarei.
“N?oé?”Umladodeseuslábiossecurvouesuacovinhaapareceuemsuabochecha.
Aquelacovinhaestúpida,estúpida.
“N?oentendo.ComoeufuidetentarcomerKieran,decomervocê,paraisso?Querdizer,eusintoemo??o.Mesintonormal.N?oéassimqueumvampirorecém-criadosesente,certo?Ouéporqueeumealimenteidevocê?”Meucora??obateuforte.“Minhapeleestáfriaparavocê?Eutenhopresas?”Lembro-mevagamentedeterouvidoumdelesdizerquen?o,masmesmoassimestendiam?oparaaboca,sóparatercerteza.
Casteelpegouminham?o,afastando-adomeurosto.–Vocên?otempresas,Poppy.Eseusolhos…Elesaindas?odacordeumaprimaveraAtlante.Vamprysrecém-transformadosn?oconseguemsanguesuficiente,n?oimportaoquantoelessealimentem.Eusei.Euosvihorasediasdepoisqueforamtransformados”,elemedisse,eeuodiavaqueeletivesseexperimentadonadadisso.“Vocêestariaindoparaaminhagargantaagoramesmosevocêfosseumvampiro.Vocên?osesentiriaquenteemacioemmeusbra?osouemtornodomeupau,”eledisse,eeucoreiumrosachoque.“Vocên?oascendeu.”
“Masisson?o…”Meuolharpassoudacamaparaasportas.Luzsolar.
OAscensionadopodeestarsobluzsolarindiretasemferimentos.Masluzsolardireta?
Históriatotalmentediferente.
Eumemoviantesmesmodeperceberoqueestavafazendo,melan?andoparaforadocolodeCasteel.Devotê-lopegodesprevenidoporqueeleestendeuam?oparamim,maseuescapeideseuaperto.Outalvezeufosseapenast?orápido.Eun?osabia.
“Poppy!”Casteelgritouquandochegueiàporta.“N?oseatreva”
Agarrandoama?aneta,abriaporta.Oarfrioentrouquandoeusaíparaumapequenavaranda.Aluzdosolentrou,encharcandoapedrarachadadoch?ocomluzfria.Euestiqueiumbra?oenquantoamaldi??odeCasteelempolavameusouvidos.Aluzcaiusobremeusdedose,emseguida,minham?o.
Casteelenvolveuumbra?oemvoltadaminhacintura,puxando-medevoltacontraseupeito.“Putamerda,Poppy.”
Euencareiminham?o,minhapele,eespereiqueelafizessealgoaterrorizante.“Nadaestáacontecendo.”
“Gra?asaosdeuses,”elerosnou,apertando-mecomfor?a.“Maspossoestartendoumataquecardíaco.”
Minhassobrancelhasfranziram.“Osatlantespodemterataquescardíacos?”“N?o.”
“Ent?ovocêestábem,”eurespondi,mordendomeulábioquandopercebiaumidadeentreminhascoxas.
Suatestapressionadacontraoladodaminhacabe?a.“Issoédiscutível.Eusintoquemeucora??oestáprestesasairdomeupeitonomomento.”
Umruídoásperoeofeganteveio,atraindomeuolharparaalinhaespessadeárvoressemimortas.Tinhasoadomuitoparecidocomumarisada.Porummomento,esquecitudosobreoqueestavafazendo.Meusolhosseestreitaramnosgalhosnus,comocadáveres,penduradosbaixosevarrendooch?o.Umlobobrancopuroseagachouentreasárvores.
Delano.
Suasorelhasseanimaramquandoeleinclinouacabe?aparaolado.
Efoiaproximadamentenessahoraquepercebiquen?ohaviaumpontoderoupaemmim.“Ohmeusdeuses.”Umruborvarreumeucorpointeiro.“Estounua.”
–Muito,–Casteelmurmurou,inclinandoseucorpoparaqueelemeprotegesse.Elesegurouaporta.“Desculpeporisso”,disseeleaDelano.
OlobofezaquelesomásperoderisonovamentequandoCasteelfechouaporta.Imediatamente,elemegirouparaqueeuoenfrentasse.“Eun?opossoacreditarquevocêfezisso.”
–Eun?opossoacreditarqueoutrapessoaaleatóriaacaboudemevernua,–eumurmurei,eCasteelmeencaroucomoseminhasprioridadesestivessemtodaserradas.Etalvezelesestivessem.Eumeconcentreinovamente.“Masvocêdissequeeun?oascendi”
“Isson?osignificaqueeuseiexatamenteoqueaconteceu.Eun?otinhaideiadoqueaconteceriasevocêsaísseparaosol.”Eleagarroumeusombrosemeussentidosdispersosseconectaramcomsuasemo??es.Sentiapesadasensa??odepreocupa??omisturadacomofrescordoalívio.Porbaixo,umsaborpicanteefumadomisturadocomdo?ura.“Nadapoderiateracontecido.Ousuapelepoderiatercome?adoasedeteriorareeuteriaperdidovocêdenovo.”Seupeitosubiubruscamenteenquantoasmanchasdouradasemseusolhosqueimavamintensamente.–Porqueeuperdivocê,Poppy.Eusentiseucora??oparar.Amarcanapalmadaminham?ocome?ouadesaparecer.Euestavaperdendovocê,evocêétudoparamim.”
Euestremeci.“EusintoMuito.”
“N?osedesculpe”,elemedisse.–Nadadoqueaconteceufoisuaculpa,Poppy.Eusó…n?oconsigosentirissodenovo.”
“Eun?oqueroquevocêfa?aisso.”Eumeaproximeideleeeledeslizouseusbra?osemvoltademim.“Eeun?oqueriafazervocêsentirissodenovo.”
“Eusei.”Elebeijouminhatesta.“Eusei.Vamosapenassentar.OK?”
Elemelevoudevoltaparaacama.
Sentei-meenquantoelesecurvava,pegandoascal?as.Mordimeulábioenquantooviapuxá-losparacima,deixandoaabadesabotoada.Elespenduraramindecentementebaixosemsuacinturaquandoelesevirou.
Haviaoutracadeiranasala,umademadeira,eviumpequenopeda?oderoupaali.
“Jasperencontroualgumasroupasebotasqueelepensouquevocêpoderiausar.éumacombina??o,umpardecal?aseumsuéter.
Sinceramente,n?oseiondeeleosencontrouen?otenhocertezasequerosaber.”Eletrouxeacombina??oparamimeumsuétermarromescuro.
“Maselesest?olimpos.”
“Ondeestamos?”Eupergunteienquantoelegesticulavaparaqueeulevantassemeusbra?os.Eufizoqueelepediu.“Nósestávamosem..
Irelone,certo?éparaondeelesmelevaram?”
Napenumbra,viummúsculoflexionaremsuamandíbulaquandoelebaixouacombina??osobreminhacabe?a.Opanoeramacioecheiravaaarfresco.“N?oestamosmaisemIreloneouemWastelands.EstamosnosopédeSkotos.Estaéumavelhacabanadeca?aqueàsvezesusamosquandoestamosentrandoesaindodeSkotos.Naverdade,n?oestamosmuitolongedeSpessa’sEnd,masn?oqueríamos…”
Casteeln?oterminouoqueestavadizendoquandomecoloqueidejoelhosedeixeiodeslizamentodeslizarnolugar.Eusabiaoqueeleestavapensando.Elesn?oqueriammelevarparaSpessa’sEnd,apenasnocasodeeuterAscensionadoemetornadoincontrolável.
Aindatotalmentepasmopelofatodequeeuestavavivoen?oeraumvampiro,eun?odissenadaenquantoelepuxavaosuétergrossopelaminhacabe?a.Estavaumpoucoáspero,masquente.Eulevanteiagola,dandoumapequenacheirada.Aroupacheiravaumpoucoafuma?ademadeira,masporalgummotivo,penseiquetambémcheiravaa…lilases.
Lembrei-me.
Olhandoparacima,encontreiCasteelmeobservandocomumasobrancelhalevantadaenquantoelefinalmenteabotoavaaabadesuascal?as.Eudeixeicairosuéter.“QuandovocêmedeuseusanguepelaprimeiravezemNewHaven,euacho…achoquevisuasmemórias.Ousentiusuasemo??es.Eucheireililasesent?o,eoscheireinovamente,”eudisseaele,pensandonasfloresqueencharcaramacavernaemSpessa’sEnd.“Vocêestavapensandoemquandoéramoscasadosquandoeu…
quandobebiseusanguedestavez?”
“Euera.”
“Mascomoeuvisuasmemórias?Anteseagora?Isson?oéomesmoqueleremo??es.”
“Issopodeacontecerquandodoisatlantessealimentam.”Elebaixouacabe?a,ro?andooslábiosnaminhatesta.“Cadaumpodecaptarmemórias.
Achoquefoiissoqueaconteceu.”
PenseinaprimeiravezemNewHaven.Elemeparouassimqueeualcanceisuasmemórias.
Elen?omeparoudestavez.
“Vocêpoderialeralgumdosmeus?”Eumeperguntei.
“Eununcamealimenteidevocêportemposuficienteparatentar,”elerespondeu,eeusentiumestranhotombodeantecipa??o.“Masagora,eugostariadesaberoquevocêestápensando.”
“Euestavapensando…”Respireifundo.Deuses,euestavapensandoemtudo.Meuspensamentossaltaramdeumevento,umaconversaparaoutra.“VocêsabeoqueeufiznasCamaras?Depois…depoisquevocêfoiatacado?”
Elesesentouaomeulado.“Ouvi.”
Baixeiminhasm?osparaondeosuéterseagrupouemmeucolo.Elespareciamnormais.“QuandoestávamosnasCamarasdeNyktoseaquelaflechaacertouvocê,eseucorpoficoufrioecinza,penseiquevocêtivessemorrido.Eun?oacheiqueficariabemdenovo.Euesquecidaimpress?o,
”euadmiti,virandominham?o.Láestavaele,oredemoinhodouradobrilhandosuavemente.“Eumeioque…eun?osei.Euperdiisso.”
“Vocêsedefendeu,”elecorrigiu.“Issoéoquevocêfez.”
Eubalanceiacabe?a,aindaolhandoparaaimpress?oenquantominhamentesaltavadoTemploparaascriptas,paraAlastir,t?oconfiantedequeeuseriat?ocaoticamenteviolentoquantoosantigos.
Capítulo1O
–Euseiquemuitacoisaaconteceu,–Casteeldisse,gentilmentepegandoumamechadomeucabeloecolocandoatrásdaminhaorelha.“E
euseiqueascoisasest?oconfusaspracaralhoagora,masvocêachaquepodemedizeroqueaconteceu?Euseialgumascoisas”,elemedisse.
“Conseguiobteralgumasinforma??esdeAlastiredosoutrosusandocompuls?o,masn?oécomosefosseumsorodaverdadeoueupudessefor?á-losamecontartudo.Tenhoqueserexatonoqueperguntoeestavamaispreocupadoemencontrarvocêequemmaispoderiaestarenvolvido.
Ent?o,euqueroouvirissodevocê.Achoqueéaúnicamaneiradecome?armosadescobriroqueaconteceuaqui,lidandocomtudoumpassodecadavez.”
Arrastandomeuolhardasminhasm?os,olheiparaele.“Eupossotecontar.”
Elesorriuparamimenquantotocavaminhabochecha.“VocêestábemcomigotrazendoKieran?Eleprecisaráouviressasinforma??es.”
Euconcordei.
Casteelbeijouondeseusdedostocaramsegundosanteseent?oselevantou,caminhandoatéaportaenquantomeuolharvoltavaparaminhasm?os.ApenasalgunsmomentossepassaramantesqueKieranvoltasseparaasala.Euespieiparaele,tentandoalcan?armeussentidosenquantoeleolhavaparamimeseaproximavadacama.N?osabiaoqueesperavasentirdele,mastudooquesentifoiopesodapreocupa??oeumfrescorquemelembrouoardaprimavera.Alívio.
KieranseajoelhounaminhafrenteenquantoCasteelvoltavaasesentaraomeulado.“Comovocêestásesentindo?”
“Ok,eumpoucoconfuso,”euadmiti.“Eutenhomuitasperguntas.”
Umladodoslábiosdolobosecurvou.“Estout?ochocado”,elemurmurou,osolhospálidosbrilhandocomdivers?o.
“Sintomuitoportentarcomê-lo.”Eusentiminhasbochechasesquentarem.Kieransorriuent?o.“Tudobem.”
–Dissequen?oiriausarissocontravocê–disseCasteel.
“N?oseriaaprimeiravezqueumatlantefamintotentariamecomer,”
Kierandisse,eminhassobrancelhaslevantaram.Euagoratinhamaisperguntas,masumamemóriasurgiudentrodemim.
Quandoacordei,estavamuitoperdidanasededesangueparaperceberquen?oestavacobertadesangue.Eeudeveriaterestado.Haviamuitosanguedaferida.“Vocêmelimpou,n?ofoi?Vocêlimpouosangue.”
“N?opareciacertodeixarqualquerumdevocêsjazeremseusangue,”
eledissecomumencolherdeombros,comoseoaton?ofossenada.“Eun?oqueriaquenenhumdevocêsvisseissoquandoacordasse.”
Aemo??oobstruiuminhagargantaenquantoeuolhavaparaKieran.
Reagisempensarmuito,lan?ando-meparaafrente.Eun?osabiaseelesentiuoqueeuestavaprestesafazerouseeleestavapreocupadoqueeuestivesseprestesatentarrasgarsuagargantanovamente,maselemepegousemcair,emboraeletenhaosciladoumpouco.Elecruzouosbra?osemvoltademimsemumpiscardeolhosdehesita??o,mesegurandot?ofortequantoeuosegurei.Sentiam?odeCasteelnaparteinferiordasminhascostas,logoabaixodosbra?osdeKieran,enóstrêsficamosassimporumtempo.“Obrigada,”eusussurrei.
“Vocên?oprecisameagradecerporisso.”Elearrastouam?oatéapartedetrásdaminhacabe?aeseafastouosuficienteparaqueseuolharencontrasseomeu.“Eraomínimoqueeupodiafazer.”
–Masn?ofoisóissoquevocêfez–disseCasteel,estendendoam?oecolocandoam?onoombrodolobo.“Vocêsecertificoudequechegássemosaquicomseguran?aevigiou.Vocêfeztudooqueprecisávamosemuitomais.Devo-lhe.”
Kieranergueuam?odapartedetrásdaminhacabe?aeagarrouoantebra?odeCasteelquandoseuolharpálidoencontrouoambardomeumarido.“Fiztudooquepude”,reiterou.
Vê-losjuntoscausououtraondadeemo??o.Lembrei-medoquefoiditonasCamarasdeNyktossobreorompimentodosla?os.Umadorcome?ounomeupeitoquandomedesvencilheideKieraneolheientreeles.
“Ovínculoestárealmentequebrado?”Euperguntei.“Entrevocêsdois?”
CasteelolhouparaKieraneumlongomomentosepassou.
“Istoé.”Adoremmeupeitocresceu.“Oqueissosignifica?
Mesmo?”Kieranolhouparamim.“Essaconversapodeesperar—”
“Aconversapodeaconteceragora.”Eucruzeimeusbra?os.“AlastireJansendisseramalgumascoisasenquantoeuestavanascriptas”,disseaeles,encolhendo-meinteriormenteaosentirexplos?esgêmeasderaivacontraminhapele.“Eun?oseioquantodissoeraverdade,masnenhumdosdoisrealmenteexplicoucomoeuserdescendentedeumadivindade…”EurespireifundoenquantopensavaemquemAlastirafirmavafazerpartedaminhaheran?a.Casteeljásabiadisso?“N?oentendocomoissosubstituialgoqueexisteháanos.Eun?osouumadivindade.”
“Eun?oachoquesabemosoquevocêéexatamente”,afirmouCasteel.“N?osouumadivindade”,protestei.
“Ofatodevocêestaraquien?oumvampirosignificaquenadaestáforadequest?o”,acrescentouKieran.Euestavatirandoissodamesa.“Masdequalquerforma,vocêéumdescendentedosdeuses.Vocêéoúnicovivo.
Vocêtem-”
“Seeuouvirquetenhoosanguedeumdeusdentrodemimmaisumavez,possogritar”,avisei.
“Estábement?o.”Kieranco?ouorostoenquantoselevantavaesesentavadomeuoutrolado.Haviaumalevebarbadediasemsuamandíbula.“Porcausadosanguequevocêcarrega,oskiyoureceberamaformamortal.N?oparaserviràslinhagenselementais,masparaserviraosfilhosdosdeuses.Seasdivindadesn?otivessem…”Eleparoucomumacenodecabe?a.“Quandoosdeusesderamaokiyouaformamortal,estávamosligadosaeleseaseusfilhosemumnívelinstintivoqueétransmitidodegera??oemgera??o.Eessevínculoinstintivoreconhecevocê.”
Euentendioqueeleestavadizendoemumníveltécnico,masfundamentalmente,eratotalmenteinsanoparamim.“Issoésó…eusouapenasPoppy,comsanguedosdeusesoun?o-”
–Vocên?oéapenasPoppy,eisson?otemnadaavercomvocên?osetornarumavampira,–Casteelcolocouam?onomeuombro.“Eeufalosério,princesa.N?opossodizercomcertezasevocên?oéalgumtipodedivindade.Oqueeuvivocêfazer?Oqueeuvieouviquevocêfez?Vocêédiferentedequalquerumdenós,eaindan?oconsigoacreditarquen?ofizissoquandoviaquelaluzaoseuredorpelaprimeiravez.
“Comovocên?osabia?”EuolheiparaKieran.“Semeusangueérealmentet?opotente,comonenhumlobosabiaoqueeuera?”
–Achoquesim,Poppy,–Kieranrespondeu.“Mas,assimcomoCasteel,n?oconectamosoqueestávamosvendoousentindoquandoestávamospertodevocê.”
Acompreens?oseinfiltrouemmim.“éporissoquevocêdissequeeucheiravaaalgomorto-”
“Eudissequevocêcheiravaamorte,”Kierancorrigiucomumsuspiro.“N?oquevocêcheirecomoalgomorto.Morteépoder,ovelhotipo.”
“Morteépoder?”Eurepeti,n?ototalmentecertaaprincípiocomoissofaziasentido.Masent?omeocorreu.“Amorteeavidas?oduasfacesdamesmamoeda.Nyktosé…”
“EleéoDeusdaVidaedaMorte.”OolhardeKieransevoltouparaCasteel.“Eissoexplicaporquevocêachouqueosanguedelatinhagostodevelho.”
–Antigo,–Casteelmurmurou,ecomeceiafranziratesta.“Osanguedelatemumgostoantigo.”
Eurealmenten?oqueriaqueelescontinuassemdiscutindosobreogostodomeusangue.“DelanoachouquemeouviuligandoparaelequandoestavapresonaquelequartoemNewHaven…”
“Parasuaseguran?a,”Casteelacrescentou.
Euignoreiseucomentário,aindairritadaporsermantidanaquelasala.
“Euestavamesentindobastante…emocionalnaépoca.éissoqueaconvoca??oé?Vocêestavareagindoàsminhasemo??es?”
Kieranacenoucomacabe?a.“Decertaforma,sim.ésemelhanteaovínculoquetemoscomosatlantes.Emo??esextremascostumavamserumalertadequeaqueleaquemestávamosligadosestavasendoamea?ado.
Pudemossentiressaemo??o.”
Eupenseisobreisso.“Houvechoquesdeestáticasemprequealgumlobometocou”,murmurei.Ossinaisestavamlá,mascomoam?edeCasteelhaviadito,porquealguémsuspeitariadissoquandoaúltimadasdivindadeshaviamorridohámuitotempo?PareciateratéconfundidoAlastir
–aextens?odosmeus…poderes.Mascomoeupoderian?oteroutrashabilidadesincríveisseeufossedefatoumdescendentedoReidosDeuses?
Bem,matarpessoasvoltandosuasemo??esparaelasprovavelmentecontariacomoumahabilidadeincrível–umahabilidadeassustadora–masporqueeun?opoderiametransformaremalgocomoumdrag?o?
Queseriaincrível.
“EurealmentedescideNyktos?Alastirdissequesim,mascomoNyktoséopaidosdeuses…
“Essaéafiguradelinguagem”,corrigiuCasteel.“Nyktosn?oéoverdadeiropaidosdeuses.Eleéoreideles.Alastirfalouaverdade,oupelo
menoselefalouoqueeleacreditavaserverdade,”eledisse,suamandíbulaendurecendo.
Euexaleipesadamente.“PorqueeupoderiafazeroquefiznasCamaras?Oquemudou?ASele??o?”Perguntei,referindo-meaoprocessopeloqualosatlantespassaramquandon?oenvelhecerammaiscomomortaisecome?aramadesenvolverossentidosagu?ados,alémdepassarporinúmerasmudan?asfísicas.EraporissoqueCasteelacreditavaqueosAscensionadosesperaramatéagoraparaqueeupassasseporminhaAscens?o.Meusangueseriamaisútilparaelesagora,capazdefazermaisAscensionado.
OAscensionadosabiasobreosanguequecarreguei?ARainhaIleanasabiaotempotodo?AlastirestavaemcontatocomosAscensionados.Euacrediteinisso.Seráquemeusanguefuncionariaagoraqueeutinha…?
Euquasemorri.
Etalvezeutenhaumpouco.Lembrei-medeflutuaremdire??oaumaluzprateada,semcorpooupensamento.Eeusabiaquesefizessemeucaminhoatélá,nemmesmoCasteelseriacapazdemealcan?ar.
–Achoquesim,–Casteeldisseenquantoocalordeseucorpopressionavacontraomeulado,metirandodemeuspensamentos.“EuachoqueestaremterrasAtlantescombinadocomosanguequedeiavocêdesempenhouumpapelnofortalecimentodosangueemvocê.”
“EeuachoqueoqueaconteceunasCamarasdeNyktosapenaslevoutudoaolimite?”Inclinei-meparaCasteel.“Acordandoessa…coisadentrodemim?”
“Oqueestáemvocên?oéumacoisa,Poppy.”Casteelolhouparamim.“éumpoder.Magia.éoeatherdespertandodentrodevocê,tornando-separtedevocê.”
“N?otenhocertezaseissomefazsentirmelhor.”
Umsorrisotortoapareceu.“Seriasevocêparassedepensaremsuaancestralidadecomoumacoisa.Mas,considerandotudooqueaconteceu,vocêrealmenten?otevetempodechegaraumacordocomnadadisso.”
Eun?otinhacertezadecomopoderiachegaraumacordocomisso,mesmoquandotinhatempo.“Eun?o…”
“Vocên?oquerisso,”Kieranterminoupormim,seuolharinvernalencontrandoomeu.
“Eun?oquero”–fecheiosolhosbrevemente–“Eun?oqueroficarentrevocêsdois.Eun?oqueroficarentrenenhumloboeoAtlanteaoqualelesestavamligados.”N?oqueroseromonstroqueAlastirmeavisouquemetornei.
–Poppy,–Casteelcome?ou.
“Vocên?opodemedizerqueterseuvínculocomKieranquebradon?oafetouvocê,”euinterrompi.“VocêsestavamprontosparasesepararnoTemplo.Isson?opareciacerto.”Umnódeemo??omesufocou.“Eun?ogostei.”
“Sevocênosconhecessequandoéramosmaisjovens,provavelmentepensariaquenosodiamos.”Casteelapertousuavementemeuombro.“Nóscome?amosabrigarporcoisasmuitomenosimportantesdoquevocê.”
“Issoéparamefazersentirmelhor?”Euperguntei.“Porquevocêestáfazendoumpéssimotrabalhonissoagora.”
“Euachoquen?o.”Casteeltocouminhabochecha,inclinandominhacabe?aparatrásparaquenossosolhosseencontrassem.“Olha,saberqueovínculon?oexisteéestranho.Eun?ovoumentir.Massaberqueovínculomudouparavocê–quen?oapenasKieran,mastodososlobosir?oprotegê-lo,éumalívio.IssofazpartedecomorastreamosvocêatéascriptasnasmontanhasSkotoseemWastelands.Elessentiramvocê.Seelesn?otivessemsidocapazes,n?oteríamoschegadoavocêatempo”,disseele,etudoissofezmeuest?magoserevirar.“Eun?opossoficarbravoouchateadocomisso.N?oquandoeuseioslimitesqueKieraniráatingirparagarantirquevocêpermane?aseguro.”
Meulábioinferiortremeu.“Maseleéseumelhoramigo.Eleécomoumirm?oparavocê.”
“Eeuaindasou.Títuloss?ocoisasestranhas,Poppy.Kierancolocouam?oemcimadeondeCasteelpermanecianomeuombro.Euestremeci.
“MasminhalealdadeaCasnuncafoisobreumvínculocriadoquandonenhumdenóstinhaidadesuficienteparaandar.Nuncaserá.Vocên?otemnadacomquesepreocuparquandosetratadenós.Eduvidoquevocêtenhamuitocomquesepreocuparquandosetratadequalquerumdosoutroslobosvinculados.Amaioriadenóscultivouamizadesquen?opodemserquebradas.Ent?o,nósapenas…acabamosdeabrirespa?oparavocê.”
Abriuespa?oparamim.
“Eu…eugostodosomdisso,”eusussurreiroucamente.
Kierandeuumtapinhanomeuombro,oumelhor,nam?odeCasteel.
Talvezambos.
“Vocêachaquepodenosdizerdoqueselembra?”Casteelperguntoudepoisdeummomento,eeudisseaelequepoderia.“EuprecisosaberexatamenteoqueaconteceunoTemplo.OquevocêeaquelefilhodaputadoJansenpodemterfaladoquandoeleestavasemascarandocomoBeckett.
Comoeleagiu.Querosaberexatamenteoqueessaspessoasdisseramavocê.”Eleencontroumeuolhar.“Seiquen?oseráfácil,masprecisosaberdetudodequevocêselembre.”
Euconcordei.Conteitudoaeleefoimaisfácildoquepenseiqueseria.Oqueaconteceucausouumadornocentrodomeupeito,maseun?odeixeiessasensa??ocrescerouatrapalhar.Casteeln?opermitiria.Eun?osentiquasenadadeleenquantofalava.Agoran?oerahoraparaemo??es.
Apenasfatoseramnecessários.
“Essaprofeciadequeelefalou?”Eudisse,olhandoentreeles.“Algumdevocêsjáouviufalardisso?”
“N?o.”Casteelbalan?ouacabe?a.“Pareciaummontedebesteira,especialmenteapartesobreaDeusaPenellaphe.éumtipodeinsultoligaresseabsurdoàDeusadaSabedoria.”
Eun?opoderiaconcordarmais.“Maspoderiaseralgoquevocên?oouviu?”“N?o.N?otemosprofecias,”Kieranconfirmou.“Nósn?oacreditamos
neles.Pareceumacoisamortal.”
“Elesn?oacreditammuitoemSolis,masexistem”,eudisseaeles
“Eutambémn?oacreditei.Tudopareciamuitoconvenienteeexato,mashámuitascoisasquen?oseioun?oacredito.”
“Bem,issoéumacoisaqueeun?oachoquevocêprecisasepreocupar”,afirmouCasteel.
Eubalanceiacabe?a,meuspensamentosmudando.“Quandoocéucome?ouachoversangue,elesdisseramqueeramaslágrimasdosdeuses”,eudisseaele.“Elesinterpretaramissocomoumsinaldequeoqueestavamfazendoeracerto”.
“Eles
estavam
errados.”“Eusei,”
eudisse.
“Vocêsabecomofoicapazdeimpedi-los?”Kieranperguntou.“Comovocêusousuashabilidades?”
“Estaéumaperguntadifícilderesponder.Eu…eun?oseicomoexplicaralémdedizerqueeracomoseeusoubesseoquefazer.”Minhassobrancelhasfranziramenquantoeupressionavaminhapalmanocentrodomeupeito.“Oucomosefossealguminstintoqueeun?osabiaquetinha.Eusimplesmentesabiaoquefazer.”
–Eather–Casteelcorrigiusuavemente.
“Bem,”eurepeti.“Eumeioque…viemminhamente,eaconteceu.Euseiqueparecebizarro—”
“N?ofaz.”Elevoltouaficarnaminhafrente.“Quandoeuusoacompuls?o,oeathermedáahabilidadedefazerisso.Euvejoemminhamenteoquequeroqueapessoafa?aenquantoeufalo.”
“Oh.Ent?o,é…écomoprojetarseuspensamentos?”
Eleassentiu.“Parecequeoquevocêfezéomesmo.étambémcomopodemossaberseestamoslidandocomumelementalououtralinhagem–
combasenaquantidadedetempoquesentimos.”
“Foiescritoqueosdeusespodiamsentirissotambém,semprequeerausado”,disseKieran.“Pareciaumamudan?asísmicaparaeles.”
Penseiemtudooqueelesdisseram.“éestranho,noentanto.Quandoaliviaadordealguém,tenhopensamentosfelizes–bons.Eent?o…”Euroleimeusolhosenquantosuspirei.“Ent?oeuprojeteiessessentimentosnapessoa.”
Casteelsorriuparamim.
“Achoquen?oémuitodiferente.”
Elebalan?ousuacabe?a.“Vocêachaquepodefazerdenovo?”
Meuest?magoembrulhouumpouco.“N?osei.Eun?oseiseeuquero
–”“Vocêdeveria,”eledisse,suamandíbulaendurecendoenquantoeleseguravameuolhar.“Sevocê
Sevocêestivernovamenteemumasitua??ocomoessa,qualquersitua??oemquevocên?opossasedefenderfisicamente,n?ohesite.Ou?aesseinstinto.Deixe-oguiá-lo.Isson?ovaitedirecionarparaomal,Poppy.Issoomanterávivo,eissoétudoqueimporta.”
–EuconcordocomtudoqueCasacaboudedizer,–Kieranentrounaconversa.–Maseuseiquevocêpodeusaressespoderes.Issovocêsabecomo.VocêiafazerissonasruínasantesdeverJansen,masseconteve.
Seuolharprocurouomeu.“Vocêseconteveedissequen?oeraummonstro.”
Umaquietuden?onaturalveiodooutroladodemim.“Porque?”
Casteelexigiu.“Porquevocediriaalgoassim?”
Kieranestavacerto.Eusabiacomousaroeather.Tudoqueeuprecisavafazereraimaginarissoemminhamente.Oconhecimentoexistiacomoumantigoinstinto.
–Poppy,–Casteeldisse,seutommaisgentil.“Falecomigo.FaleConosco.”
“Eu…”Eun?otinhacertezaporondecome?ar.Meuspensamentosaindaestavamt?odispersos.Euolheientreosdois.“Vocêfoiparaascriptas?”
“Nósfizemos,”Casteelconfirmou.“Brevemente.”
“Ent?ovocêviuasdivindadesacorrentadaslá,deixadasparamorrer?”
Odestinodelesaindamedeixoumaldoest?mago.“Eufuimantidocomeles.N?oseiporquantotempo.Algunsdias?AlastireJansendisseramqueasdivindadessetornaramperigosas.”Conteiahistóriaaeles,repetindooqueJanseneAlastirmecontaramsobreosfilhosdosdeuses.“Eles
disseramqueeutambémseriaperigoso.Queeueraumaamea?aparaAtlantia,eeraporissoqueelesestavam…fazendooqueestavam.Asdivindadeseramrealmentet?oviolentas?”
OolhardeKierantocouodeCasteelsobreminhacabe?aquandoeledisse:“Asdivindadesjátinhamidoemboraquandonascemos.”
“Mas?”Eupersisti.
“Maseuouviqueelespodemserpropensosaatosderaivaeviolência.
Elespodemserimprevisíveis,”Casteelafirmoucuidadosamente,eeufiqueitensa.“Elesnemsempreforamassim,noentanto.Enemtodoseleseram.
Masn?otinhanadaavercomosanguedeles.Eraaidadedeles.”
Eufizumacareta.“Oquevocêquerdizer?”
Casteelexaloupesadamente.“Vocêachaqueaexpectativadevidadeumatlanteéimpensável,masumadivindadeécomoumdeus.Eless?oimortais.Emvezdeviverdoisetrêsmilanos,elesviveramodobroeotriplodisso”,disseele,emeucora??ogaguejou.“Vivertantotempotornariaqualquerpessoaapáticaouentediada,impacienteeintolerante.Eles
…simplesmenteenvelhecerameficaramcomfrio.”
“Resfriado?ComooAscensionado?”
“Decertaforma,sim”,disseele.“éporissoqueosdeusesforamdormir.Eraaúnicamaneirademanteralgumsensodeempatiaecompaix?o.Asdivindadesnuncaescolheramfazerisso.”
“Ent?o,mesmoseissoacontecessecomvocê,”Kierancome?ou,atraindomeuolharparaodele,“vocêteriamilharesdeanosantesquechegasseahoradetirarumasonecalongaeagradável.”
Comeceiafranziratesta,masoqueKierandissemeatingiucomavelocidadeeopesodeumacarruagemforadecontrole.Meucora??odisparouquandooencareiprimeiroedepoismevireiparaCasteel.Umasensa??odeformigamentovarreuminhapeleenquantominhabocatentava.
“Eusou…eusouimortalagora?”
Capítulo11
OpeitodeCasteelseergueucomumarespira??oprofunda.“Oqueeuseiéquetireioquerestoudosanguedoseucorpo.Equandoeusentiseucora??oparar,”eledisse,limpandoagarganta,“eutedeiomeu.Foimeusanguequereiniciouseucora??oeomantevebatendo,efoimeusanguequealimentouseucorpo.N?oháumagotadesanguemortalemvocê.”
Meuslábiossesepararamenquantoeutentavaentenderoqueeleestavadizendo
–eoqueissosignificava.
“Eisson?oétudoqueeusei,”elecontinuou,eumlevetremordan?oupelomeucorpo.“Você…vocên?osesentemortalparamim.”
“Vocêtambémn?osesenteassim”,acrescentouKieran.“Vocên?otemmaischeirodemortal.”
“Oque…oqueeusinto?Qualéomeucheiro?”Euperguntei,eKieranpareciaquen?oqueriaresponderaessapergunta.“Eucheiromaisamorte?”
Elepiscoulentamente.“Eugostariadenuncaterditoisso.”“Eu?”Euexigi.
Kieransuspirou.“Vocêcheiraamaispoder.Absoluto.Final.Nuncacheireinadaassim.”
–Vocên?osesentecomoumAtlanteouAscensionado,–Casteeldisse,enrolandoseusdedosemvoltadomeuqueixoeguiandomeusolhosparaosdele.“Eununcasentinadacomovocêantes.N?oseiseissosignificaquevocêsesentecomoumadivindade.Meuspaissaberiam.
TalvezatéJasper,maseleeramuitojovemquandoestavapertodequalquerumadasdivindades,ent?on?otenhocertezasobreele.”
AntesqueeupudesseexigirqueeleencontrasseJasperimediatamente,elecontinuou:“Eeunemseisevocêvaicontinuaraprecisardesangue.”
Oh,deuses.
“Eunemtinhapensadonisso.”Meucora??orecém-reiniciadoiriadesistirdemim.Osvampirosprecisamdesangue–mortalouatlante–
quasetodososdias,enquantoumatlantepodepassarsemanassemsealimentar.Eun?osabia
sobredivindadesedeuses.N?otinhacertezaseelesprecisavamdesangueoun?o.Ninguémrealmenteespecificouisso,nemeusequerpenseinisso.
“Asdivindadesedeusesprecisamdesangue?”
–Achoquen?o–Casteelrespondeu.“Masasdivindadeseramcautelosasquandosetratavadesuasfraquezasenecessidades.Osdeusesaindamais.épossível.”
Apostoquesuam?esaberia.Masmesmoseelesprecisassemdesangue,realmenten?oimportava.Eun?oeranenhumadessascoisas.
“Eunemseisepossopensarnissoagora.N?oporqueeuacherepulsivooualgoassim…”
“Eusei.éapenasdiferenteeémuitoaacrescentaremcimademuito.
Masvamosdescobririssojuntos.”Eletirouumamechadecabelodomeurosto.–Ent?o,n?oseisevocêéimortaloun?o,Poppy.Teremosqueresponderaessaperguntadiaadia.”
Imortal
Vivermilharesemilharesdeanos?Eun?opudeprocessarisso.Eun?oconseguianemcompreendertotalmentequandoeueraaDonzelaeacreditavaquepassariaporumaAscens?o.Aideiadevivercentenasdeanosmeassustounaépoca.Muitodissotinhaavercomoqu?ofrioseintocáveisosAscensionadoseram.Eusabiaqueosatlanteseoslobosn?oeramassim,masaindaeramuitacoisaparaenvolver.
Eseeuacabassesendoimortal,Casteeln?oera,mesmoqueelepudessevivercomoumacentenaoumaisvidasmortaisantesqueelerealmentecome?asseaenvelhecer.Eleaindafaria.Eleacabariamorrendo.
Eseeufosseoutracoisa…outracoisa,eun?ofaria.
Eudesligueiopanicodesnecessárioparaqueeupudessesurtarsobreissooutrodia–comotalvezdepoisdesaberseeurealmenteeraimortal.
Eubalanceiacabe?a,mesentindobastantelógiconomomento.
“Ok,”eudisse,respirandofundoelentamente.“Faremosissodiaapósdia.”Algomeocorreuent?o,eolheiparaKieran.“Vocêvaificarfelizemouvirisso.Eutenhoumapergunta.”
“Estout?oemocionado.”ApenasaluznosolhosdeKieranmedissequeeleestavafelizporeuestarvivaesercapazdefazerperguntas.
“Seoslobosestavamligadosàsdivindades,comoelesn?oprotegeramasdivindadesduranteaguerra?”Euperguntei.
“Muitosmorreramemuitosmorreramnoprocesso”,disseKieran,emeusombrossecontraíram.“Masnemtodasasdivindadesforammortas.
Eramvários
deixoudepoisdaguerra,aquelesquen?otinhaminteresseemgovernar.O
lobotornou-semuitoprotetorcomeles,mashouveumperíododifícilapósaguerra,emqueasrela??esentreosloboseosatlanteseramtensas.Deacordocomnossahistória,umancestraldoladodeseumaridocuidoudisso.”
“Oque?”EuolheiparaCasteel.
“Sim.EraElianDa’Neer.Eleconvocouumdeusparaajudarasuavizarascoisas.”
“Eodeusrespondeu?”
“EraopróprioNyktos,juntocomTheoneLailah,oDeusdoAcordoedaGuerraeaDeusadaPazeVingan?a”,elemedisse,eeusabiaquemeusolhosestavamarregalados.“Elesfalaramcomoslobos.N?otenhoideiadoquefoidito,nemtenhocertezaseoslobosvivoshojesabem,masoprimeirovínculoentreoloboeumatlantesaiudaquelareuni?oeascoisasseacalmaram.”
“Seuancestralfoioprimeiroaseunir?”
Casteelsorriuaoassentir.“Eleera.”
“Uau.”Eupisquei.“Eurealmentegostariaquesoubéssemosoquefoidito.”
“Mesmo.”Seuolharencontrouomeueelesorriunovamente,masn?oalcan?ouseusolhosenquantoelemeestudava.“Poppy.”
“Oque?”Imaginandoseeuestavacome?andoabrilhar,olheiparaminhapeleeviqueparecianormal.
“Vocên?oéummonstro,”eledisse,eaquelarespira??oboaeprofundaficoupresanaminhagarganta.“Hojenao.Amanh?n?o.N?odaquiaumaeternidade,seforesseocaso.”
Eusorricomsuaspalavras,meucora??oinchou.Eusabiaqueeleacreditavanisso.Eupodiasentirsuasinceridade,mastambémsabiaquequandoAlastirfalousobreasdivindades,elen?oestavamentindo.Eledisseaverdade,fosseelaoun?oaquelaemqueacreditavaouahistóriareal.
Aindaassim,outrosvivoshojeestiveramaoredordasdivindades.Elessaberiamserealmenteeraporqueestavammuitovelhoseamargurados–ouseeraoutracoisa.
OspaisdeCasteelsaberiam.
“Euseiqueéumpoucodifícilsairdessetópico,”Kierancome?ou,eporalgummotivo,euqueriarirdasecuradeseutom.
“N?o,euquerocontinuarcomisso,”eudisse,empurrandoparatrásalgunsfiosdecabeloquehaviamcaídomaisumavez.“Eumeioqueprecisoparaqueminhacabe?an?oexploda.”
Umsorrisoir?nicoapareceunorostodeKieran.“N?oqueremosque
issoaconte?a.Ficariamuitobagun?adoen?ohaveriamaistoalhaslimpas”,ele
disse,eeurilevemente.Seusolhosclarosseaqueceram.“Jansenfaloudemaisalguémquepoderiaestarenvolvido?CasobrigouAlastiranoscontartudooquesabia,masouelerealmenten?otinhaideiadequemmaisestavaenvolvido,ouelesforaminteligentesosuficienteparagarantirqueamaioriadesuasidentidadesn?ofossemconhecidas.
“Comoseelestivessemplanejadoquealguémusassecompuls?o?”Eudisse,eelesconcordaram.Issofoiinteligente.
Apertandooslábios,penseinasconversascomeles.“N?o.Ninguémpelonome,masambosfalavamcomosefossempartedeuma…
organiza??ooualgoassim.N?osei.AchoqueAlastirmencionouumairmandade,etodososquevi,excetoquandochegueiàsCamaras,eramhomens–pelomenospeloqueeupoderiadizer.N?oseiseelesrealmentefizerampartedoqueAlastirfalououseforamdealgumaformamanipuladosemsuasa??es.MaseuseiqueAlastirdevetertrabalhadocomosAscensionados.EleinsinuouqueelessabiamdoqueeueracapazequeplanejavammeusarcontraAtlantia.”EudisseaelesoqueAlastiracreditavaqueosAscensionadosfariam,minhamentesempreremoendoamemóriadaDuquesa.
“EleimaginouqueosAscensionadosmematariamquandoeuosatacasse,mastambémtinhaumplanoreserva.N?oentendiquandoeledissequenuncamaisserialivre.EledeveterdadoaosoutrosumaordemparamematarseoplanocomosAscensionadosfalhou.Eledissequepreferiaverumaguerraentreseupovodoquemeter…lan?adosobreopovo.”
–Eleéumidiotadocaralho,–Casteelrosnou,levantando-sedacama.
“PartedemimqueriadaraAlastirobenefíciodadúvidaaprincípionasCamaras.Queelen?oseriat?oestúpido.”
“N?oachoquenenhumdenóspensouqueelefariaalgoassim”,disseKieran.“Irt?olongeapontodetrairvocê–seuspais.MatarBeckett?Essen?oéohomemqueeuconhe?o.”
Casteelpraguejounovamente,passandoam?opelocabelo.Atristezaseinstalouemmeusombros.Eun?opudeevitaraimagemdeBeckettemsuaformadelobo,abanandooraboenquantoelesaltavaaonossoladoquandochegamosemSpessa’sEnd.Raivamisturadacomangústia.“EusintoMuito.”
Casteelsevirouparamim.“Porquevocêtemquesedesculpar?”“VocêrespeitaesepreocupacomAlastir.Euseiqueissodeveincomodarvocê.”
“Sim,maséoqueé.”Eleinclinouacabe?aparaolado.“Masn?oseriaaprimeiratrai??odealguémquecompartilhaseusangue.”
Umadorperfuroumeupeito,emboraeletivessesuasemo??esbloqueadas.“Eissomedeixaaindamaistristeporquevocêpassouasúltimasdécadasprotegendo-odaverdade.”
UmmúsculoflexionounamandíbuladeCasteel,eumlongomomentosepassouantesqueKierandissesse:“EuacreditoqueAlastirsepreocupacomsuafamília,maseleélealaoreinoantesdetudo.Emseguida,paraospaisdeCasteel,edepoisparaeleeMalik.Aúnicaraz?oquepossoinventarparaeleestarenvolvidoemalgoassiméqueeledealgumaformapercebeuoquevocêeraantesdequalqueroutrapessoa,eelesabiaoqueissosignificavaparaAtlantiaeparaaCoroa.”
Eun?otinhacontadoaelessobreoenvolvimentodeAlastir,en?openseiquefossealgoqueteriaacontecidoduranteacompuls?o.Meuest?magoapertoueocentrodomeupeitozumbiu.
“éporqueelesabia.”
Ambosolharamparamim.
“EleestavalánanoiteemqueCravenatacouapousada.EleestavaláparaajudarmeuspaisasemudaremparaAtlantia,”eudisse,balan?andominhacabe?a.“Elesconfiavamnele.Disse-lheoquepodiafazereelesoubeoquesignificava.EledissequemeuspaissabiamoqueosAscensionadosestavamfazendo–queminham?eerauma…umadonzela.
”OlheiparaCasteelparaverseeleseacalmou.
“N?omelembravadelesatéqueeleosmencionou,masent?omelembreideveressasmulheresvestidasdepretoquecostumavamestarpertodarainhaIleana.N?oseiseessamemóriaeraverdadeira.”
Atens?oenvolveuabocadeCasteel.“AsServass?oreais.Eless?oosguardasparticularesecoortesdaRainhadeSangue,”eledisse,eeuestremeci.“N?oseisesuam?eeraumadelas.N?ovejocomoelapoderiaestar.Vocêdissequeelan?osedefendeu,eaquelasmulheresforamtreinadasemtodosostiposdemorteconhecidos.
“N?osei”,admiti.“Eun?omelembrodelalutando,mas…”Eutiveaquelesvislumbresdelasegurandoalgoemsuam?onaquelanoite.“Eurealmenten?osei,masAlastirdissequeelen?oosmatou.EssaoutracoisalevouoCravenatélá.EledissequeoEscurosim.N?ovocê,masoutrapessoa.”
“Issosoacomoummontedebesteira,”Kieranmurmurou.“TambémparecequeeletevesortecomoCravenaparecerparafazerotrabalhosujo.”
Euconcordei,masnovamente,houveaquelesvislumbresquepermaneceramnasbordasdaminhaconsciência.Eleseramcomofuma?a,noentanto.Quandoeutentei
agarrá-los,elesescorregarampelosmeusdedos.
Suspirei.“Grandepartedamaneiracomoelesecomportoucomigofoiumaencena??o.”Issodoeu,porqueAlastir…elemelembrouumpoucodeVikter.“Eleveioatémimmaisdeumavezparaperguntarseeuqueriaajudaparaescapar.Queelen?oseriapartedemimsendofor?adaaumcasamento.Acheiqueissosignificavaqueeleeraumbomhomem.”
“Podetersidoumaofertagenuínanoinício”,disseKieran.“Quemsabe?”“Eaofertadeleteveummotivoocultomaistarde?”EuolheiparaCasteel.
“Vocên?oachaestranhoqueelequisessequevocêsecasassecomsuasobrinha-neta?”“N?ofoisóele”,afirmouCasteel.
“Tambémerameupai.”
“Eeleéoconselheirodoseupai,”euapontei.–éestranhoparamimqueeledesejasseissoquandovocêfossenoivadafilhadele.Talvezn?osejat?oestranho,jáquetantosanossepassaram,maseusó…éestranhoparamim.”
“éestranho,masn?oinédito.”Seusolhossemicerraram-sepensativos.
“Possopensaremváriosexemplosdeviúvaseviúvosqueseenvolveramcomirm?osdepessoasfalecidasanosdepois.”
Eun?oconseguianemimaginarisso.N?oporqueeujulgariaalguémnaquelasitua??o,masficariamuitopreocupadoqueooutropudessesepreocuparcomapossibilidadedeserumsubstituto.“EuseiqueeleteriamaiscontrolesobreaCoroasevocêsecasassecomalguémqueelecontrolava.QueeleestavaprestesaperderqualquerinfluênciaquetinhasobreAtlantiacomvocêsecasandocomigo,eelesabendoaverdadesobreoqueeuera.N?oachoporummomentoqueseusmotivoserampuramentecentradosemprotegerAtlantia.Achoqueelequeriamanterocontroleeestavapraticamenteencenandoumgolpe.Eudisseaelequetambémpensavanisso.”
Umsorrisolentoesombriocruzouasfei??esdeCasteel.“Vocêfez?”
“Sim.”Umpequenosorrisopuxoumeuslábios.“Elen?oficoumuitofelizcomisso.
Protestoumuito.”
“Protestoudemais?”Kierandisse.
Euconcordei.“Achoqueeleacreditavaqueestavafazendoacoisacerta,masachoqueelequeriamantersuainfluênciaequeriavingan?a”.
“Issofazsentido”,disseCasteel.“Meupaiquerretribui??o,assimcomoAlastir.Malikn?oteriaqueridoguerra,eelesabiaqueeutambémn?o.TantomeupaiquantoAlastirficaramimpressionadoscomoquefoifeitocomSpessa’sEnd.”
“MasAlastirn?oacreditouquefosseosuficiente”,eudisse,lembrando-medecomoAlastirhaviarespondido.“Eledissequen?oeraosuficienteparaoseupaitambém.”
–N?ofoi–admitiuCasteel.“EAlastirn?oeraf?domeuplanodenegocia??o.ElequersanguedeSolis.Meupaiqueromesmo.Alastiracreditaquemeuirm?oéumacausaperdida.”Elecruzouosbra?ossobreopeitoeeusentiapontadadeangústia.Comeceiamemoverparaeleparatirarsuador.Obriguei-mea
Gianna.
Eun?otinhacertezadoquepensardalobaqueeununcaconheciouvi,atéondeeusabia.Casteelnuncateveainten??odesecasarcomelae,deacordocomele,elatambémn?otinhamostradonenhuminteresseporele.
Elan?otinhaculpapeloqueseupaiouAlastirqueriam.Pelomenos,eraoqueeudiziaamimmesma.Alastirn?oamencionouemabsoluto.
“Quaisquerquetenhamsidosuasmotiva??es”,disseKieran,
“realmenten?oimportaagora”.
Eusuponhoquen?o.PorqueCasteeloencontrou,eeusabiaqueolobon?orespiravamais.
Casteelavan?ouent?o,ajoelhando-senaminhafrente.Elepegouminhasm?ose,enquantoeuolhavaparaele,sentisuaraivadesimesmoedesuafamília.Massuaraivapeloquefoifeitoparamim,suapreocupa??o,ofuscoutudo.“Lamentoquevocêtenhaquedescobriraverdadeassim.”Elepegouminhasm?os,segurando-asnassuas.“N?oconsigoimaginaroquevocêdevetersentido.”
“Euqueriamatá-lo”,admiti.Elebaixouoslábiosnasminhasm?os,beijandootopodeambos.“Bem,princesa,vocêselembraquandoeudissequedariaavocêoquevocêquisesse?”
“Sim?”
Elesorriunovamente,edestavez,eraumsorrisoqueprometiasangue.
“Alastiraindaestávivo.”
“Oque?”Eusussurrei.
“NósgarantimosqueelefossepresoantesdeirmosparaWastelands”,disseKieran.“Achamosqueseriamelhormantê-lovivoparaocasoden?ochegarmosatévocêatempo.”
OolhardeCasteelcapturouomeu.–Eleétodoseu,Poppy.
AprendiqueviajaríamosdiretopeloSkotos,semparar.DeacordocomKieran,chegaríamosaooutroladoaoanoitecerporcausadaproximidadequejáestávamosdasmontanhas.Fiqueialiviadoaoouvirisso,poisn?oestavaansiosoparapassaroutranoitenasmontanhascomanévoa.Ofatodequequasecaídeumpenhascodaúltimavezaindameassombrava,eeurealmenten?oprecisavarepetirissoagora.
MinhamenteaindaestavapulandoportodoolugarquandoKieransaiuparaprepararorestodosloboseosatlantesquepermaneceram–
minhasmemóriassaltandodeumadescobertaparaoutra.Haviatrêscoisasemquen?oestavapensandoquandouseiapequenacamaradebanhoevolteiparaasalaesparsa.
Acoisadaimortalidadeetudocomisso.Surpreendentemente,n?ofoidifíciln?opensarnissoporquen?omesentidiferentedoqueestavaantesdeoraiomeatingirnopeito.Eeun?oachoquepareciadiferente.N?ohaviaespelhonacamaradebanhoparaconfirmar,masCasteeln?omencionounada.Eumesentiaeumesma.
Eun?oestavamepermitindopensarsobreacoisatodadaRainha,também,queeraalgoquenemKierannemCasteelhaviammencionado,gra?asaosdeuses.Euprovavelmenteteriaacabadonocantodacabanadeca?aseelestivessem.
Aterceiracoisa,euestavafalhandoemn?opensar.QuemAlastiralegouqueeueraparenteficavaaparecendonaminhacabe?aacadadoismomentos.ObserveiCasteelvestirumatúnicagrossa.Elesabia?Alastirdisseaelequandoelecapturouolobo?Talvezelen?otivesse.Eun?otivequedizernada.SeCasteeln?osoubesse,provavelmenteeraomelhor.
PorquecomoelesesentiriaaosaberqueeracasadocomadescendentedoreiquequasedestruiuAtlantia?Esuam?e?Meuest?magoserevirouerevirou.Oqueelapensaria?
Ouelajásabia?FoiporissoqueelaperguntouaCasteeloqueeletrouxeparacasacomele?OReiValynlutouaoladodele,masisson?osignificaqueelen?osabia.Alastirhaviachegadoantesdenóse,mesmoqueseuspaisn?oestivessemenvolvidos,elesaindapodiamsaberdequemeueraparente.
Eseupai…eumelembreidelegritandoparaCasteelparar–paran?omedarseusangue.SeupaisabiaoqueCasteelestavaprestesafazer,edeuses,eraoqueMalectinhafeitocentenasdeanosatrás,transformandosuaamanteIsbethnoprimeirovampiroporumatodedesespero.
Foicomoumarepeti??otrágicadahistória,excetoqueeun?otinhametornadoumvampiro.MasoReiValynn?osabiadisso.
“Ondeestáseupai?”EupergunteienquantopegavaumadasbotasqueJaspertinhaencontrado.
“EmilealgunsoutrosoescoltaramdevoltaparaAtlantia.Elesest?omantendo-osobvigilancia”,elerespondeu.
Euerguiosolhosdaminhabota.“Vocêachaqueissoénecessário?
Paramantê-losobvigilancia?”
Casteelassentiuenquantoembainhavaumadesuasespadasaoladodocorpo.“Eleprovavelmenteestásupondoqueeutransformeivocêemumvampiro,”elerepetiumeuspensamentosanteriores.“SeapenasomandássemosdevoltaparaAtlantia,eleteriavoltadoimediatamenteparacá.”
“Parafazeroque?”Calceiabotadecouromacioegasto.Eraumpoucoconfortávelaoredordapanturrilha,masfuncionaria.“Cortarminhacabe?a?”Euperguntei,apenasmeiobrincando.
“Eletentariamorrertentando”,afirmousem
rodeios.Eucongelo.“Casteel-”
“Euseiqueissoparececruel.”Eleseabaixou,pegouaoutrabotaeatrouxeatéondeeuestavasentadonabeiradadacadeirademadeira.“MasmesmosevocêfosseumAscensionadosedentodesangue,tentandorasgaragargantadetodosqueseaproximassemdevocê,euaindadestruiriaqualquerumquetentasseprejudicá-lo.”
Meucora??opulouumabatidaedeuumsaltopesadoenquantoeuolhavaparaele.“N?oseisedevoficarpreocupadocomissooulisonjeado.”
“Vamoscomlisonjeado.”Eleseajoelhou,segurandominhabota.“E
sejagratoporn?ochegaraesseponto.Quandoeletever,elesaberáquevocên?oascendeu–pelomenosn?oemumvampiro.”
Masemquê?Euesperavaqueeleoualguémpudesseresponder.
“Possocal?arosmeusprópriossapatos.”
“Eusei.Masmefazsentirútil.Deixe-meserútil,porfavor.”
“Sóporquevocêdisse‘porfavor’”,murmurei,levantandominhaperna.
Elemeenviouumsorrisorápido.“Comovocêestásesentindo?
Honestamente?En?oestoufalandoapenasfisicamente.”
Fiqueiimóvelenquantoeledeslizavaocabodabotaparacima.“Eu…
estoubem,”eudisse,olhandoparaoscachosescurosemsuacabe?acurvada.“éumpoucoestranhoporqueeu…eusintoomesmo.N?osintoquenadamudou.Querdizer,talveznadatenharealmentemudado?”Eudisse.“Talvezvocêapenasmecurou-”
–Eun?oapenascureivocê,Poppy.Eleolhouparamimenquantocolocavaabotanolugar.“Seucora??oparou.Seeutivessedemoradoumoudoissegundosdemais,vocêteriafalecido.”Seuolharsegurouomeuenquantomeuest?magoafundava.“Vocên?osenteomesmo.”
Euagarreiapontadacadeira.“Eurealmenten?oentendooqueissosignifica.Eusintoomesmo.”
“édifícildeexplicar,masécomoumacombina??odecheiroeinstinto.”Elecolocouasm?osnosmeusjoelhos.“Quandotetoco,reconhe?oasensa??odatuapelenaminhaalmaenomeucora??o.VocêaindaéPoppy,masn?osintosanguemortalemsuasveias,evocên?osentemaisomesmoemumnívelinstintivo.
“Oh,”eusussurrei.
Elemeencarouporummomento.“Issoétudoquevocêrealmentetemadizersobreisso?”
“étudooquepossopensaragora.”
Seuolharprocurouomeuenquantoelebalan?avaacabe?a.“N?oconsigonemcome?araimaginartodasascoisasquedevemestarpassandopelasuamenteagora.”
Eutossiumarisadaseca.“Muito.Algumasdelaseupossomeioquecolocarnamesaparamaistardesurtar.Mas…”
“Oque?”Casteelcutucouemsilêncio.
Abriaboca,fecheietenteinovamente.Umapartedemimaindaqueriaficarquieta,paran?omencionaroReiMalec,maseu…eun?oqueriaquenadan?oditopermanecesseentrenós.N?odepoisdoqueaconteceu.N?odepoisdoqueelearriscoupormim.N?odepoisquechegamost?opertodenosperder.
Emesmoqueoqueeutivesseadizerochocasse,eun?opodiaacreditarqueissoabririaumabarreiraentrenós.Nósestávamosjuntos
éramosmuitofortesparaisso.
Meuapertoaumentounabeiradadacadeira.“Alastirdissealgumacoisaparavocêquandovocêoalcan?ou?Sobremim?Alémdetodaaquelacoisadesou-um-perigo-para-a-Atlantida,quetenhocertezaqueeledisse.
“Eledissealgumascoisas”,elemedisse.“Masn?ohaviamuitotempo,nemestavacomvontadedeouvirmuitoalémdoqueprecisavasaberparaencontrar
vocês.”Eleapertoumeusjoelhos.“Porque?”
Euengoliemseco.“ElemedissequeeueradescendentedeNyktoseque…tambémsoudescendentedoReiMalec.”
NenhumaondadechoqueouhorrorirradioudeCasteelenquantoeleolhavaparamim.“Eletambémdisseissoparamim.”
“Elefez?”QuandoCasteelassentiu,perguntei:“Eisson?oteincomoda?”
Suassobrancelhasbaixaram.“Porqueissomeincomoda?”
“Porque?”Eurepeti,umpoucopasmo.“Foielequemcriouoprimeirovampiro.Eletraiusuam?e—”
“Sim,elefezaquelascoisas.Vocên?o.”Eledeslizouasm?osdosmeusjoelhoseascolocousobreasminhas.Lentamente,elesoltoumeusdedos.“Nósnemsabemosseissoéverdade.”
“EledissequeashabilidadesdeMalecerammuitoparecidascomasminhas–queelepodiacurarcomseutoqueeusarsuashabilidadesparaferiraspessoassemnemmesmotocá-las”,eudisse.
“Eununcaouviisso.”Casteelenroscouseusdedosnosmeus.
“Eledissequeapenasalgumaspessoassabiamdoqueeleerarealmentecapaz.
Issoseuspaisfizeram.”
“Ent?o,
precisamos
que
eles
confirmem.”Eufiqueitenso.“Sua
m?e-”
“Minham?en?ovaisegurarquemvocêdescendecontravocê,”eleinterrompeu.“Podeserumchoqueparaela.Podeatéfazê-lapensaremcoisasqueelatrabalhouparaesquecer,maselan?ovaiteresponsabilizarpeloquealguémremotamenterelacionadoavocêfez.”
Euqueriatantoacreditarnisso.Etalvezeleestivessecerto.Eleconheciasuam?e,mascomoelameencarouquandomeviupelaprimeiravezficavarepetindoemminhacabe?a,assimcomooqueeladisse.Masissopodetersidoapenasumchoque.“Porquevocên?odissenadasobreisso?”
“Porqueeuhonestamenten?oacheiqueissoimportasse,”eledisse,easinceridadedesuaspalavrastinhagostodebaunilha.“Eun?otinhaideiaseeledisseissoparavocêouseeraverdade.Paraserhonesto,n?ofazsentidoparamim.Isson?oexplicasuashabilidadesouoqu?oforteselass?o,peloqueeusei.Sóporquevocêcompartilhadonssemelhantes,n?osignificaquevocêdescendedele.”
Levantando-se,elemepuxoudacadeiraepassouosbra?osemvoltadaminhacintura.“Masmesmoquevocêcompartilhesualinhadesangue,
n?oimporta.Isto
n?omudavocê.”Seusolhoseramdeumambarbrilhantequandoeleolhouparamim.“Vocêrealmenteachouqueissomeincomodaria?”
“Eun?openseiqueissoiriaficarentrenós,”euadmiti.“Eusó…eun?oqueroserparentedele.N?oquerodeixarsuam?emaisdesconfortáveldoquejáfizevoufazer.”
“Eupossoentenderisso,masvocêsabeoquê?”Elebaixouatestanaminha.“Eun?oestoupreocupadosobrecomoelavaisesentir.Estoupreocupadocomvocê–comtudooqueaconteceucomvocê.Vocêtemsidot?oforte.Vocêfoiatacado,levadocativoequaseperdeuavida.”Elecolocouam?onaminhabochecha,logoacimadascicatrizes.“N?otemosideiadeporquevocên?oascendeu,ouseofezesimplesmenten?osabemosoqueainda.E,alémdetudoisso,vocêteveumchoqueapósooutro–desdeaprenderaverdadesobreosAscensionados,atemerporseuirm?oeTawny,atéagoraaprenderquevocêtemosanguedeDeusemvocê.
“Bem,quandovocêlistatudoassim,achoquepossoprecisarmesentar,”comentei.
Elebeijouapontadomeunariz.“Masvocên?oé.Vocêestádepé.
Vocêestálidandocomisso,efoda-seseeun?oestoumaravilhadacomvocêagora.Mastambémseiquenadadissoatingiuvocêainda,eissomepreocupa.Vocêficamedizendoqueestábemtodavezqueeuperguntocomovocêestá,eeuseiqueisson?opodeserverdade.”
“Euestoubem.”Majoritariamente.Eudescanseiminhabochechacontraseupeito.EuprecisavaficarbemporquenadadoquetinhaacontecidodesdeomomentoemqueentreinasCamarasdeNyktosmudouofatodequeprecisávamosencontraroirm?odeleeomeu-Ian.
Eumeafastei,meusolhossearregalando.“Ohmeusdeuses.Eunempenseisobreisso.”Aesperan?aexplodiudentrodemim,afrouxandoosmúsculostensos.“Seeun?ometornasseumvampiro,ent?oissosignificaqueIantambémn?oteria.Elepoderiasercomoeu.Oqueeusou.Elepoden?osercomoeles.”
AcautelaecoouporCasteel.–Issoépossível,Poppy,–elecome?ou,seutomcauteloso.“Maselesófoivistoànoite.EeleécasadocomumaAscensionada.”
Orestodoqueelen?odiriapairoun?oditonoardaempoeiradacabanadeca?a.Ianpoden?osermeuirm?odesangue,oun?opodemoscompartilharomesmopaiquecarregouoeatherdentrodeles.Eun?osabia.
MassóporqueCasteeln?otinhavistoIanduranteodiaouapenasporqueeleestava
casadocomumAscensionadon?osignificavaqueIanhaviasetornadoum.
Aesperan?aqueeusentiaagoran?oerat?ofrágileingênuacomotinhasidoháumasemana,eissoeraalgoaquemeagarrar.
Ent?oeufiz.
Casteelsecertificoudequeeun?ocorresseparaosoldofinaldamanh?quandosaímosparaapequenaalcovadeumavarandaevimosKieranesperandoentreumenormecavalopreto–Setti–eummarrom.Settirelinchoubaixinho,sacudindosuacrinapretaelustrosa.Casteeldiminuiumeuspassos,gradualmentemedeixandocaminharparaosol.
Alémdegostardasensa??odissonomeurosto,nadaaconteceu.
EuacaricieiSettiporummomento,co?ando-oatrásdaorelhaenquantovasculhavaasárvoresaoredordacabana.Devezemquando,euviaumlampejoprateado,brancooupretoentreosgalhosretorcidosependentes.Folhasmarronsenroladasemaisbrilhanteseverdescobriamaflorestaaoredordacabana.Foicomoseumaondadefrioextremotivesseatingidoafolhagem.MasestávamosnosopédeSkotoseeupodiaverasmontanhasencharcadasdenévoaaparecendoacimadasárvores.Aplantaaquin?oestariaacostumadacomoarfrio?
AgarrandoaselaenquantoCasteelterminavadeamarrarosalforjes,melevanteiemSetti.Assimquemeposicionei,olheiparaencontrarn?oapenasKieraneCasteelolhandoparamim,mastambémumatlantedepeleescura.Naillhaviacontornadoalateraldacabanadeca?a.Ostrêsolharamcomoseeutivessedadoumsaltomortalparatrássobreocavalo.
“Oque?”Euperguntei,tocandoabagun?aqueerameucabelo.N?ohavianenhumpentedentro,eeutinhacertezadequepareciacomosetivessesidopegaemumtúneldevento
AssobrancelhasdeNaillseergueramenquantoelepiscavalentamente.“Issofoi…impressionante.”Minhassobrancelhasfranziram.“Oqueera?”
“Vocêacaboudesei?arparacimadeSetti”,disseCasteel.“Ent?o?”Oscantosdosmeuslábiossecurvaramparabaixo
–Vocên?ousouoestribo,–KieranapontouenquantoNaillmontavanocavaloaoladodeKieran.
“Oque?”Minhacarrancaaumentou.“Temcertezaquen?o?”Eudevoter.N?ohaveriacomoeumesentaremSettisemcolocarmeupénoestriboousemajuda.Ocavaloeraaltodemaisparaeuterfeitoisso,nemeutinhaotipodefor?adapartesuperiordocorponecessáriaparaessetipodefa?anhasemumbomcome?odecorrida.
Eprovavelmenteteriafalhadoespetacularmente.
“Vocên?ofezisso”,Naillconfirmou.Eleolhouparamimcomumpoucodeadmira??oqueeuimagineiquetinhamaisavercomofatodequeeun?oeraumvampiro.
“Aqui.”Casteelseesticou,balan?andoasm?os.“Venhaaquiporummomento.”
“Acabeidemecolocaraqui.”
“Eusei,masissovailevarapenasumsegundo.”Elemexeuosdedosnovamente.“Euqueroverumacoisa.”
Suspirando,coloqueiminhasm?osnasdeleeodeixeimelevantardeSetti,quenosobservavacomumardecuriosidade.Eurealmenteesperavaquenenhumdelesesperassequeeumesentassenovamentecomtodoselesassistindo.“Oque?”
Casteellargouminhasm?oserecuou.“Bataemmim.Duro.Comovocêquisdizerisso.”
Minhatestaseenrugou.“Porquevocêquerqueeubataemvocê?”
Naillcruzouosbra?ossobreopunhodasela.“Estaéumaboapergunta.”
–Bataemmim–insistiu
Casteel.“Eun?oquero
bateremvocê.”
“Seriaaprimeiravez”,respondeuele,comosolhosbrilhandoàluzdosol.“Eun?oquerobateremvocêagora,”euemendei.
Casteelficouquietoporummomentoeent?osevirouparaKieraneNaill.“EujáconteiavocêssobreaquelavezquedescobriPoppyempoleiradadoladodeforadeumajanela,segurandoumlivrocontraopeito?”
MeusolhosseestreitaramquandoNailldisse:“N?o,mastenhomuitasperguntas.”“Cas”,comecei.
Elemelan?ouumlentosorrisodeadvertência.“Elatinhaestelivro–éofavoritodela.ElaatétrouxecomelaquandosaímosdeMasadonia.”
“Eun?ofiz,”eudisse.
“Elaestáenvergonhadacomisso”,elecontinuou,“porqueéumlivrodesexo.En?oqualquerlivrodesexo.Estácheiodetodosostiposdecoisassujaseinimagináveis
–”
Euavancei,socando-onoest?mago.
–Foda-se,–CasteelsedobroucomumgrunhidoquandoNaillsoltouumassobiobaixo.“Deuses.”
Eucruzeimeusbra?os.“Felizagora?”
“Sim”,eleexalouasperamente.“Sereiassimquepuderrespirarnovamente.”Eurevireimeusolhos.
“Droga.”Casteelolhouparamim,seusolhosligeiramentearregalados.
“Vocêéforte.”
“Eutedisse,”Kierancomentou.“Eudissequeelaeraforte.”
UmamemóriadeKierandizendoaCasteelissodepoisqueeutenteicomê-lobrilhou.Meuest?magocaiuenquantomeusbra?osseafrouxaramecaíramparaoslados.“Vocêachaqueeufiqueimaisforte?”
“Pensar?”Casteelriu.“Eusei.Vocêsemprefoicapazdebaterforte,masissoeraoutracoisa.”
“Naverdade,n?obatiemvocêcomtodaafor?a
quepude”,disseeu.Eleolhouparamim.“Bem
maldita.”
“N?omepe?aparabateremvocêdenovo.Eun?ovoufazerisso,”eudisseaele.
Umsorrisolentoapareceuemseurostoeeuprovei…umaespeciariaexuberantenaminhalíngua.“Háalgot?oerradocomvocê,”eumurmurei.
Umacovinhaapareceuemsuabochechadireitaquandomeafasteidele.Nemmesmoumsegundodepois,eleestavaaomeulado,beijandoocantodosmeuslábios.“Eugostodisso”,disseele,colocandoasm?osemmeusquadris.“Muito.”
Corandoatéaraizdomeucabelo,eun?odissenadaenquantoagarravaasela.Destavez,Casteelmedeuoimpulsoqueeutalvezn?oprecisasse.
Elebalan?ouatrásdemim,pegandoasrédeas.Sinceramente,n?osabiaoquepensarsobreapossibilidadedesermaisforte.Eun?otinhaespa?oparaisso.Ent?o,acrescenteiissoàlistadecoisasparainsistirmaistarde,quandomevolteiparaNaill.“Obrigada.”
Eleolhouparamim,franzindoatesta.“Paraque?”“PorajudarCasteelemIrelone.Pormeajudar,”eudisse.
UmsorrisoapareceuquandoeleolhouentreCasteeleeu,balan?andoacabe?a.“Denada,Penellaphe.”
“VocêpodemechamardePoppy,”eudisse,pensandoquetodosqueajudaramforamaquelesqueeupoderiaconsideraramigos.N?oimportavaseelesajudaramporquesesentiamobrigadosaCasteeloun?o.N?oimportavaparamim
Seusorrisocresceuemumsorrisoimpressionante.–Denada,Poppy.
Sentindominhasbochechasesquentaremnovamente,olheiaoredor.
“Ondeest?oDelanoeJasper?”EupergunteienquantoCasteelconduziaSettiemdire??oàfloresta.“Eoresto?”
–Elesest?oaonossoredor–Casteeldisse,empurrandoSettiparafrente.
“Elesn?otêmcavalos?”Eufizumacaretaparaotopodacabe?adeKieran.“Ondeestáoseucavalo?”
Kieranbalan?ouacabe?a.“AviagempeloSkotosserárápidaedifícil.
éprecisomenosenergiaparaestarmosemnossaformadelobo.Alémdisso,cobrimosmuitomaisterrenodessaforma.”
Huh.Eun?osabiadisso.ObserveiKierancaminharànossafrente.Aoseaproximardasárvores,eleseabaixoueagarrouabainhadesuatúnica.
Percebiqueelejáestavadescal?o.Elepuxouatúnicapelacabe?aeatirou.
Osmúsculosmagrosaolongodesuascostassecontraírameseubra?oficoutensoquandoelejogouacamisadelado.
“Issopareceumdesperdício,”eumurmurei,observandoatúnicapretaflutuarporalgunsmomentosantesdelentamentecairnoch?o.Suascal?asjuntaram-seaelesegundosdepois.
Naillsuspirouenquantomoviaseucavaloparafrente.Movendo-sedeladonasela,eleestendeuumbra?oenquantoseagachavaepegavaasroupasdescartadas.“Eudeveriaapenastê-losdeixadoláparaquevocêpudessevoltarparaoreinopelado.”
Comocantodoolho,viKieranlevantarumbra?oeestenderodedomédio.Disseamimmesmaparan?oolhar,massabiaqueeleestavaprestesamudarehaviaalgototalmentefascinantenisso.Eun?opudemeconter.
Euespiei,mantendomeuolharparaonorte.
N?oqueissofizessebem.
Kierancaiuparafrentee,porummomento,vimuitomaisdoquedeveria.Ent?oelemudou,suapeleficandomaisfinaemaisescura.Ossosracharameesticaram,voltandoasefundir.Pêlocastanho-amareladobrotouaolongodesuascostas,cobrindoosmúsculosconformeelesengrossavamecresciam.Asgarrascravaram-senoch?o,levantandofolhasesujeira.
Segundos.Levouapenasalgunssegundos,eent?oKieranrondouànossafrenteemsuaformadelobo.
“Achoquenuncavoumeacostumaraverisso”,sussurrei.“Qualparte?”PerguntouCasteel.“Amudan?a,ouKieransedespindo?”
Naillbufouenquantoseendireitavanasela,empurrandoasroupasdeKieranemsuabolsa.
“Nenhum,”euadmiti,meuolharlevantandoparaasárvoresquandoentramosnafloresta.Ostoposestavamdeformados,osmembrostorcidosparabaixocomoseumagrandem?otivessepousadosobreeles,tentandoempurrá-losparaoch?o.“Asárvoress?osempreassim?”
–Elesestavamassimquandochegamosnacabana,–Casteelrespondeu,enrolandoobra?oemvoltadaminhacinturaenquantofolhasegalhosfinosesmagavamoscascosdeSetti.“Maselesnuncaforamassimantes.”
“Oquepoderiatercausadoisso?”
“Umatempestadeterríveldeveterpassadoporaqui,”eledisse,equandoeuolheiparaNaill,eleestavaolhandoparaelestambém.Peloquepodíamosver,asárvoresestavamtortasedeformadas.
Quetipodetempestadepoderiafazerisso?Perturbadocomavis?o,fiqueiquietoenquantoseguíamosemfrente.N?odemoroumuitoparachegarmosànévoaqueobscureciaasmontanhas.Erat?oespessoebrancoquepareciasopa.Mesmosabendoquen?oiriamemachucar,aindafiqueitensaenquantoKieranavan?ava.Eunoteiooutroloboent?o,saindodaflorestaassombradaaonossoredoreentrandonanévoacomhesita??o.
AvisteiJaspereDelanoquandoelesvieramparaonossolado,juntando-seaosdoiscavalos.Pequenostentáculosdenévoaenrolaramemtornodesuaspernasecorpos.
Delanoergueuacabe?aenquantovagavaentreocavalodeNailleSetti,olhandoparamim.EudeiaeleumacenoestranhoenquantopensavaemBeckettdesaparecendonanévoanaprimeiravezqueentreinoSkotos.
Masaquelen?otinhasidoBeckett.
Comocora??opesado,olheiparaafrente,preparando-meparaentrarnonadaopaco.Meusolhosseestreitaram.Anévoan?opareciat?odensaquantoeumelembrava.Ousemoveu,girandoediminuindo.
–Issoédiferente,–Casteelobservou,eseuapertoemvoltadaminhacinturaaumentou.
Anévoaseespalhouquandoentramos,espalhando-seeabrindoumcaminhoclaroparanós.Eumevirei,olhandoparatrás.Anévoasejuntounovamente,selando-seemumamassaespessaeaparentementeimpenetrável.Virando-se,avisteivárioslobosàfrente,seuspelosbrilhandoàluzdosol.
Ansiosoparaveraimpressionanteexibi??odasárvoresdouradasdeAios,olheiparacimaassimquelimpamosoquerestavadanévoa.
“Meusdeuses,”Naillsussurrou.
CasteelenrijeceuatrásdemimenquantoSettidiminuíaavelocidade,ocavalobalan?andoacabe?anervosamente.ànossafrente,oslobostambémpararam,seuscorposrígidosdetens?oenquantoelestambémolhavamparacima.Meuslábiossesepararamquandoumaondadearrepiosirrompeuemminhapele.
Vermelho.
Folhascarmesinscintilavamcomoummilh?odepo?asdesangueàluzdosol.
AsárvoresdouradasdeAioshaviamsetornadoárvoresdesangue.
Capítulo12
Sobumacoberturaderubicintilanteemvezdeouro,escalamosasmontanhasSkotosemumritmoviolentoquedeixavapoucoespa?oparaquestionaroquehaviaacontecidocomasárvoresdeAios.N?oqueCasteelouNailltivessemumaresposta.Eupodiasentirochoqueeainquieta??odelescomamesmaintensidadecomquesentiaasmesmasemo??esirradiandodoslobosenquantoovermelhoemvezdedouradobrilhavanacascadasárvoresmagníficaseextensas.
Nósnosdividimosemgruposcomoantes,emborahouvesseapenastênuesfiletesdenévoaseinfiltrandoporentrearbustosespinhososeseenrolandoaolongodomusgoespessoquecobriaoch?odaflorestanamontanha.KieraneDelanoficaramconoscoenquantonosmovíamoscontinuamente.N?ohaviasonsdepássarosouquaisqueranimais,eenquantoosgalhos,pesadoscomfolhascarmesimbrilhantes,balan?avamacimadenós,n?ohaviaecodevento,também.NinguémfaloualémdeCasteelperguntandoseeuestavacomfomeouNailloferecendoseucantil,alegandoqueouísquenosajudariaaaquecerquantomaisviajássemos.
Apóshorasdeviagem,paramosotemposuficienteparacuidardenossasnecessidadespessoais,alimentaroscavaloseparaqueNailleCasteelvestissemsuascapas.UmavezqueeuestavabasicamenteenvoltonocobertorqueCasteelhaviatrazidodacabana,continuamosnasmontanhasqueaindaeramlindasemumlocalcalmo,formainquietante.Eun?oconseguiaparardeolharparaasfolhasacimademimeasprofundamentevermelhasquehaviamcaídonoch?o,espiandoportrásdepedrasearbustos.EracomoseamontanhainteirativessesetransformadoemumaenormeFlorestadeSangue–umaausentedoCraven.
OquemudouasárvoresdouradasquecresceramnosopéeemtodaacordilheiradepoisqueadeusaAiosfoidormiremalgumlugardamontanha?Essaperguntameassombravaacadahoraquepassava.Possogostardebrincarcomanega??odevezemquando,masn?opoderiahavercoincidênciaentreamudan?aqueocorreuaquieoqueaconteceucomigo.
Trêsvezesagora,umaárvorehaviacrescidorapidamenteondemeusanguehaviacaído,enasruínasdoCasteloBauer,asraízesde
aquelaárvorepareciasereuniraomeuredor–aoredordeCasteeleeu,comoseaárvoretivessetentadonospuxarparaoch?oounosproteger.Eun?osabia,masmelembreiclaramentedeKieranrasgandoasraízesescorregadiasecinza-escuras.
Raízesidênticasàsqueseenrolaramnascorrentesdeosso.
Minhaquasemortetinhafeitoissocomasárvoresaqui?Easmadeirasdeformadasforadacabanadeca?a?AperdapotencialdeminhamortalidadefoiatempestadequevarreuaflorestaetransformouasárvoresdeAiosemárvoresdesangue?Mascomo?Eporque?Eteriaimpactadoadeusaquedormiaaquidealgumaforma?AquelequeCasteeleKieranacreditavamteracordadoparameimpedirdecairparaamorte?
Euesperavaquen?o.
Apesardanaturezainquietadasmontanhasedoritmobrutal,aexaust?omeperseguiaecomeceiaafundarmaisemaisnoabra?odeCasteel.Cadavezqueeupiscava,ficavamaisdifícilreabrirmeusolhosparaosraiosdesolquepassavampelasfendasnasfolhasacima.
Sobocobertor,enroleimeusdedosfrouxamenteemtornodobra?odeCasteelenquantodesvieimeuolharparaondeKieraneDelanocorriamladoaladoànossafrente.Meuspensamentosvagaramenquantomeusolhoscome?aramasefechar.N?otinhaideiadequantotempodormidepoisqueCasteelmedeuseusangueechegamosàcabana.N?openseiemperguntar,maspareciaquehaviadormidoumpouco.Masaquelesonon?ofoiprofundo.N?otudodequalquermaneiraporqueeutinhasonhado.Eumelembreidissoagora.Eutinhasonhadocomanoiteemquemeuspaismorreram,eaquelessonhosforamdiferentesdosanteriores.Minham?epuxoualgodesuabota–algolongo,finoepreto.Eun?oconseguiaveragora,n?oimportaoquantoeutentassemelembrar,masoutrapessoatambémestevelá–alguémcomquemelafalou,quen?opareciaemnadacomavozqueeutinhaouvidonopassado–aquelaquetinhafaladocommeupaiqueagoraeusabiaquepertenciaaAlastir.Estatinhasidoumafiguradepreto.Eusabiaquetinhasonhadomais,masissocontinuavaescapandodeminhamentecansada.Oquequerqueeutenhasonhado,erammemóriasantigasquefinalmenteestavamserevelando?Ouelesforamimplantadoslá,setornandopartedaminhaimagina??oporcausadoqueAlastirhaviaafirmadosobreoEscuro?
Masoquen?opareciaumsonho,oquepareciareal,eraamulherqueeutinhavisto.Aquelecomocabeloloiroprateadolongo,quepreencheuminhamentequandoeuestavanaCamaradeNyktos.Elaapareceuquandoeun?oeramaisumcorpo,semsubstanciaoupensamento,flutuandononada.
Elasepareciaumpoucocomigo.Elatinhamaissardas,seucabeloestavadiferenteeseusolhoseramestranhos–umverdefraturadoeprata,melembrandodecomoosolhosdolobopareciamquandoelesvieramatémimnasCamaras.
Umalágrimadesangueescorregouporsuabochecha.Issosignificavaqueelatinhaqueserumdeus,maseun?oconhecianenhumadeusafemininaquefosseretratadacomtaiscabelosoufei??es.Umacarrancacansadapuxoumeuslábiosenquantoeutentavamesentardireito.Eladissealgoparamimtambém–algoquefoiumchoque.Euquasepodiaouvirsuavozemminhamenteagora,masassimcomocomossonhosdanoitenapousada,aclarezaexistiafrustrantementenasbordasdaminhaconsciência.
Casteelmemudouparaqueminhacabe?adescansassemaistotalmentecontraseupeito.“Descanse,”elepediuemumavozsuave.“Euentendivocê.Vocêpodedescansar.”
N?opareciacertofazerissoquandoninguémmaispodia,maseun?opodialutarcontraaisca.N?ofoiosonomaisprofundo.Coisasqueeuqueriaesquecermeseguiram.Eumevidevoltaàscriptas,acorrentadoàparede.Abilesubiupelaminhagargantaquandovireiacabe?aparaolado.
Oh,deuses.
Fiqueicaraacaracomumdoscadáveres,suasórbitasvaziastúneisdenadaenquantoestremecia.
Apoeiraespalhou-sepeloarenquantosuamandíbulaafrouxavaeumavozroucaesecasaiudabocasemlábios.“Vocêéexatamentecomonós.”
Osdentescaíramdesuasmandíbulas,desintegrando-seaomesmotempo.
“Vocêvaiacabarexatamentecomonós.”
Eupressioneiparatrásomáximoquepude,sentindoasamarrasapertaremmeuspulsoseminhaspernas.“Isson?oéreal-”
“Vocêéigualanós,”outroecoouenquantosuacabe?aseviravaemminhadire??o.“Vocêvaiacabarcomonós.”
“N?o.N?o.”Luteicontraasamarras,sentindoosossoscortandominhapele.“Eun?osouummonstro.Eun?oestou.”
“Vocên?oé,”Umavozsuaveseintrometeu,vindodetodososlugaresedelugarnenhumenquantooscadáveresaolongodaparedecontinuavamestremecendoesemovendo,seusossosesfregandoerangendojuntos.Avozparecia…Delano?“VocêémeyaahLiessa.Acordar.”
Acoisaaomeuladoseabriuemumgritoquecome?ousilenciosamente,massetransformouemumuivolongoeagudo–
“Acordar.Poppy.Vocêpodeacordar.Euentendivocê.”Casteel.Seubra?oestavaapertadoemvoltademimenquantoelemepuxavaomaispertoquepodiadeseupeito
enquantoosmúsculospoderososdeSettisemoviamsobnós.“Vocêestáseguro.Ninguémvaitemachucar.”Suabocapressionadacontraminhatêmpora,quenteereconfortante.“Nuncamais.”
Cora??obatendodeformairregular,eurespireifundo.Eugritei?
Pisqueirapidamenteenquantolutavaparalibertarminhasm?osdeondeestavamenfiadasentreosbra?osdeCasteeleocobertor.Conseguipuxarumlivreelimparapressadamenteemminhasbochechasfrescasenquantomeusolhosseajustavamaostra?ostênuesdeluzdosolpálidaeasfolhasescuras,quasepretasacimadenós.Engolindoemseco,olheiparaondeNaillcavalgava,olhandodiretamenteparaafrente,edepoisdiantedenós.
Olobobrancocorreuaoladodofulvo,virandoacabe?aparaolharparanós,comasorelhasempé.Porumbrevesegundo,nossosolharesseconectarameeusentisuapreocupa??o.Ozumbidoemmeupeitozumbiuquandoumcaminhosingularseabriuaolongodaconex?ocomasemo??esdolobo,umacordamaisclaraquealimentoualgodiferentedosentimento.
Umasensa??oelásticaelevequenadatinhaavercomalívio.
Oloboquebrouocontatovisualenquantoelesaltavasobreumapedra,movendo-seàfrentedeKieran.Eusolteiumarespira??oirregular.
“Poppy?”OsdedosdeCasteelro?arammeuqueixoedepoisoladodomeupesco?o.“Vocêestábem?”eleperguntou,suavozbaixa.
TirandomeuolhardeDelano,eubalanceiacabe?a.“Estoubem.”
Seusdedospararam,eent?oeleabaixouam?o,pegandoosfios.“O
quevocêestavasonhando?”
“Ascriptas,”euadmiti,limpandominhagarganta.“Eu…eugritei?Oufala?”
“N?o,”eledisse,eeusilenciosamenteagradeciaosdeuses.“Vocêcome?ouasecontorcerumpouco.Vocêestavavacilando.”Elefezumapausa.“Querfalarsobreisso?”
Eubalanceiminhacabe?a.
Eleficouemsilêncioporalgunsmomentoseent?odisse:“Elessentiramvocê.Sentiutudooqueestavasonhando.TantoKieranquantoDelano.Elescontinuaramolhandoparatrásaqui,”elemedisseenquantomeuolharrastreavadevoltaparaosdoislobos.Elescorrerampeloch?o–
terrenoquen?oeramaist?omusgoso.“Delanocome?ouauivar.Foiquandoeuteacordei.”
“Eu…vocêachaqueéacoisaPrimal?”Euperguntei,meperguntandoseeurealmentetinhaouvidoavozdeDelano.Isson?ofaziasentidoporqueelerespondeuoqueeudissenomeusonho.
“OnotamPrimal?Euimaginoquesim.”
Inclinando-meparaCasteel,olheiparacima.Asárvoresestavamdiminuindoeeupodiavermanchasnocéuagorapintadasemtonsintensosderosaeazulprofundo.“JácruzamosoSkotos?”
“Nóstemos,”eleconfirmou.Oarn?oestavat?ofriocomoantesdeeuadormecer.
Continuamoscavalgando,océuescurecendoeaterrasobnóssesuavizandoesenivelando.Casteelafrouxouocobertoremvoltademimquandonoslibertamosdaúltimadasárvores,eoslobosrestantessaíramdenossoslados,juntando-seaogrupo.VireiacinturaeolheiparatrásdeCasteel,masestavaescurodemaisparaverasárvoresdeAios.
EunemqueriapensarnoqueaspessoasdeAtlantiasentiramquandoviramasárvoresmudarem.Meucora??otrope?ouenquantoeuolhavaparafrentenovamente,examinandooterrenorochosoeirregular.N?oreconheciaterra,emboraoarparecesseesquentaracadamomentoquepassava.
“Ondeestamos?”Eupergunteiquandoavisteiograndeloboprateadosemovendoàfrente.Jaspernavegoufacilmentepelaspedras,saltandodeumaparaoutraenquantoooutrolobooseguia
“SaímosumpoucomaisaosuldeSaion’sCove”,explicouCasteel.
“Maispertodomar,nasFalésiasdeIone.Háumantigotemploaqui.”
“Vocêpodetersidocapazdeverospenhascosdascamaras,”Naillaconselhouenquantoreduziaavelocidadedeseucavaloquandooterrenosetornavamaisirregular.“Masprovavelmenten?ooTemplo.”
“Esteéolugarondemeupaiestáesperando,eAlastirestásendomantido,”Casteelmedisse.
Sentei-memaisreto,pegandoocobertorantesqueelecaísseeseenroscassenaspernasdeSetti.Altosciprestespontilhavamapaisagem,engrossandoaolonge.Oarcarregavaocheirocaracterísticodesal.
“Podemospararaqui,oupodemosviajarparaaEnseadadeSaion”,disseCasteel.“PodemoslidarcomAlastiragoraoumaistarde.écomvocê.”
N?ohesitei,emboralidarcomAlastirsignificasseenfrentaropaideCasteel.“Nóslidamoscomissoagora.”
“Tem
certeza
que?”
“Sim.”
AlgosemelhanteaoorgulhopassoudeCasteelparamimquandoseuslábiostocaramminhabochecha.“T?oforte.”
ànossaesquerda,osomdeáguacorrentenosalcan?ou.Aoluar,aáguabrilhavadafacedasmontanhasSkotosecorriaatravés
alargafaixadeterra.Aáguacaiueseespalhoupelospenhascos,alcan?andoasrochasabaixo.
Asestrelasbrilhavamnocéuenquantoaluzondulantedenumerosastochassetornavavisívelatravésdasárvoresaltas,lan?andoumbrilhoalaranjadosobreosladoscomcolunasquaset?oaltosquantoociprestecircundante.
Kieranjuntou-seaopaienquantoelesdisparavamentreasárvores,correndoemdire??oaoslargosdegrausdotemplofechado.Aspessoasestavamnacolunata,vestidasdepreto,eeusabiasemperguntarqueaqueleseramhomensdeCasteeleGuardi?esdaAtlantida.Aquelesemquemeleconfiava.
Enquantovárioslobossubiamosdegraus,CasteeldesacelerouSetti.
“Provavelmenteveremosmeupaiprimeiro.Eleprecisaverquevocên?oascendeu.”
Eubalanceiacabe?aenquantoumaenergianervosaealgomaiscruzumbiadentrodemim.“Ent?onóscuidaremosdeAlastir,”Casteelcontinuou,obra?oemvoltadomeu
deslocamentodacintura.Suam?odeslizoupelomeuest?mago,deixandoarrepiosemseurastro.“EuconseguitudoquepossotirardeAlastirqueseráútilparanós,ent?ovocêsabecomoestanoitevaiacabar?”
Onervosismoseinstalouquandoaresolu??oseapoderoudemim.Eusabiacomoestanoiteterminaria.Adetermina??oseimpregnouemminhapele,abrindocaminhoemmeusossoseenchendoocentrodomeupeito.
Meuqueixoseergueu.“Comamorte.”
“Pelasuam?ooupelaminha?”eleperguntou,seuslábiosro?andoacurvadomeu
mandíbula.
“Minha.”
CasteeleeusubimososdegrausdoTemplodeSaiondem?osdadas.
QuaseduasdúziasdelobosrondavamacolunataenquantoJaspereKieranficavamnafrentedeportast?onegrasquantoocéuequaset?oaltasquantooTemplo.
AacidezdaincertezaeosabormaisfrescoecítricodacuriosidadesaturaramoarenquantoaquelesqueesperavamentreascolunasnotavamCasteeledepoiseu.OquequerqueCasteeltenhapercebidoqueeradiferentesobremim,elessentiramtambém.Euvinaformacomoos
Guardi?esseenrijeceram,suasm?osalcan?andosuasbainhaseent?oparandoquandosuascabe?asseinclinaramparaolado
enquantotentavamentenderoquesentiam.N?osentimedodenenhumdeles,nemdosGuardi?esoudosoutros.Euqueriaperguntaraumdelesoqueelessentiramquandoolharamparamim–oqueosfezprimeiroirparasuasespadas,masdepoisparar.Noentanto,oapertodeCasteelaumentouemminham?o,meimpedindodeiratéumadasmulheres–oqueeuaparentementeestavafazendo.
Ent?o,novamente,apenasosdeusessabiamcomoeuparecianomomentocommeucabeloencaracoladoebagun?ado,ascal?asebotasmuitojustaseacapadeCasteelsobreumatúnicaemprestadamuitogrande.
ErabempossívelquepensassemqueeueraumCraven.
Umdosatlantesdeuumpassoàfrentequandochegamosaotopodaescada.EraEmil,seucabeloruivomaisvermelhoàluzdatochaenquantoseuolhardeslizavadeCasteelparamim.Suasnarinasdilataram-sequandosuagargantaengoliuemseco.Seubelorostoempalideceuligeiramentequandoeleagarrouopunhodesuaespada,curvando-selevementenacintura.“Estoualiviadoemvê-loaqui,SuaAlteza.”
Eudeiumpequenoempurr?o.Ousodotítuloformalmepegouumpoucodesprevenidoeleveiummomentoparalembrarque,comoesposadeCasteel,esseeraomeutítuloformal.N?otinhanadaavercomtodaaquest?odaCoroa.“Assimcomoeu,”eudisse,sorrindo.OutraondadechoqueveiodeEmilquandoeleolhouparamimcomosen?opudesseacreditarqueeuestavaali.Considerandooestadoemqueestivedaúltimavezqueelemeviu,n?opoderiaculpá-loporisso.“Obrigadopelaajuda.”
OmesmoolharqueNaillmedeuantes,quandoeuagradeci,cruzouorostodoAtlante,maseleinclinouacabe?acomumacenodecabe?a.ElesevirouparaCasteel.“Seupaiestáládentroen?oestáexatamentefeliz.”
–Apostoquesim–murmurouCasteel.
UmladodoslábiosdeEmilsecurvouquandoNaillsejuntouanós.“E
nems?oospoucosatlantesemortaisqueencontraramseucaminhoaqui,tentandolibertarAlastir.”
“Ecomofoiisso?”Casteelexigiu.
“Foiumpouco…sangrento.”OsolhosdeEmilbrilharamàluzdatochaenquantoeleolhavaparaseupríncipe.“Aquelesqueaindaest?ovivosest?osendomantidoscomAlastirparasua…divers?o.”
UmsorrisotensoesombrioapareceuquandoCasteelinclinouacabe?aparatrás.“Alguémmaispercebeuquemeupaiestádetidoaqui?”
“N?o,”Emilrespondeu.“Suam?eeosGuardasdaCoroaacreditamqueeleaindaestácomvocê.”
“Perfeito.”
Casteel
olhou
para
mim.
“Preparar?”Euconcordei.
Emilcome?ouarecuar,masparou.“Euquaseesqueci.”Eleestendeuam?oparaoladoeporbaixodatúnica.EuendurecicomoestrondobaixodeavisoquandoJasperdeuumpassoàfrente,abaixandoacabe?a.Casteelsemexeulevementeaomeulado,seucorpoficandotenso.OAtlantelan?ouumolharnervosoporcimadoombroparaograndelobo.“Issopertenceaela”,disseele.“Estouapenasdevolvendo.”
Euolheiparabaixoparavê-loretirarumalamina–umaquebrilhavaemumtompretoavermelhadoàluzdofogo.Oarsealojounaminhagargantaquandoeleovirou,meoferecendoocabodeosso.Eraminhaadagadepedradesangue.AquelequeViktermepresenteounomeuaniversáriodedezesseisanos.Alémdasmemóriasdohomemquearriscousuacarreiraemuitoprovavelmentesuavidaparatercertezadequeeupoderiamedefender,eraaúnicacoisaquerestavadele.
“Como…?”Limpeiminhagargantaenquantofecheimeusdedosemtornodoossodelobofrio.“Comovocêencontrouisso?”
“Porpurasorte,euacho”,disseele,imediatamenterecuandoequaseesbarrandoemDelano,quesilenciosamentesearrastouportrásdele.
“Quandoeuealgunsoutrosvoltamosparaprocurarevidências,euavisobaárvoredesangue.”
Euengolionónaminhagarganta.“Obrigada.”
EmilassentiuenquantoCasteelseguravaoombrodoAtlante.Segureiaadaga,deslizando-asobacapaquevestiaenquantocaminhávamos,cruzandoaamplacolunata.Umjovememagroestavacontraaparede,equasen?oreconheciaslinhassombrias,suavesequasefrágeisdorostodeQuentynDa’Lahr.Elen?oestavasorrindo–elen?oestavatagarelando,cheiodeenergiacomoelenormalmenteestavaquandoveioemnossadire??ocompassoshesitantes.Nomomentoemquemeussentidosseconectaramcomsuasemo??es,ocheirodesuaangústiametirouof?lego.
Haviaincertezaneleeoazedumedaculpa,mastambémhaviaumatendênciadealgo…amargo.Medo.Meupeitoapertouenquantomeussentidosrapidamentetentavamdecifrarseseumedoeradirigidoamimou
…Ent?oeumelembreiqueeletinhaestadopertodeBeckett.Osdoiseramamigos.Elesabiaoquehaviaacontecidocomseuamigo?OueleaindaacreditavaqueBeckettestavaenvolvidono
ataque?Eun?otinhacerteza,masn?oconseguiaacreditarqueQuentynestavaenvolvido.Elen?oestariaaquiseestivesse.
OolharambarfriodeCasteelmudouparaojovematlante,masantesqueelepudessefalar,Quentynseajoelhou,curvandosuacabe?adouradadiantedenós.“Sintomuito”,disseele,suavozcarregandoumlevetremor.
“Eun?osabiaoqueBeckettiriafazer.Seeutivesse,euteriaparado—”
“Vocên?otemnadapeloquesedesculpar,”eufalei,incapazdepermitirqueojovematlantecarregasseaculpaquefoit?omalcolocada.
Percebiqueosoutrosn?odevemtersabidooquerealmenteaconteceu.
“Beckettn?oeraculpadodenada”.
“Masele…”Quentynergueuacabe?a,seusolhosdouradosúmidos.
“EleolevouparaasCamarase-”
“N?oeraele,”Casteelexplicou.“Beckettn?ocometeunenhumcrimecontraPenellapheoucontramim.”
“N?oentendo.”Aconfus?oeoalívioecoarampeloAtlanteenquantoeleselevantavavacilante.–Ent?oondeeleesteve,Alteza…querodizer,Casteel?Eleestacomvoce?”
Minham?oapertouadeCasteelenquantoomúsculoemsuamandíbulapulsava.“BeckettnuncasaiudeSpessa’sEnd,Quentyn.Elefoimortoporaquelesqueconspiraramcomseutio.”
Seosoutrostiveramalgumarea??oàmortedojovemlobo,eun?otinhacerteza.TudooquepudesentirfoiacrescenteondadetristezaquerapidamentesubiunoAtlantian,apósumgolpebrutaldenega??o.Suadorerat?ocruaepotentequeexplodiunoarsalgadoaonossoredor,engrossandoconformeseestabelecianaminhapele.OuviCasteeldizeraelequesentiamuitoeviQuentynbalan?andoacabe?a.Suador…eraextrema,eumapartedistantedemimseperguntouseestafoiaprimeiraperdarealqueeleexperimentou.Eleeramaisvelhodoqueeu,emboraparecessemaisjovem.Maspelosanosatlantes,eleaindaeramuitojovem.
Elelutouparan?omostrarsuador,pressionandooslábios,ascostasenrijecendodeformaanormal.EleestavatentandosecontrolarenquantoseuPríncipefalavacomele,eenquantooslobos,AtlanteseGuardi?esocercavam.Tristemente,eleestavaperdendoabatalhaenquantoaangústiapulsavaemondasporele.Seeleperdesse,Casteeln?oiriausarissocontraele,maseupodiasentirqueelequeriaservistocomovalenteeforte.Eeuodieiisso.Odiavaaquelesqueeramaindamaisresponsáveispeladorqueinfligiamaoutraspessoasepelasvidasquehaviamroubado.
Reagisempensar,apenasinstinto.Maistarde,euficariaobcecadocomtudoquepoderiaterdadoerrado,jáquen?otinhaideiadoquemeutoquefariaagora.Solteiminham?odadeCasteeleacoloqueinobra?odoAtlante.Seusolhosarregaladossefixaramnosmeus.Lágrimasagarraram-seaseuscílios.
“Sintomuito”,sussurrei,desejandoquehouvessealgomelhorparadizer,algomaisútil,maisinspirador.Masaspalavrasraramenteeramboasosuficienteparaaliviaradordaperda.Eufizoquesabia,aproveitandomeusmomentosfelizes–emo??escalorosaseesperan?osas.PenseiemcomomesentiquandoCasteeldisse
Eleestremeceuquandosentisuadoredescren?apulsaremintensamenteedepoisdesapareceremrapidamente.Apeleaoredordesuabocarelaxoueatens?oemseusombrosrelaxou.Eleexaloupesadamenteen?osentimaistristeza.Eusolteiseubra?o,sabendoqueoadiamenton?odurariaparasempre.Comsorte,issopoderialhedaralgumtempoparaaceitaramortedeseuamigoemparticular.
“Seusolhos”,sussurrouQuentyn,piscandolentamente.“Eless?oestranhos
–”Suasbochechascoraramsobaluzdatocha.“Querodizer,eless?omuitobonitos.Estranhodeumamaneirabonita.”
MinhassobrancelhasseergueramenquantoeuolhavaparaCasteel.
Aslinhaseangulosdeseurostosesuavizaram.“Elesest?obrilhando”,elemurmurou,inclinando-seligeiramente.“Naverdade,n?oétodooseuolhoqueé.”Suacabe?aseinclinouparaolado.“Existemraiosdeluz.Luzprateadaemtodaasuaíris.”
Olhosfraturados.
CasteelolhouparaondeKieraneDelanoesperavameviramoqueeufiz.
Olhosdeumazulpálidocomlistrasbrancasprateadasluminosas.
Olhoscomoosdamulherqueeuviemumsonhoqueeusabiaquen?oeraumsonho–amulherquehaviafaladocomigo.Cadapartedomeusernaquelemomentosabiaqueoqueelahaviaditoeraarespostaparatudo.
Capítulo13
Voltando-separamim,Casteelpegouminham?omaisumavez,levando-aàboca.“Elesn?oest?omaisbrilhando.”Eledeuumbeijoemmeusdedos,eesseúnicoatoalivioumuitoatens?oquejáestavarastejandoemmim.Elebaixouacabe?a,colocandoabocapertodaminhaorelhaenquantosussurrava:“ObrigadopeloquevocêfezporQuentyn.”
Eubalanceiminhacabe?aeelebeijoualinhairregulardepeleaolongodaminhabochecha.Mantendoseusdedosentrela?adosnosmeus,eleapontouparaosGuardi?es.
Doisavan?aram,colocandoasm?ossobreocora??oesecurvandoenquantocadaumseguravaama?anetadasportaspretas.Stoneraspouquandoelesosabriram.AluzdasvelasderramousobreacolunataenquantoJasperentrava,seupeloprateadobrilhandonaluz.SeufilhoedepoisDelanoseguiramenquantoCasteeleeuavan?ávamos,aadagadeloboaindapresaemminhasm?os,escondidapelacapa.Oslobosrestantesnosflanqueavam,fluindoaolongodasgrossascolunasquerevestemasquatroparedesdacamarainterna–colunasdepedranegrat?orefletivasquantoosTemplosemSolis.Euobserveioslobosvagarementreaquelespilaresbrilhantes,suasorelhasabaixadaseolhosdeumluminosoazuldeinvernoenquantoelesespreitavamacamara,circulandoohomemaltodeombroslargossentadoemumdosváriosbancosdepedraquerevestemocentrodoTemplodeSaiondecostasparanós.
–Pai,–Casteelchamouquandoaportasefechouatrásdenóscomumbaquesuave.
OReidaAtlantidaselevantoulentamente,comcautela,eent?osevirou,suam?ovagandoparaoladoondesuaespadaestariaembainhada.O
homemtinhasidodifícildelernaCamaradeNyktos,masagoraelen?otinhatantocontrolesobresuasemo??esquandoseuolharmudoudeseufilhoparamim.
Eledeuumpassoparatrás,suaspernasbatendonobancoatrásdele.
“Vocên?o…”Eleparouquandoumaexplos?odechoquegeladoesfriouminhapele.Seu
osolhosestavamarregalados,aspupilasdilatando-set?orápidoqueapenasumafinatiradeouroeravisívelenquantoeleolhavaparamim,seuslábiosseseparando.
Minhabocasecouenquantoeulutavacontraodesejodefecharmeussentidos.Euosmantiveabertosenquantoeledavaumpassoàfrente.Acabe?adeKieranvirouemsuadire??o,eumrosnadobaixoretumbouatravésdacamara,masopaideCasteelpareciaalémdeouvirquandodissecomvozrouca:–Vocêestavamorrendo.
Euestremecicomolembrete.“Euera.”
Fiosdecabeloclarocaíamcontraocrescimentoásperodecabeloaolongodesuamandíbulaebochechas.–Vocêestavaalémdesuasalva??o,–
elemurmurouenquantoKieranpareciarelaxar,recuando,emboraopaideCasteeldesseoutropassohesitanteemnossadire??o.“Euvivocê.Euvisuaferidaeoquantovocêsangrou.Vocên?opoderiasalvar,amenosque
“Eupegueioquerestoudosanguedelaedeiomeuaela”,disseCasteel.“éassimqueelaestáaqui.Euaascendi.”
“Mas…”OReipareciasempalavras.
Eurespireifundoeencontreiminhavoz.“Eupossoandarnosol
–nósrealmentecavalgamosodiatodo.N?osintofrioaotoqueetenhoemo??es”,disseaele.“En?osintonecessidadederasgaragargantadeninguém.”
OolhardeCasteeldeslizouparaomeuquandoumaleveemo??odedivers?omeatingiu.“Oque?”Eusussurrei.“Sintoqueénecessárioapontar.”
“Eun?odissenada.”
Euestreiteimeusolhosparaeleeent?ovolteiminhaaten??oparaseupai.“Oqueestoutentandodizeréquen?osouumvampiro.”
OpeitodoReiValynsubiucomumainspira??oprofundae,comessarespira??o,sentiseuchoquerecuaracadasegundoquepassava,tornando-semaisfraco.Masn?oacrediteiqueelesuperousuasurpresat?orapidamente.Eleestavaguardandosuasemo??es,escondendo-asondeeun?opudessealcan?á-lasfacilmente–fazendoamesmacoisaqueseufilhofaziaquandon?oqueriaqueeuconhecessesuasemo??es.Umapartedemim,nocentrodomeupeito,cantarolavacomenergiaequeriacavarnasparedesqueeleconstruiu,encontrarascosturasfrágeisesepará-las,expondo-N?o.
Eun?oqueriaisso.
Eun?oqueriaissoporumasériederaz?es,principalmentepelofatode
queseriaumaviola??omassiva.Sealguémmeexcluiu,esseeraseudireito.
Essaeraaúnicaraz?oqueimportava,maseunemtinhacertezasepoderiafazeralgoassim.
Seupaipigarreou,chamandominhaaten??odevoltaparaele.–N?oacreditoquevocêfezisso,Casteel.Elerecuouesentou-senobanco,esticandoumaperna.Eun?otenteilê-lo.“Vocêsabiaoquepoderiateracontecido.”
“Eusabiaexatamenteoquepoderiateracontecido”,Casteelvoltou.
“Euconheciaosriscosefariatudodenovo,mesmoqueelativesseascendido.”
Meucora??odeuumpequenosaltofeliz,masopaideCasteelpareciamenosdoqueimpressionado.“Vocêsabeoqueaqueleatofezaonossoreino–aonossopovo–eestavadispostoaarriscarissodenovo?”
“Sevocêachaqueoqueeufizfoiumchoque,ent?oprecisaentenderquefareitudoequalquercoisaporminhaesposa.”OolhardeCasteelsefixounodeseupai.“Nenhumriscoémuitogrande,nemnadaémuitosagrado.Porqueelaétudoparamim.N?ohánadamaiordoqueela,eeun?oquerodizernada.”
Meuslábiossesepararamemumainspira??oofeganteenquantoeuolhavaparaCasteel.Umapequenabolaconfusadeemo??essubiupelaminhagarganta.
“Eun?oduvidodisso,filho.Euestavaláquandovocêacordouepercebeuqueelahaviapartido.Eutevienuncateviassim.Eununcavouesquecerisso,”seupaidisse,eminhacabe?agirouemsuadire??o.Issofoiduasvezesagoraquealguémdisseisso.“Eeupossoatéentendersuanecessidadedeprotegê-la.Deuses,euentendoisso.”Elepassouam?opelorosto,parandoparaco?arabarba.“Mas,comoRei,n?opossoaprovaroquevocêfez.”
Am?odeCasteelescorregoudaminhaquandováriosdoslobosolharamparaorei.Umaespéciederaivafriaetotalmenteassustadorafermentoudentrodopríncipe
–otipoderaivaqueeuconheciafoiumadasraz?espelasquaiselepassouaserconhecidocomooEscuro.“Eun?osabiaquepediasuaaprova??o.”
Meucora??ogaguejouquandoseupaibufou.“Achoqueissoéóbvio,considerandoqueaescriturajáestáfeita.”
“E?”Casteeldesafioucomumavozmuitosuave.Muitocalmo.
Pequenoscabelosselevantaramportodoomeucorpoenquantominhapalmaficavaúmidaaoredordocabodaadagadelobo.Umagrandesensa??odecautelasurgiudoslobos.Elesficaramassustadoramenteimóveis.“Espere”,eudisse,semsaberseestavafalandocomelesoucomtodasascriaturasvivasnasala.“Casteelcorreuumriscoenorme,umque
muitosconcordariamqueelen?odeveriatercorrido,maselecorreu.
Acabou.
Eun?osouumvampiro.”Penseinafomedesanguequeexperimenteiaoacordar.“Ou,pelomenos,n?osoucomoosoutros.Eemboraelepossasermerecedordapalestra—”
SeupaiarqueouumasobrancelhaenquantoCasteelfranziuatestaparamim.“Pareceumpoucoirrelevanteagora”,frisei.
“Vocêestácerto,”ReiValyndissedepoisdeummomento.“Eleésortudo.Ouvocêé.Oueuetodooreinosomosporquevocên?oéumAscensionado.Issoeusei.Sevocêfosse,meufilhosabeoqueeuseriaobrigadoafazer.”Seuolharencontrouomeu.“Eeudigoquesabendoqueéaltamenteimprovávelqueeuchegasseatévocêantesqueesseslobos–
aquelesqueeuconhe?ohácentenasdeanos–meinvadissem.”Seuolharsedesviouparaodeseufilho.“Vocêteriacome?adoumaguerra,umaqueterianosenfraquecidoparaaamea?arealqueestánooeste.Vocêsóprecisasaberdisso.”
UmladodoslábiosdeCasteelsecurvoueeufiqueitensacomavis?odosorriso.“Euseioqueminhasa??esteriamcausado.”
“Eainda?”“Aquiestamos”,respondeuele.
Euinaleibruscamentequandosentiaqueima??oderaivaatravessarasparedesqueseupaihaviaconstruído.“Sim,aquiestamostodos,aparentementedeterminadosairritarumaooutro.Eun?o.Eun?oqueroirritarninguém–vocêsabe,apessoaquefoiatacadan?ouma,masduasvezesedepoisbaleadanopeitocomumabesta,”euretruquei,eambososolharesdelessevoltaramparamim.“E,noentanto,soueuquemtemquedizeravocêsdoisparadarofora.”
© Copyright Notice
The copyright of the article belongs to the author. Please do not reprint without permission.
THE END
No comments yet